Ações

PROBLEMA VI - Saber a altura de qualquer corpo por meio da sua sombra

De Atlas Digital da América Lusa

PROBLEMA VI - Saber a altura de qualquer corpo por meio da sua sombra

Geometria

Saber a altura de qualquer corpo por meio da sua sombra

Suponho que queremos saber a altura de uma Torre, ou campanário, ou de alguma obra de fortificação. Tomaremos um bastão direito, ou espadim, ou outra qualquer coisa, de que devemos saber a justa medida em palmos, e polegadas, e poremos o pau, ou espadim perpendicular sobre a terra. Isto feito, meça-se com toda a presteza o comprimento da sombra, que faz o pau, ou espadim, e também o comprimento da sombra do Baluarte, Torre, ou campanário, e se fará destas três medidas uma regra de três: dizendo, se tanto comprimento de sombra veio da altura do pau, ou espadim tanto [160] ... comprimento do Baluarte, ou campanário de que altura virá? E sairá em quarto lugar da regra de três a altura buscada.

Disse que se deviam medir as sombra com presteza, porque estas sempre vão diminuindo até que o sol chega ao Meridiano, e daí vão sempre crescendo até o Ocaso; e por essa razão será mais ajustada esta prática, se a operação se fizer pouco antes, ou pouco depois do meio dia.

O mais seguro para quem lhe for necessário usar desta pratica, é o por promptamente dois finais,, ou riscas nos extremos das sombras, e depois medir as distancias muito de seu vagar; e deve-se advertir que da medida do pau, espada, ou outra qualquer coisa, de que se servir, se há de descontar o que cravar na terra para se sustentar. [161] Este Problema aplicado as obras de Fortificação é fácil de resolver quando a Praça é revertida com cunhais de cantaria nos ângulos; porque como as pedras ordinariamente são lavradas com uma mesma altura, medindo uma, e contando todas, como é fácil, sem que ninguém o sinta; não tem mais do que ajuntar a estas medidas o cordão, que ordinariamente tem um pé, e o revestimento do parapeito, que de ordinário são quatro pés, para ter toda a altura.

Se os Baluartes nãos ao revestidos, (o que no nosso reino só se acha em fortes de campanha, ou em algumas obras antigas de formigão) desviado das muralhas se tome um fio com um plumo entre os dois dedos da mão direita, e se ponha, nem muito perto, nem muito longe do olho de sorte, que o raio. [162] ... visual, que passar pelo extremo superior do fio, se termine no alto do parapeito em parte sinalada como ângulo, ou canhoneira; e o raio visual, que passar pelo plumo, se termine ao pé da muralha: e logo sem mudar o ponto de cima, nem mover a cabeça, corra com a vista o parapeito horizontalmente, e note aonde o raio visual se termina nele, porque sempre nas obras desta qualidade crescem ervas, ou se acham coisas, que se possam notar: feita esta observação da parte de fora, entrando na praça, se medira a passos a distancia entre a parte, onde se terminava o raio perpendicular, e a parte ou final, em que se terminava o raio horizontal; e esta distancia será igual a altura da muralha, o que é mais fácil de demonstrar, do que de reduzir a prática.

[163] A melhor regra para medir a altura das muralhas sem instrumentos é o juízo prudencial do Engenheiro, as suas experiências, e muita prática; porque os que a tem para estes casos, em que não é necessária tanta exacção[SIC], facilmente julgam das distancias, que querem saber, pelas que tem sabido.

Quando o Engenheiro for mandado a reconhecer uma praça, antes de se lhe por sitio, não só de vê dar ao Príncipe, ou ao General uma representação da figura da praça, e mais miudamente da parte, por onde lhe parece deve ser atacada: mas também para lhe dar conta, deve observar o numero da sua guarnição, a qualidade dos Soldados, o caráter dos oficiais maiores, o modo de meter a guarda, as horas a que se rende, o animo da guarnição, e paisanos, e o [164] estado da Praça pelo que respeita aos viveres, e munições; e sobre tudo se tem casernas, a prova de bombas, ou abobadas para evitar Oe feito, que elas fazem, e em que parte está o armazém, ou armazéns da pólvora.





Ficha técnica da Fonte
Autor: Manuel de Azevedo Fortes
Data: 1722.
Referência: ..
Acervo: Biblioteca Nacional de Portugal.
Transcrição: Carlos Antonio Pereira de Carvalho.
link principal no BiblioAtlas: Tratado do modo o mais facil, e o mais exacto de fazer as cartas geograficas