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Parapĩtinga ou Rio de S.Francifco

De Atlas Digital da América Lusa

Coleção Levy Pereira


Parapĩtinga ou Rio de S.Francifco

Parapĩtinga ou Rio de San Francifco

'Rio S. Francifco' no MBU.

Rio com barra no Oceano Atlântico, separando a 'Capitania de PARANAMBVCA' da 'Capitania de CIRÎÎĬ'.


Natureza: rio.


Mapas:

PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS MERIDIONALIS;

PRÆFECTURA DE CIRÎÎĬ, vel SEREGIPPE DEL REY cum Itâpuáma.


Capitanias:

PARANAMBVCA;

CIRÎÎĬ.


Nomes históricos: Parapĩtinga; Rº. ∂Ԑ ƒrancisco; Rº. St. ƒrancisco; Rio de San Francifco; Rio S. Francifco; Rio de S.Francifco; Rº: St. francisco:; Rio de S. frco; Rº Francisco.


Nota: a letra f gótica é interpretada como a letra s (esse).


Nome atual: Rio São Francisco.

Citações

►Mapa RSF (Albernaz, 1626/1627) RIO DE SÃO FRANCISCO, plotado, assinalado com a letra A, 'A - Barra do Rio de S. frco. com 2 braças', curso desenhado da barra até 'FF - 'Sumidouro do Rio de S. frco.' (Cachoeira de Paulo Afonso).

Há muitos detalhes de interesse histórico nesse mapa, como ilhas, rios afluentes, lagoas, serras da região, portos, mina de salitre, cachoeiras (corredeiras no entendimento atual) e sumidouro (cachoeira no entendimento atual).

►Mapa BA (IAHGP-Vingboons, 1640) #36 CAPITANIA DO BAHIA DE TODOS SANCTOS, plotado, 'Rº Francisco' (Rio São Francisco), barra ao sul da 'Pª. ∂Ԑ wypԐua.' (Pontal do Peba), e ao norte da 'St. Isabell.' (Igreja de Santa Isabel, no litoral de Sergipe).

►Mapa BRASILIA (IAHGP-Vingboons, 1640) #38 CAERTE VAN BRASILIA plotado, 'Rº. ∂Ԑ ƒrancisco', foz entre a 'ß. ∂Ԑ Caratuba.' (Barra de Garatuba) e a 'Pta. ∂Ԑ wypԐna' (Pontal do Peba).

►Mapa PE-M (IAHGP-Vingboons, 1640) #39 CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, plotado, 'Rº. St. ƒrancisco', foz entre a 'ß. ∂Ԑ Garatuba' (Barra de Garatuba) e a 'Pta. ∂Ԑ wypԐua' (Pontal do Peba).

►Mapa Y-25 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Rio Vassabara ende Rio St. Antonij Mimijn, plotado, 'Rº: St. francisco:', foz entre 'garitoebŭ:' (Barra de Garatuba) e a 'Pº. wÿpeva:' (Pontal do Peba).

(Sousa, 1587), pg. 60-61:

"Deste rio do Currurupe até o rio de São Francisco são seis léguas.

Da ponta da barra Currurupe, contra o Rio de São Francisco se vai armando uma enseada de duas léguas, em a qual bem chegados à terra, estão os arrecifes de D. Rodrigo, onde também se chama o porto dos Franceses por se eles costumarem recolher aqui com suas naus à abrigada desta enseada, e iam por entre os arrecifes e a terra, com suas lanchas, tomar carga do pau de tinta no rio de Currurupe.

... A terra que há por cima desta enseada até perto do rio de São Francisco é toda alagadiça, cuja água se ajunta toda em uma ribeira, que se dela faz, a qual vai entrar no rio de São Francisco até o porto das Pedras nor-nordeste su-sudoeste, e toma da quarta de norte sul.".

(Verdonck, 1630), pg. 35-36:

"§ 1.° - Rio São Francisco. Em primeiro lugar, a jurisdição de Pernambuco estende-se até o Rio São Francisco, cerca de 40 milhas (*) para o sul; nessa região os poucos habitantes, quase todos pastores, vivem unicamente de bois e vacas, para a criação dos quais a terra se presta muito, havendo ali grande quantidade desses animais; fazem também ali bastante farinha, pescam muito peixe e plantam também muito fumo; encontra-se igualmente algum pau-brasil, mas pouco açúcar e todas essas mercadorias são trazidas anualmente de uma vez para Pernambuco; à beira-mar tem-se achado freqüentemente muito âmbar.

