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Camboa de Barraca

De Atlas Digital da América Lusa

Camboa de Barraca

Geometria

Coleção Levy Pereira


Camboa de Barraca

Camboa ao sul do 'Rio dos Afagodos (n.)' (Rio dos Afogados).


Natureza: camboa.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ.


Capitania: PARANAMBVCA.


Nomes históricos: Camboa de Barraca (Camboa da Barreta; Camboa do Rio da Barreta; Camboa ᵭBarraca).

  • Barreta = Popitango (Popitanga) - vide nota abaixo.


Nomes atuais:

  • parte leste, que se comunicava com o oceano no século XVII, foi aterrada.
  • parte oeste, ainda é manguezal ou camboa e está inserida no Parque dos Manguezais.


Notas:

  • O rio conhecido no século XVII como Rio da Barreta (Nome atual: Rio Jordão - Riacho do Pina) formava a Camboa da Barreta e teve no século passado seu curso desviado para desaguar diretamente no Rio dos Afogados, e o leito do rio próximo à foz e que corria paralelo à linha de recifes, assim como a área da camboa próxima ao mar, foram aterrados, e a área urbanizada, constituindo atualmente parte dos bairros de Brasília Teimosa e do Pina, cidade do Recife-PE.
  • Próximo à 'Camboa de Barraca' situava-se o Passo da Barreta (passo de açúcar).

Citações:

►Mapa PE (Albernaz, 1626/1627), não há representação da camboa, porem é representado o rio que a forma, sem nome, foz próximo a 'Barreta' (abertura na linha de recifes) e ao sul da 'Barra dos Arrecifes'.

►Mapa REC (Albernaz, 1626/1627), não há representação da camboa, todavia, é representada a 'Barreta' (abertura na linha de recifes).

►Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, não plotada, contudo, está assinalado o Passo da Barreta, sem nome, junto a 'Pta. BarrԐtto.' (ou 'Rº. BarrԐtto.' - primeira letra pouco legivel na imagem que dispomos).

►Mapa IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 CAPITANIA DE I. TAMARICA, não plotada, contudo, está assinalado o 'Pass' (Passo da Barreta) junto a '∂. BarrԐtto.' (primeira letra pouco legivel na imagem que dispomos).

►Mapa Y-41 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Cabo St. Augustijn ende hoeck van Pommarel, desenhados o rio e a camboa, sem nomes, com o passo 'Baretta' assinalado na m.d. .

►Mapa PC (Golijath, 1648) "Perfecte Caerte der gelegentheyt van Olinda de Pharnambuco MAURITS-STADT ende t RECIFFO", desenhada, formada pelo 'Rio de Barretta', em cuja m.d. esta o 'Pas aen de Barretta ahvaer de Suyckeren worden uf ye∫cheepe'.

►Mapa ASB (Golijath, 1648) "Afbeeldinge van drie Steden in Brasil", desenhada, formada pelo 'Rio da Barretta', em cuja m.d. esta assinalado o Passo da Barreta com o numeral 1, que na 'Vor∂er Verklaringe ∂eser Caerte' é explicitado como '1. De pas aԐn∂e Barretta Sÿn∂e ԐԐn plante waer ∂e Suÿckeren roor∂Ԑn afgԐscheept'.

►Mapa PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, desenhada, 'Camboa ᵭBarraca'.

(Margrave, 1640), ITINERÀRIO, pg. 199, informa:

- o percurso do Rio Itaipió (Tigipió) à passagem no Rio Camboa da Barreta é percorrido em 1/2 h;

- passava-se a vau o Rio Camboa da Barreta na baixa-mar;

- o percurso do Rio Camboa da Barreta à Casa do Leite ('Melkhuys') é percorrido em 3/4 h.

(Câmara Cascudo, 1956), pg. 184:

"Na costa há Nossa Senhora da Candelária, Camboa da Barraca, ponta de Mariapoço, Paranambuca e Olinda.".

(Pereira da Costa, 1903) faz referências ao Passo da Barreta, que ficava á margem dessa camboa:

@ Volume 3, Ano 1646, pg. 283:

"Como vimos, por documentação que encontramos, ficava o passo ou trapiche situado à margem de uma camboa, que como se colhe do Roteiro de Vital de Oliveira, é o Riacho do Pina, antigamente chamada Rio da Barreta, formado pelas águas do mar e pelas do Rio Jordão, que nasce nas abas dos montes Guararapes, cujo riacho, tendo hoje a sua foz obstruída, corria, porém, na direção SSO, com as suas margens cobertas de mangues, e que outrora, com a enchente alta, subiam canoas até o lugar denominado Trapiche, meia légua acima da dita foz, tendo-se assim perfeitamente determinado o local do passo, de que aliás não resta o menor vestígio.".

