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Bom Ie∫us (engenho/Passo de Camaragibe)

De Atlas Digital da América Lusa

Bom Ie∫us (engenho/Passo de Camaragibe)

Geometria

Coleção Levy Pereira


Bom Ie∫us

Engenho de bois com igreja plotado com o símbolo de igreja na m.e. do 'Camurijĩ' (Rio Camaragibe-AL).


Natureza: Engenho de bois com igreja.

  • Admite-se haver engano no símbolo desenhado no BQPPB: igreja. Deveria ter sido aplicado o símbolo de engenho de bois com igreja.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ.


Capitania: PARANAMBVCA.


Nomes históricos: Engenho de Baixo; do Meio; Bom Jesus (Bom Ie∫us; Bon JԐsus); Engenho de Bartolomeu Lins de Almeida (d'Almeida); Engenho de Cristóvão Lins; Engenho de João Lins.


Nome atual: possivelmente Povoado Bom Jesus.


Citações:

►Mapa PE-M (IAHGP-Vingboons, 1640) #39 CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, plotado com o símbolo de igreja ('kƐrkƐn'), e nome 'Bon JԐsus', na m.e. do 'Rº camariginÿ' (Rio Camaragibe).


►Mapa PE-M (BAV-Vingboons, 1640) Reg.lat.2106 fol 39 p 41r CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, plotado com o símbolo de igreja ('kƐrkƐn'), e nome 'Bon JԐsus', na m.e. do 'R. Camarigiŭi' (Rio Camaragibe).


►Mapa PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotada, símbolo de engenho, 'Bom Ie∫us', na m.e. do 'Camuriji' (Rio Camaragibe).


(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 80:

"ENGENHOS DE PERNAMBUCO

Em Porto Calvo

8, de João Lins;".

  • NOTA: João Lins de Vasconcelos.


(Dussen, 1640), pg. 161-162:

"ENGENHOS DE PERNAMBUCO

Na jurisdição de Porto Calvo

...

113) Engenho de Bartolomeu Lins d'Almeida, mói. São lavradores:

Baltasar Leitão de Holanda 25 tarefas

Francisco de Sousa Falcão 20

Salvador Pereira 6

Partido da Fazenda 12

______________

63 tarefas".


(4.VEL Y, 2011) - manuscrito de 1643-1649, pg. 148, citando-o como Engenho de Cristóvão Lins:

"Ao rio Santo Antônio Grande segue o rio Camaragibe também belo e diariamente navegado por barcos com 40 a 50 caixas de açúcar a duas léguas afastado do engenho; lugar em que os barcos vão carregar todos os açúcares dos engenhos de Camaragibe e que é chamado o Passo de Camaragibe(344). Os engenhos que por este rio exportam seus açúcares são três: os de Domingos Gonçalves Margaen(345), Cristóvão(346) Lins e Jácome(347) Lins, além de um quarto, propriedade de Jácome Lins que foi incendiado e destruído.

...

344 Passo de Camaragibe < Pas van Cambresijbe

345 Gonçalves Margaen < Gonsalves Masago

346 Cristóvão < Christaphois

347 Jácome < Jakoma, Jacom ".

  • NOTA: o engenho incendiado e destruído no vale do Rio Camaragibe é o Espírito Santo e Jácome Lins deve ser entendido como dona Jácoma Lins.


(Relação dos Engenhos, 1655), pg. 241:

"Engenhos da Vila do Bom Sucesso do Porto Calvo

...

- E o engenho de Camaragibe, em que está dona Jácoma Lins, vinte arrobas de branco, encaixado, posto no passo.".


(Diegues Jr, 1949), pg. 30-32:

"O primeiro proprietário do engenho de Baixo, de que há melhor referência, é Cristóvão Lins, o segundo deste nome, neto do povoador e chefe da restauração porto-calvense em 1645; parece também que o engenho de Baixo, depois do Meio, mais tarde engenho Bom Jesus, coube por herança ao segundo dos Cristóvão Lins da nossa história. Um documento de 1686 nos deixa ver que esse Cristóvão Lins deixou o então engenho de Baixo para sua mulher D. Brites de Barros Pimentel, que o doou a seu irmão, o Capitão José de Barros Pimentel.

