| Geometria |
Nicolau Cosme dos Reis, negociante nesta vila do Rio Grande, informa o seguinte.
Que sabe ter se confiscado por ordem do coronel Rafael Pinto Bandeira uma canoa de José Rodrigues da Fonseca mercador no norte deste Rio Grande e por ter ido a lagoa de Mirim ao contrabando, que não sabe o que se praticou com a dita canoa depois de confiscada e só lhe consta [p. 338] que a dita canoa tornou para o poder do mesmo José Rodrigues da Fonseca e ouviu dizer que fora por arrematação que dela fizera. Que sabe que o coronel Rafael Pinto Bandeira possuía várias canoas de diversas grandezas e que ouvira dizer que o dito coronel vendera uma destas a José Vieira da Cunha mas que não sabe por que preço, nem se houveram alguns ajustes particulares entre o vendedor e comprador. Que sabe ter confiscado o dito coronel Bandeira certa porção de couros pertencentes a José Vieira da Cunha, cujos couros já se achavam neste vila em casa do dito cunha; que não sabe se o dito Cunha deu algum dinheiro ao furriel da cavalaria ligeira fulano Figueiredo que comandava a guarda do beca, para lhe deixar passar os ditos couros, e só sabe por lhe dizer o Espanhol Pepe que o coronel Rafael Pinto Bandeira lhe tinha vendido uma canoa mas que não sabe por que preço nem se o ajuste foi feito para ser paga a dinheiro., ou em couros, e que sabe que o dito Espanhol Pepe conduzia publicamente para esta vila couros da campanha embarcados em canoas. Que sabe que estivera no porto desta vila uma chalupa do capitão Manuel José Pereira Cadernal, a qual navegava para a lagoa de Mirim, na condução de contrabando, mas que não sabe se o coronel Bandeira e seu cunhado capitão Bernardo José Pereira tinham interesse na dita chalupa. Que é certo ter vendido a ele informante, o tenente Vasco Pinto Bandeira, irmão do coronel Bandeira uma porção de couros da campanha a doze tostões cada um [p. 338v] com a obrigação de corre-lhe o risco da quintação o dito tenente, e que com efeito passaram livres, e que sabe que o coronel Rafael Pinto Bandeira tinha dado ordem ao almoxarife que quando fosse quintar couros confiscasse todos os que fossem da campanha e sem embargo desta ordem passaram livres os que ele informante comprou ao dito coronel Vasco Pinto Bandeira, assim como passaram outros muitos, mas que não sabe a razão, nem se o dito coronel Bandeira era sabedor disto. E de tudo o mais que foi perguntado por mim coronel comandante deste continente declarou nada sabia, e para constar assinou aos vinte e dois de outubro de mil setecentos e oitenta e sete.
Joaquim José Ribeiro da Costa Nicolau Cosme dos Reis
| Ficha técnica da Fonte | |
| Autor: diversos | |
| Data: 1787. | |
| Referência: Códice 104. Volume 09. Secretaria do Estado do Brasil. | |
| Acervo: Arquivo Nacional. | |
| Transcrição: Tiago Luís Gil. | |
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