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S. Chri∫toual (engenho de bois)

De Atlas Digital da América Lusa

S. Chri∫toual (engenho de bois)

Geometria

Coleção Levy Pereira


S. Chri∫toual

Engenho de bois com igreja, na m.d. do 'Ietitiba' (Rio Jitituba).


Natureza: engenho de bois com igreja.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS MERIDIONALIS.


Capitania: PARANAMBVCA.


Jurisdição: Vila do Bom Sucesso do Porto Calvo.


Nomes históricos: Engenho São Cristovão (S. Chri∫toual; St. Cristopho), Engenho Getituba (Ietitĩba. Jitituba, Jititiba, Gitituva, Gitihiba).


Nome atual: possivelmente Fazenda Santa Cruz.

  • Vide mapa IBGE Geocódigo 2708501 São Luís do Quitunde - AL.

Citações

►Mapa PE-M (IAHGP-Vingboons, 1640) #39 CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE - plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ. St. Cristopho' somente, na m.d. do 'R. Gitituva'.


(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 80:

"ENGENHOS DE PERNAMBUCO

Em Porto Calvo

9, de Cristóvão Dias Delgado.".


(Dussen, 1640), pg. 162:

"ENGENHOS DE PERNAMBUCO

Na jurisdição de Porto Calvo

114) Engenho de Cristóvão Dias delgado, arruinado.".


(4.VEL Y, 2011) - manuscrito de 1643-1649, pg. 148:

"Anteriormente o engenho Espírito Santo(338) exportava por este rio seus açúcares, mas desde o ano de 1635, quando foi destruído e incendiado por ordem de Artichefski, o senhor de engenho e todos os brancos que se achavam no engenho foram executados e sua mulher e filhos expulsos; a casa, a moenda(339) partidos de cana e algumas caixas de açúcar incendiadas, porque ele foi acusado de que, por ação dele, uma tropa de gente nossa que tinha chegado a essa fazenda(340) foi morta. E, assim, essa fazenda, antes rica de víveres como caça e pescado, ficou depois de então abandonada e sem dono. Mas agora alguém a poderia comprar da Companhia desde que os Senhores Diretores ajudassem com os negros e alguns brasileiros, porque é prerrogativa da Companhia vender tais engenhos pelo melhor preço, para fazer com que a terra tanto tempo abandonada volte a ser aproveitada.

...

338 Espírito Santo < Gitatuba<Sprt.Sto

339 Moenda < mouende

340 Fazenda < fasente ".

  • Nota: está grafado no texto original Gÿtatubo. Espírito Santo é o nome de outro engenho na região, não o do referido no texto acima citado.


(Relação dos Engenhos, 1655), pg. 241-242:

"Engenhos da Vila do Bom Sucesso do Porto Calvo

...

Engenhos a monte e arruinados da vila acima do Porto Calvo

...

- E o engenho de Cristóvão Dias Delgado, trinta arrobas de branco, posto no passo.".


(Coelho, 1654), Ano 1636, janeiro:

@ fol. 214a, pg. 440, relatando fatos ocorridos no dia 11:

"Em onze deste mesmo mês, chegou ao engenho de Cristóvão Dias Delgado, que era perto das fortificações e redutos que o inimigo tinha na Peripueira (ainda que um pouco mais para o interior). Este, há poucos dias, havia morto o mesmo Delgado e um filho seu; por ter o nosso alferes Soto morto no mesmo engenho sete ou oito holandeses. Deram o filho e o pai como incursos na pena de morte de um bando, para quem não avisasse semelhantes coisas. Finalmente, os pobres moradores iam já experimentando, não a pouco custo, o que era viver sob as mãos de hereges.".

@ fol. 215b, pg. 443, relatando fatos ocorridos no dia 16:

"O nosso Mestre-de-Campo-Geral, com o segundo aviso, voltou do caminho à povoação, e chegando fatigado, e não menos a infantaria, dispôs que se marchasse outra vez contra o Coronel, que andava a quatro léguas dali, e tinha queimado cinco engenhos de açúcar: dois de Cristóvão Botelho, um de Bartolomeu Lins, outro de Rodrigo de Barros, e o de Cristóvão Dias Delgado, morto antes com seu filho, como já apontamos.".


(Pudsey, circa 1670), relatando fatos relacionados com a queima desse engenho, e a execução de seu senhor, em 1635:

@ pg.91, Fólio 20r:

"O governador marchou até um largo rio chamado Santo Antônio Grande.(298) E entre esse rio e o rio de São Gonçalo (299) acampou, em uma estreita passagem, tendo do lado leste o mar e do lado oeste as florestas selvagens. ".

@ pg. 93, Fólio 20v:

"A cerca de três milhas a oeste ficava um engenho de açúcar pertencente a um português chamado Cristóvão (302) e esse lugar era o último habitado em direção à selva.".