Por outro documento, este de 1709, sabe-se que morto o Capitão-Mor José de Barros a propriedade do engenho, já chamado do Meio, passou ao Capitão de cavalos João Lins de Vasconcelos e sua mulher D. Inês de Almeida, esta filha daquele José de Barros Pimentel. A escritura, a que nos referimos, está assinada por Inês de Almeida; entretanto, como filha de José de Barros, que se tenha casado com João Lins de Vasconcelos, Borges da Fonseca registra D. Joana de Almeida, no título de «Barros Pimenteis», o que deve ser um lapso, pois no título dos Rocha Dantas já João Lins aparece casado com D. Inês de Almeida Pimentel, de cujo consórcio houve um filho, João Lins de Vasconcelos, mais tarde senhor do engenho do Meio, onde, de certo, deve ter sucedido a seu pai.

Como proprietário do engenho do Meio há notícia ainda do Capitão Antônio José Acióli, co-senhor e rendeiro, e do Capitão Joaquim José de Santana Lins; quando sob a propriedade destes dois, é que surgiu a luta entre os senhores de engenho e a Matriz de Camaragibe, acerca do patrimônio que fora doado a esta por José de Barros Pimentel, mais tarde restringido por João Lins de Vasconcelos e sua mulher (17).

A informação seguinte que temos sobre esse engenho é de 1797, quando ele foi a hasta pública, sete anos depois de o Ouvidor José de Mendonça de Matos Moreira haver reformado a sentença do Juiz Ordinário de Porto Calvo, para dar ganho de causa à Igreja. Ainda era chamado engenho do Meio, e foi arrematante D. Inês Teresa Caetana de Paiva, pela renda de 150 arrobas de açúcar traçado pagas anualmente na Casa de Purgar e encaixado. D. Inês deu como fiador seu irmão o Capitão Antônio José Acioli (18), provavelmente o mesmo antigo dono do engenho, e que foi também dono do engenho Carrilho. Supomos que o engenho de Baixo é o que figura como de Bartolomeu Lins na relação van der Dussen (1639) e como de João Lins no «Breve Discurso» (1638). Esta suposição se baseia no seguinte: D. Brites doou o engenho a seu irmão José de Barros Pimentel. Ela era, então, viúva de Cristóvão Lins II, que por sua vez era filho de Bartolomeu Lins, que àquela época seria o proprietário do engenho. Admitimos, ainda, que seja o mesmo conhecido no período holandês como «Camaragibe de Porto Calvo», pois nas suas terras foi que nasceu a povoação de Matriz de Camaragibe, já freguesia nos princípios do século XVIII.

...

Há outra circunstância a indicar. O engenho do Meio tinha a invocação religiosa do Espírito Santo, como se verifica da escritura em que o Capitão José de Barros fez doação de terra para o patrimônio da igreja do Senhor Bom Jesus. Examinando-se um mapa de Johanne Vingboons, baseado em planta do período de ocupação holandesa, encontra-se a localização do engenho Espírito Santo justamente no mesmo ponto do mais tarde engenho Bom Jesus; bem na proximidade do povoado Bom Jesus, do qual deveria ter recebido o novo nome, e que é a atualmente Vila de Matriz de Camaragibe. O engenho aparece no mapa com o nome de sua invocação religiosa. O que era comum tanto em mapas como em relações e outros documentos.

(17) "Um pouco de História: o Patrimônio do Senhor Bom Jesus de Camaragibe", in O Semeador, de Maceió, de 16 a 29 de novembro de 1927.

(18) Ms da coleção Bonifácio Silveira publicado na secção "Patrimônio Histórico", da Gazeta de Alagoas, de Maceió.".