(Gonsalves de Mello, 1986), pg. 88-89:

"(18-A) Dierick Ruiters, Toortse der Zee-Vaert (Vlissingen, 1623) p. 47. Consultamos um dos raríssimos exemplares desta obra. que pertenceu ao Embaixador Joaquim de Sousa Leão, filho. O Rio do Extremo é, sabidamente, o Rio Jaboatão. Popitango, segundo Ruiters, era um riacho, pois diz que de Olinda "duas milhas para o sul está um pequeno rio para barcos chamado Popitango, aonde estão muitos [veel] engenhos de açúcar": livro e p. cit. Nessa distância e com os muitos engenhos, Popitango não pode ser outro senão o Rio Capibaribe. Entretanto, uma "Descrição da costa de Olinda para o sul" que se encontra na obra de De Laet, Iaerlyck Verhael, 2a. ed. 4 vls. (Haia 1931-37) II p. 187 diz o seguinte: "uma milha ao sul do Recife há uma abertura que pelos portugueses é chamada Popitango, cuja entrada tem 4, 5 e 6 braças de profundidade, mas muito estreita, pelo que, em razão da correnteza que aí entra e sai, só deve ser utilizada com águas tranqüilas. Uma boa milha ao sul desta abertura está um grande cabo que os portugueses denominam Cabo de Pero Cabarigo". Aqui o topônimo já não é o de um rio, mas um pequeno ancoradouro no litoral entre o Recife e o Pontal de Candeias, com o qual se tem identificado o Cabo de Pero Cabarigo (há variantes dessa denominação). O Roteiro de Todos os Sinais na Costa do Brasil (cerca de 1586). de Luís Teixeira (Rio 1968) p. 24, menciona "uma terra grossa ao longo do mar que se chama Capitanga", localizada entre a Vila de Olinda e o Cabo de Santo Agostinho. Luís Serrão Pimentel na Prática da Arte de Navegar (1673) editada em Lisboa, 1940, pg. 139, escreve que ao norte do Cabo de Santo Agostinho está "uma ponta de terra grossa que não deita muito ao mar, é toda coberta de arvoredo multo espesso... e a esta ponta chamam o Cabo de Pero Cabarigo". Assim. Popitango-Capitanga pode ser o próprio pontal de Pero Cabarigo ou o pequeno ancoradouro da praia da Candelária, depois chamada das Candeias, ou, ainda, o da praia da Piedade. Dos ancoradouros referidos o mais importante era o das Candeias, onde veio ter a nau portuguesa da carreira das Índias, São Pedro (1594). A respeito ver, de Vital de Oliveira, Descricão da Costa do Brasil ... e de todas as barras, portos e rios do litoral da Província de Pernambuco (Recife 1855) p. 54 e o Roteiro da Costa do Brasil cit.. p. 177. Sendo assim os engenhos seriam os da região de Guararapes-Muribeca.".


Notas:

Salientando-se que houve muita intervenção antrópica na Camboa e na Barreta - a barreta foi totalmente fechada e o riacho teve seu baixo curso e sua foz no oceano aterrados, com esta redirecionada para o Rio dos Afogados, propõe-se interpretar Popitango relacionando-o com a Barreta e ao Rio da Barreta, incluindo a Camboa - isso não contradiz nenhuma das referências primárias citadas por Gonçalves de Mello.

Reforçando essa interpretação cita-se a "Descrição do Brasil desde o Recife de Pernambuco ao sul até o Rio São Miguel", pelo capitão Willem Jansz, em (Laet, 1637), pg. 168:

"Pernambuco fica 8 graus ao sul da linha. Uma pequena légua ao sul encontra-se o Recife, ou seja o porto de Pernambuco. Uma légua ao sul do Recife há uma passagem chamada Popitanga; na entrada há 4, 5, 6 braçadas de profundidade, mas é muito estreita, de maneira que pela forte corrente que por ela sai e entra só se deve passá-la na maré morta. Uma grande légua ao sul desta passagem encontra-se um cabo grande e rugoso, chamado pelos portugueses de Cabo de Pero Cabarigo.".






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Camboa de Barraca". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Camboa_de_Barraca. Data de acesso: 29 de março de 2024.


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