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Pta. ᵭ Paranambuca (pontal ou cabo)

De Atlas Digital da América Lusa

Pta. ᵭ Paranambuca (pontal ou cabo)

Geometria

Coleção Levy Pereira


Pta. ᵭ Paranambuca

Ponta ou cabo, entre 'En∫. Itácoatiara' (Enseada da Po0nta do Madeiro) e 'Cururûguaçû' (Dunas de Malembá).


Natureza: pontal ou cabo.


Mapa: PRÆFECTURÆ DE PARAIBA, ET RIO GRANDE.


Capitania: RIO GRANDE.


Nomes históricos: Pta. ᵭ Paranambuca; Paranapuc; Pta. ∂Ԑ PhԐrnamb; Ponta de Pernambuco; PhԐrnambocq; pernambúco; Pernambuco; Pernambuquinho.


Nome atual: Ponta de Tibau do Sul.


Nota:

A Barra de Tibau do Sul, onde desaguam os Rio Trairi e Rio Jacu não era aberta para o oceano, exatamente como mostrado no mapa de Margrave.

Esta barra foi criada por intervenção antrópica, com a intenção de conter as cheias sazonais que destruiam as plantações e inundava as margens do conjunto de lagoas de água doce, ou, segundo alguns, ligeiramente salobras (Papari-Nisia Floresta, Guarairas e Papeba), incluindo os povoados aí situados.

Em 1890 o Governo do Estado abriu o primeiro canal de controle de enchentes neste local e, em 1924, tentaram ampliá-lo, dinamitando a barreta - isso causou o maior desastre ambiental da história potiguar, pois a combinação de enorme cheia e marés fortíssimas arrebentaram o estreito canal, com a água salgada invadindo as lagoas e salinizando suas margens.

Assim, a maior reserva de água doce do Rio Grande foi perdida, mas possivelmente a construção de uma barragem neste lugar eventualmente poderá recupera-la, com bom controle das cheias sazonais, e, possivelmente, permitindo o transito de veículos (rodovia) de Tibau do Sul para o norte, e de barcos entre o oceano e a lagoa de Guaraíras.


Etimologia:

Pta. ᵭ - abreviatura de Ponta de, termos portugueses;

Paranambuca, termo de origem tupi, com muitas interpretações. (Câmara Cascudo, 1968), pg. 114, explana:

"PERNAMBUCO:- ... De paranã-mbuca, o furo ou entrada do lagamar, ou, paranã-pucu, rio comprido.".

Prefere-se a primeira versão, por entender que possivelmente ali haveria uma pequena barreta, uma passagem, abertura ou falha nos arrecifes para o rio desaguar no oceano. O alargamento dessa barreta era o objetivo dos trabalhos em 1924.

Citações:

►Mapa RG (Albernaz, 1626/1627) - assinalada, 'Paranapuc', na saída da lagoa 'Gvraira' para o mar.

►Mapa RG (IAHGP-Vingboons, 1640) - plotado como ponta, 'Pta. ∂Ԑ PhԐrnamb' e como baia ou enseada, 'PhԐrnambocq'.

►Mapa Y-48 (4.VEL Y, 1643-1649) - plotada como ponta ou barreta no recife, 'pernambúco:'.

(Laet, 1637) - Descrição da costa do noroeste de Brasil entre Pernambuco e Rio Camocipe, do Relatório dos brasilianos, pg. 134:

"Quatro léguas de Curimataú há um ancoradouro chamado Pernambuco ou Guiraire. ".

(Medeiros, 1998), O LITORAL POTIGUAR EM 1628, SEGUNDO GASPAR PARAUPABA E OUTROS INDÍGENAS, comentando o documento acima citado, de outra fonte (tradução), pg. 16:

"Aos 20 de março de 1628, cinco indígenas brasileiros compareceram perante o notário Kilian van Renselaer, com a finalidade de prestarem informações detalhadas da costa nordestina brasileira, aos seus amigos neerlandeses. No tocante ao litoral da Capitania do Rio Grande, aqueles silvícolas assim o descreveram (1):

...

Guirayre, uma praia a 4 léguas de Curimataú e a 2 léguas de Pernambuco.'

Guirayre era a praia ao norte da ponta da Pipa. O rio Pernambuco corresponde ao despejo da Lagoa de Guaraíras.

De Pernambuco a Tagerych 4 léguas.'

Trairí era um rio, ao norte do rio Pernambuco, do qual trataremos mais adiante.

...

Os cinco indígenas autores dessas informações, chamavam-se: Gaspar Paraoupaba, do Ceará, 50 anos; Andreus Francisco, também do Ceará, 32 anos; Píeter Poty, Antony Francisco e Lauys Caspar, todos eles moradores em Baia da Traição, na Paraíba.

(1) GERRITSZ, Hessel • Jornaux et Nouvelles, etc,, pp. 171-173.".

(Galvão, 1977) - o prof. Hélio Galvão, natural do Pernambuquinho, povoado à margem da Lagoa de Guaraíras, comenta:

- pg.50:

"... Quando em 1924 as águas da lagoa de Guaraíras irromperam pelo canal que o governo estava abrindo sob a chefia do engenheiro Júlio de Melo Rezende, que fora colega de meu pai na Escola Militar do Ceará, o povoado foi destruído numa noite, ficando as famílias ao desabrigo. Não se sabe o por que, ao se aproximarem da igreja de Santo Antônio as águas fizeram uma curva e a igreja ficou. De modo que toda a população se mudou para a colina que ficava a cavaleiro da antiga situação, mas a capelinha lá ficou, respeitada pela fúria das enchentes e depois pela água do mar que penetraram, até que a igreja foi edificada em 1937 (mais de 10 anos depois). No local onde hoje se encontra, o canal conserva ainda o relevo curvo que tinha feito para não levar a capelinha. Há coisas que parecem com coisas, não é?".

- pg. 183:

"Ali, pertinho, ao norte da barra, há um local no Cabaru, que foi, sem nenhuma dúvida, uma saída do rio Jacu. O nome antigo de Pernambuquinho significa exatmento isto: água fechada que abre passagem. É, indiscutivelmente, a primitiva saída do Jacu, obstruída pelos ventos, como foi agora a Barra do Camurupim. Não diz a história que havia no local um canal de saída. Não precisava dizer. Mas refere que os holandeses edificaram um fortim na Ilha do Flamengo e ali travaram violentos combates com a esquadra portuguesa. Por onde entraram estas duas esquadras? Se aprimeira abertura, historicamente conhecida, é de 1890, aberta pela mão do homem, e rasgada em 1924 pela ação das águas, é claro que houve antes uma passagem, suficientemente larga e profunda, para permitir o tráfego dos navios de então.".






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Pta. ᵭ Paranambuca (pontal ou cabo)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Pta._%E1%B5%AD_Paranambuca_(pontal_ou_cabo). Data de acesso: 20 de abril de 2024.


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