NOTAS:

  • O Engenho Espírito Santo não deve ser interpretado como o Engenho Bom Jesus.
  • Conforme os mapas Vingboons, o 'Ɛ. Spirito Sanc' / 'Ɛ Spirito Sant.' (Engenho Espirito Santo) está situado, em relação ao caminho, entre o 'Bon JƐsus' / 'Bon JƐsŭs' (Engenho Bom Jesus) e o 'Ɛ. St. CristophƐ' / 'Ɛ St Chri∫topho' (Engenho São Cristóvão / Engenho Novo), e, no mapa de Marcgrave (BQPPB), o engenho 'Spirito Sanct' situa-se entre o engenho (plotado com símbolo de igreja) 'Bom Ie∫us' e o engenho 'Novo'.
  • (Margrave, 1640), ITINERÁRIO, pg. 201, cita que o caminho entre o Engenho Novo do Camury e o Engenho Espirito Santo é percorrido em 1/2 hora, que este engenho está "Inteiramente abrasado", e que o caminho entre esse engenho e o Engenho São João é percorrido em 1 hora. Omitiu a referência ao engenho Bom Jesus, possivelmente por percorrer a alça sul do caminho, pela margem do Rio Camaragibe, indo diretamente para o São João, deixando o Bom Jesus de lado, do outro lado de uma elevação.
  • A cidade que se desenvolveu na m.d. do Rio Camaragibe, próxima aos engenhos mapeados, é Passo de Camaragibe-AL. Não deve ser confundida com a Vila de Matriz de Camaragibe, atualmente a cidade de Matriz de Camaragibe-AL. O município de Matriz de Camaragibe-AL limita-se com o de Passo de Camaragibe, e situa-se, em relação a Passo de Camaragibe, a montante no Rio Camaragibe.
  • Quanto à cidade de Passo de Camaragibe, sita na m.d. do Rio Camaragibe, ter-se desenvolvido em terras desse engenho sito na sua m.e., deve-se considerar a evolução da posse das terras na sua m.d., onde os mapas Vingboons plotam o engenho 'ƐRocha' (Engenho Rocha), do qual ainda não se encontrou outras referências.


(Cabral de Mello, 2012):

@ pg. 139, Os engenhos de açúcar do Brasil Holandês, I - Capitania de Pernambuco, Porto Calvo:

«8) BARTOLOMEU LINS DE ALMEIDA, ENGENHO DE. Invocação Bom Jesus, como registra Golijath. Sito à margem esquerda do Camaragibe. Engenho d'água. Fundado por Cristóvão Lins, já moía em 1593, pagando de pensão vinte arrobas de açúcar branco, encaixado e posto no passo. Incendiado pelos holandeses em 1636. Quando da ocupação, era seu proprietário Bartolomeu Lins, filho de Cristóvão, o qual, tendo se retirado para a Bahia, regressou a Pernambuco, readquirindo a propriedade em 1637, em sociedade com d. Adriana de Almeida Lins, sua mãe, e d. Jerônima de Almeida, sua sobrinha, pela quantia de 16 mil florins, em cinco prestações anuais. Em 1639 moía, com três partidos de lavradores que, com o partido da fazenda (doze), perfaziam 63 tarefas (3150 arrobas). Em 1645, Bartolomeu contratou com a WIC a encampação da sua dívida, altura em que devia a comerciantes particulares 37146 florins. "A bolsa do Brasil" não critica o contrato, pois "d. Maria é rica e os seus dois fiadores podem ser aceitos como garantes daquela soma". Bartolomeu subornara as autoridades governamentais com 1,5 mil florins em dinheiro e 3 mil florins em ordens. Em 1655, continuava a moer "o engenho de Camaragibe, em que está d. Jácoma Lins".(110)».

@ pg. 187, Notas:

«(110) DP, p. 423; RPFB, p. 206; FHBH, I, pp. 30, 80, 161-2, 241; II, 181, 196; RCCB, p. 60; DN, 10.VII.1637; "Vercochte engenhos", ARA, OWIC, n. 54; MDGB, p. 227; VWIC, IV, p. 162; BB, p. 142; NP, I, pp. 107-8; Diégues Jr., O bangüê nas Alagoas, p. 30.».






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Bom Ie∫us (engenho/Passo de Camaragibe)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Bom_Ie%E2%88%ABus_(engenho/Passo_de_Camaragibe). Data de acesso: 24 de abril de 2024.


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