No mesmo Rio São Francisco foi igualmente encontrada, há cerca de 12 anos, uma mina de prata, ..."

(Laet, 1637), Interrogação de Bartolomeu Peres, e situação ao redor e perto de Pernambuco, tanto ao sul como ao norte, pg. 130 e 133:

"Duas léguas além está o rio Coruripe com 7 pés de profundidade. ...

Cinco léguas além está o Rio São Francisco. Não esteve nunca lá, mas conhece bem a terra dessa zona. Segundo ele, esse rio contém muita água, porque nele entram navios grandes, e os barcos até 40 léguas. Terra adentro não há engenhos. Lá se seca muito pescado, que é mandado para Pernambuco; também se cultiva muito tabaco. Nessas vizinhanças mora alguma gente, mas pouca.".

(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 78:

"PORTOS DE PERNAMBUCO

Os seus portos principais, próprios para abrigar navios grandes, são: ... e Rio São Francisco, o qual, apesar de ser um grande rio, não tem barras ou portos capazes.

...

Os rios que regam esta Capitania (em parte acima nomeados), são os seguintes: o São Francisco, grande e belo rio, sempre abundante d'águas, principalmente no verão, quando, aliás, não chove e os demais rios desta costa minguam, e até alguns ficam inteiramente secos. Em alguns lugares o São Francisco mede 300 roeden (*) de largura, e no verão inunda todas as terras baixas, o que os portugueses explicam, dizendo que ele deve ter as suas origens a algumas cem milhas para o interior, procedente de alguns montes altos e continuamente cobertos de neves, e como essas neves se fundem no verão, resulta daí uma grande enchente que faz o rio transbordar nessa estação.

Cerca de seis milhas ao Norte do São Francisco fica o Coruripe; ... ".

(Gonsalves de Mello, 1985), pg. 78:

"(*) Medida de comprimento, da qual as mais comuns na época eram: roede renano = 3,7674 m e roede de Amsterdam = 3,6807 m. ".

(Dussen, 1640), pg. 140:

"RIOS DE PERNAMBUCO

Além dos que já foram referidos acima, ainda há, na extensão do litoral de Pernambuco, muitos rios navegáveis em ambas as direções para barcos costeiros, a saber: ... e São Francisco, o qual, se bem que seja um grande rio, sofre grande pressão do mar, o que acarretou a formação na sua barra de um banco de areia seco. Daí para dentro é rio. de muita água, extenso e largo, contando diversas e férteis ilhas, tanto grandes como pequenas, onde pasta muito gado. A sua nascente e a região de onde provém são desconhecidas. No inverno, quando mais chove naquelas regiões, é que o rio conta com menos água, mas no verão, quando há seca, as suas águas crescem e inundam todas as terras baixas. O que parece indicar que a sua nascente está muito ao Sul, em altos montes gelados, cuja neve derretendo-se com o calor do verão, causa a enchente no rio.".

(Margrave, 1648), Livro VII - Que trata da própria Região e dos Indígenas, Capítulo II - Breve descrição do Rio S. Francisco e ..., pg. 263:

