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Rio Branco

De Atlas Digital da América Lusa

Rio Branco

Geometria

Região do atual estado de Roraima, ainda no século XVII os portugueses sofriam muitos ataques de espanhóis e holandeses na região. O capitão Francisco Ferreira e o padre carmelita Jerônimo Coelho foram os primeiros colonizadores Portugueses a chegar ao rio Branco. Seus propósitos eram aprisionar índios e recolher ovos de tartaruga para a produção de manteiga.

Após estes, vieram Cristóvão Aires Botelho e Lourenço Belfort, sendo os primeiros a ultrapassarem a Cachoeira do Bem-Querer. José Miguel Aires também subiu o rio Branco, com a meta de aprisionar indígenas e vendê-los para Belém do Pará e São Luís do Maranhão, onde seriam escravizados.

Outro comerciante escravista foi o holandês Nicolau Horstman que, saído de Paramaribo (capital da colônia holandesa sul-americana), atingiu o rio Branco em 1741 e fomentou o comércio de escravos pelos rios Jauaperí e Tacutu àquela colônia. Em 1752 já existia a fortaleza do Rio Branco[1], segundo documento do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, sobre a criação e manutenção de Regimentos militares de infantaria para essa fortaleza. É o documento mais antigo citando a região que encontramos.

Os espanhóis, por sua vez, foram responsáveis por, entre os anos de 1771 e 1773, invadirem o rio Uraricoera vindos do rio Orinoco, após atravessarem a cordilheira de Pacaraima, ato histórico. Lá fundaram três povoações, mas não resistiram às forças portuguesas e acabaram também expulsos da região. Diante da cobiça internacional pela região do vale do rio Branco, decidiu-se que seria construída uma fortaleza, o Forte de São Joaquim do rio Branco (hoje desaparecido), um marco para a soberania portuguesa na região. Há registros no AHU sobre o estabelecimento de espanhóis na região no ano de 1775[2], e outros alguns anos depois. Há também um documento de 1778[3] , intitulado História do Rio Branco em 1778, por Francisco Xavier Ribeiro Sampaio, que faz descrição da região de forma pormenorizada, falando de invasões de espanhóis, da terra, de estabelecimentos, limites e indígenas.

A construção do forte trouxe uma ilusão de que haviam chegado tempos de prosperidade, com a construção de três povoados (onde os índios foram forçados a habitar): nas margens do rio Uraricoera estava o povoado de Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, São Felipe (no rio Tacutu) e o povoado de Nossa Senhora do Carmo e Santa Bárbara, no rio Branco. Não houve progresso. Os índios não se sujeitaram às imposições portuguesas e rebelaram-se, abandonando os lugarejos que acabaram por desaparecer.

O fim do século XVIII marca o início de uma economia baseada na criação de gado, cujo comandante lusitano Manuel da Gama Lobo D'Almada foi o pioneiro quando, em 1789, introduziu o gado bovino e eqüino na região[4] — dadas as vantajosas condições geográficas —, com o objetivo de manter o homem civilizado naquele lugar. Lobo D'Almada foi enviado pelo general João Pereira Caldas, então governador da província do Grão-Pará.

As criações (que eram desorganizadas) iniciaram-se na fazenda São Bento, às margens do rio Uraricoera, para depois concentrarem-se na fazenda São José e posteriormente estabelecerem-se definitivamente na fazenda São Marcos (que atualmente está dentro dos limites de áreas indígenas estipuladas pela FUNAI), em 1799.

Não havia cercados, muros ou quaisquer outros meios de limitação territorial nas áreas de criação de carne de corte, permitindo, assim, uma dispersão dos animais pela região. Alguns comerciantes aproveitaram o gado perdido para roubá-los e iniciarem fazendas próprias. Os índios tornaram-se ótimos vaqueiros, fama que os Macuxis mantêm até hoje.


Referências

Fonte do texto (as partes divergentes ou de fora desta bibliografia estão citadas diretamente no texto): Barroso, J. Antonio de Vasconcelos. Diagnóstico ecológico-econômico da bacia do rio Cauamé no estado de Roraima, com a utilização de sistemas de informações geográficas para o desenvolvimento sustentável. Porto Alegre, 2009.

  1. AHU_ACL_CU_013, Cx. 33, D. 3148
  2. AHU_ACL_CU_013, Cx. 74, D. 6234
  3. AHU_ACL_CU_020, Cx. 3, D. 192
  4. um documento de 1787 do AHU cita a introdução de gado na região, de forma rápida


Autor do verbete: Luiza Moretti