Ações

(depoimento em 1787 - José Garcia)

De Atlas Digital da América Lusa

(depoimento em 1787 - José Garcia)

Geometria

[p.345v] José Garcia, morador no Distrito de Cai, e que vive da sua Estância, informa o seguinte.

Que sabe que o capitão Manuel José de Alencastre estivera preso por duas vezes nesta vila de Porto Alegre, sendo a primeira por ordem do Capitão Custódio Ferreira de Oliveira Guimarães, cuja causa ele informante ignora e a segunda por representação do mesmo capitão Custódio Ferreira, pelo motivo de querer um preto escravo do mesmo capitão Alencastre apartar no rodeio do capitão Custódio Ferreira um terneiro que dizia o dito escravo ser pertencente a seu senhor e duvidando-lhe entregar Manuel José de Oliveira, irmão do capitão Custódio Ferreira que ali se achava moveram-se algumas razões que obrigaram ao dito Manuel José querer fazer prender o dito escravo, o qual fugiu para casa de seu senhor, e que passados alguns dias mandara o capitão Custódio Ferreira ao rodeio do capitão Alencastre prender o dito escravo que ali se achava o qual tornando a fugir se recolhera a casa de seu senhor, e por este não querer entregar o escravo se lhe seguiu a segunda prisão que acima fica dito: que sabe que por ordem do provedor da Fazenda Real fora o furriel de Dragões Antonio do Couto e Silva com o meirinho da Provedoria aos potreiros do capitão Custódio Ferreira, e ali confiscaram certo número de bestas, suposto que ouviu dizer que se lhe tinham tornado a entregar por reconheceram serem de contrabando, o que ele informante não assevera: que sabe que alguns moradores do distrito do dito [p.346] do dito capitão Custódio Ferreira tem vendido as terras que possuíam e se tem mudado para outros distritos, mas que ele informante não sabe os verdadeiros motivos que os tem obrigado a estas mudanças: que sabe que o capitão Manuel José de Alencastre para evitar o seu precipício arrendara as suas fazendas e se passara para a freguesia do Triunfo, e deixando ali a sua família fora para a cidade do Rio de Janeiro: que sabe que o capitão Evaristo Pinto Bandeira passara pelo campo dele informante em uma ocasião conduzindo uma porção de bestas que ele informante não examinou se eram de contrabando, ou crioulas do continente , mas que tem ouvido dizer e é voz constante que o dito capitão Evaristo Pinto costuma conduzir animais de contrabando: que sabe que falecendo Antonio de Souza de Oliveira tio do coronel Rafael Pinto Bandeira, não declarara no testamento com que falceu um filho por nome Jacinto Nunes de Oliveira, havido de uma mulher livre, deixando por sua herdeira a uma sua sobrinha casada com o capitão Bernardo José Pereira, e irmã do coronel Rafael Pinto Bandeira, e a outros, e que querendo o dito Jacinto Nunes de Oliveira, anular o testamento e opor-se a herança não achara quem lhe quisesse patrocinar a causa, por ser contra um cunhado do coronel Rafael Pinto Bandeira, de quem tinham grande temor. E de tudo mais que foi perguntado por mim coronel comandante deste continente, respondeu nada sabia e para constar assinou comigo comandante em Porto [p.346v] Alegre aos vinte quatro de novembro de mil setecentos e oitenta e sete. Joaquim José Ribeiro da Costa João Gracia

Ficha técnica da Fonte
Autor: diversos
Data: 1787.
Referência: Códice 104. Volume 09. Secretaria do Estado do Brasil.
Acervo: Arquivo Nacional.
Transcrição: Tiago Luís Gil.
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