"O Rio S. Francisco, agora fechando o limite entre a capitania de Pernambuco e a Baía de Todos os Santos, é particularmente célebre; acredita-se, porém, originar-se da parte íntima deste Continente, e com efeito, naquele lago celebrado pelos discursos de muitos, que recebe todos os rios e correntes das altíssimas montanhas do Perú, lançados em direção do oriente, e desagua por meio de rios enormes no oceano, em primeiro lugar o Rio de La Plata, sobre o qual não se duvida; agora dos nossos Marahaon. Pois embora a nascente ou origem deste rio ainda não tenha sido examinada por ninguém, contudo uma razão evidente parece claramente demonstrar isto, pois que pelo contrário os outros rios que nesta extremidade do Brasil desembocam no oceano nos meses estivais, nos quais aqui as chuvas muito raras e escassas tanta abundância de ondas apresenta, que suas águas algumas milhas no mar ainda são retiradas doces. Os nossos ultimamente, em anos anteriores, subiram este rio rapidamente até quase quarenta milhas onde era ainda bastante largo e profundo. Segundo outro testemunho dos Indígenas e dos Lusitanos, dizem existir cerca de cincoenta milhas do mar e lançar-se precipitadamente o mesmo de altíssimos penhascos ou cataratas, Cacoeras chamam, e desta maneira os que vêm do mar não podem subir até eles na parte mais elevada. Acima das cataratas o leito do rio se dirige em seguida ao Vento Noroeste, algumas milhas, depois segue um grande lago. no qual estão esparsas muitas ilhas ameníssimas, que são habitadas pelos bárbaros, assim como as margens de todo o lago. Ora, no mesmo lago são recolhidas areias auríferas e, na verdade, os habitantes possuem grande quantidade de ouro, mas vilmente avaliam. Este, porém, das rochas auríferas que se acham em direção do Peru, é levado atritado em enormes torrentes para o lago. Além disso aqui é encontrada uma grande quantidade de ótimo nitro, que pelo prefeito da Baía um dia tinha sido procurado, narrava certo Sacerdote Lusitano, nem frívolo, nem de nenhum modo ignorante; que ele mesmo afirmou aos nossos ter visto aquele nitro. Absolutamente não é duvidoso se devam os nossos se dar ao trabalho, de modo que estas cousas prossigam numa pesquisa segura.".

(Bullestrat, 1642), relatando suas atividades em dezembro de 1641, pg. 164:

"Dia 29, saímos do rio para o mar e à noite chegamos nas proximidades do Rio São Francisco e lançamos âncora para não derivar. Verificamos que a água do rio se estende mar a dentro 5 ou 6 milhas e pode ser reconhecida.

No dia 30 do mesmo, por volta do meio dia, começamos a subir o rio e ao entardecer chegamos próximo à ilha de Belquior Álvares e não pudemos nos aproximar por falta de vento e pela forte correnteza que saía rio afora.

No dia 31 chegamos ao forte Maurício sendo ali bem recebido pelo Sr. Conselheiro Político Abraham Struys, juntamente com oficiais militares. ".

(Nieuhof, 1682), pg. 32-33:

"O Rio São Francisco, o mais extenso e o de maior volume daquelas regiões, constitue a linha divisória entre as capitanias de Pernambuco e Baía de Todos os Santos. É tão largo em alguns pontos que uma peça de seis libras com dificuldade o atravessaria. Há lugares em que sua profundidade atinge 8, 12 e por vezes 15 varas. Apesar disso não é navegável para navios de carga, em vista de estar sempre atulhado de areia o seu estuário.

Acredita-se que tenha origem em um certo lago, o qual, grandemente aumentado pelos riachos que descem das montanhas do Peru, e, especialmente pelo Rio da Prata e pelo Rio Maranhão, procura expandir-se para o mar. Alguns companheiros nossos subiram-no numa chalupa cerca de 40 léguas, achando-o sempre bastante largo e profundo. A darmos crédito aos portugueses, existem, a 50 milhas do mar, certas cataratas intransponíveis a que chamam cachoeiras. Para além delas o rio vai para o norte, até que chega à sua nascente no lago, onde há ilhas amenas habitadas pelos bárbaros que também povoam suas margens. Encontram-se boas jazidas de ouro em pó nesse lago, que não são, porém, da melhor qualidade, supondo-se formadas pelos inúmeros riachos que lavam as rochas auríferas do Peru e que ali deságuam. Há, também, excelente salitre na região.

É de se notar que no verão e nos meses de inverno, quando raramente chove, apresenta-se este rio muito mais caudaloso que na estação chuvosa. A razão para tanto está na imensa distância das cabeceiras originárias onde a água das chuvas que caem nas montanhas é absorvida e canalizada pelos inúmeros riachos. Todos os outros rios próximos do Recife ficam tão vazios durante o verão, que se tornam inteiramente impraticáveis para a navegação.

As cristas das serras que correm não muito longe do litoral, despejam suas águas, aqui como no Peru, em direção ao Poente, dividindo-as em duas bacias: a primeira que corre para o norte e se junta aos grandes e rápidos rios de Maranhão e das Amazonas; e a outra que demanda os rios São Francisco, da Prata e de Janeiro. As águas desses rios que se avolumam consideravelmente com a contribuição de inúmeros afluentes, lançam-se no oceano com tal impetuosidade que, não raro, os marinheiros encontram água doce no mar a distâncias consideráveis de terra.

O aumento de volume deste rio, durante a estiagem, talvez possa ser atribuído ao degelo da grande quantidade de neve das montanhas que chega a fazer que o rio transborde de seu leito natural. Neste particular, é ele bem diferente dos outros rios que geralmente extravasam no inverno.".

  • Nota: há trechos nesta descrição cuja fonte é (Margrave, 1648), acima citado.

(Câmara Cascudo, 1956):

@ pg. 152:

"As sessenta léguas de Duarte Coelho, na costa do Brasil, corriam do Ryo de Sam Francisco que he do cabo de samto Agostinho pera ho sull, e vinham ao Rio que cercava, em redondo, toda a ilha de Itamaracá. A longitude seria a linha de Tordesilhas, raia convencional que nunca se fixou.".

@ pg. 153:

"Seria o rio S. Francisco uma das balizas principais nos informes náuticos da época. Em 1511 aí passa a nau Bretoa, rumo ao Cabo Frio, carregar ibirapitanga e papagaios verdes. A terra alagoana daria, apenas e inicialmente, campo às lutas dos Caetés com os Tabajaras, para subseqüente pouso dos "senhores das aldeias". A colonização regular decorre da expedição punitiva dos irmãos Coelho, Duarte e o mano Jorge. Começa, para Pereira da Costa, em 1560, e dura cinco anos terríveis. O Donatário dividira seus homens em dois grupos. O principal, sob seu comando e do irmão, vem até Penedo, a sete léguas da foz do S. Francisco, na posição de 10° e 13' de latitude sul e 6o e 31' de longitude este do Rio de Janeiro, lançando os fundamentos da cidade que terá o nome de sua base granítica. ".

@ pg. 156-157:

"A zona do S. Francisco possuía seus latifundiários tradicionais. O maior era Belchior Alvares Camelo, primeiro alcaide da vila do Penedo, cujo nome, deformado em Belch Aluarez aparece, várias vezes, nos mapas holandeses da região.

...

O rio S. Francisco, fronteira natural, insusceptível de controvérsia, é, nos mapas de Barléu, vazio de povoamento. Riscou o final para as avançadas militares de João Maurício de Nassau. Aí se deteve ele, sustendo com a mão enluvada de couro o cavalo que o levaria à cidade do Salvador. O rio riscou o limite. Os assaltos posteriores foram tentativas de jogo guerreiro.

...

Pela exaustão das tropas ou certeza da impossibilidade de recursos, Nassau não passou o S. Francisco, depois de bater Bagnuolo. Deteve-o o S. Francisco quando não o detivera o Atlântico. E isso o perdeu ...".".


@ pg. 161-163 há extensa descrição do Rio São Francisco no BQPPB:

"Pelo litoral, do S. Francisco à barra do S. Miguel, num avanço de quarenta quilômetros para o interior, havia pouca habitação e os holandeses mais a devastaram com repetidos saques.

O rio S. Francisco, do lado alagoano, era parcamente conhecido para o olho flamengo. O topônimo inicial é a Ilha do Ferro, seguem-se dois rios, o Ibitipuruã-cunhã e o Ipitinga, ladeados por uma cordilheira que deve ser a serra do Pão de Açúcar, nomeada Ibitipuruã-cunhã. Abaixo do rio Ipitinga, o canal Tacioba e plantios, Suyckerbrood, pão de açúcar em holandês. ... ".

...

É o que se registava de S. Francisco do Norte.

A vida normal do invasor atingia apenas os quarenta e seis quilômetros, de Penedo à foz. Para cima era caminho raramente ousado, com medo de represálias inesperadas.".

(Sampaio, 1905), RIO DE SÃO FRANCISCO, Trechos de um Diário de Viagem, nos tres primeiros capítulos, descreve, com interessantes observações, o rio entre a foz e Piranhas-AL, o mesmo mapeado no BQPPB.

(Guaraná, 1916):

@ pg. 315:

"OPARÁ — Nome primitivo do rio S. Francisco. Hibridismo formado do artigo português —o— com o vocábulo tupi pará para exprimir a grandeza desse rio, o rio por excelência.".

@ pg. 316:

"PARAPITINGA — Outro nome do rio S. Francisco, segundo Barleus. Pará — rio; petinga — branco.".






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Parapĩtinga ou Rio de S.Francifco". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Parap%C4%A9tinga_ou_Rio_de_S.Francifco. Data de acesso: 19 de março de 2024.


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