@ pg. 95, Fólio 21r:

"Um traidor executado

Os habitantes de nossos domínios agora sentiam-se orgulhosos e intratáveis,(305) mas, como será dito adiante, deles nos vingamos. Mas ainda não se atreviam a mostrar seu apoio antes que o inimigo atacasse. E apesar de que as passagens nunca haviam estado tão difíceis, eles obtinham inteligência [dos inimigos] através de destacamentos. Por causa disto, o senhor de engenho, nosso vizinho Cristóvão,(306) dando o primeiro exemplo, alojou em sua casa um destacamento do inimigo & depois permitiu-se matar cinco de nossos homens que levavam cartas a Camaragibe. Matamo-lo, queimamos seu engenho & confiscamos seus bens; e ficamos sabendo por sua inteligência, ou por certas cartas achadas com ele, que logo depois do dia do Ano Novo, ou pouco tempo depois, Dom Luís deveria atacar, por um lado, nosso exército, e os habitantes da região de Camaragibe por outro. Mas esse plano, apesar de uma boa providência, foi frustrado, por ser [agora] conhecido por nossa inteligência. Foi feita uma proclamação para que toda a região de Camaragibe abandonasse suas casas com armas e bagagens dentro do limite de 11 dias.(307) Depois de expirado esse tempo regulamentar, qualquer um que estivesse deste lado do Rio de Porto do Calvo(308) seria acusado de traidor, podendo esquecer-se de sua vida e bens.".


(Papavero & Teixeira, 2000), NOTAS à TRADUÇÃO:

@ pg. 178:

«298- "A brode rivver called Saint Antony Grande", no original.

299- "The rivver of St de Consolva", no original. Trata-se de uma tradução tentativa, baseada inclusive na existência de uma localidade denominada São Gonçalo, próxima à margem direita do atual rio Juçara, que deságua poucos quilômetros ao sul de Paripueira.

...

302- "A Sugar Mylne belonginge to a Portiguez called Christofer day", no original. Vide nota 306.».

@ pg. 179:

«305- Southey (1810-19) assinala que a chegada da armada levantou o ânimo dos habitantes, que não mais traziam o gado e a farinha de mandioca exigidos como tributo e tampouco hesitavam em resistir aos ditames dos conquistadores. Muitos holandeses foram mortos nos campos, estradas ou mesmo nas casas de portugueses, sendo que a população de Serinhaém assassinou os doentes que ali tinham ficado. Interceptavam-se cartas e prendiam-se os padres e negros empregados como agentes da correspondência que agora fervia entre as tropas ibéricas e os portugueses dentro do próprio território ocupado pelos flamengos. Severos castigos se impunham, mas o rigor de tais punições aumentava ainda mais os ressentimentos. Desesperados por darem fim a esse caudal de informações privilegiadas, o coronel Arciszewski e o conselheiro Jacob Stackhouwer propuseram ao conselho assolar o país entre Paripueira e Porto Calvo com a sumária destruição dos engenhos e habitações, arranque das plantações de mandioca, queima os canaviais e remoção dos moradores, que deveriam ser estabelecidos em casas confiscadas e terras abandonadas disponíveis em outros locais. Aprovou-se a medida e nas portas das igrejas e engenhos se afixaram os editais convidando todas as pessoas a obedecer dentro de três semanas a ordem de compulsória transferência.

306- "Our neighbour Christofer day", no original. Frei Calado (1648) menciona um certo Cristóvão Gomes de Melo ao comentar que, terminado o prazo da transferência compulsória imposta pelos holandeses (vide nota anterior), o conselheiro Jacob Stackhouwer teria saído do reduto de Camaragibe com sessenta soldados para correr as casas vizinhas. Dona Maria da Silva, mulher de Cristóvão Gomes de Melo, teve a má sorte de ser descoberta com sua gente em um alojamento, que foi queimado causando a morte de dois meninos e a fuga de escravos e escravas, enquanto Dona Maria recebia duas cutiladas que a levaram às portas da morte. Infelizmente, não podemos saber se esta seria a mesma pessoa chamada de "Christofer day" por Pudsey.

307- "Proclamation was sent out that all the Lande of Camaraseva should drawe away from their houses within 11 day", no original. Segundo Frei Calado (1648), o desembarque de Dom Luís de Rojas y Borja teria levado Jacob Arciszewski a forçar uma imediata transferência de todos os habitantes de Porto Calvo, Camaragibe e Furricosa para as terras de Serinhaém, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Muribeca e Várzea, nesse momento muito pouco povoadas em virtude dos conflitos armados anteriores. Sob pena de morte sem remissão, aos moradores foi concedido um prazo de dez dias para providenciarem sua transferência com toda a família, escravos e gado. 308- "Rivver of Port de Calve," no original.».


(Diegues Jr, 1949), pg. 65-66:

"Do de Cristóvão Dias Delgado sucede o mesmo, embora dos quatro seja aquele de que possuímos alguns bons informes. Johannes de Laet (72) refere-se a este engenho como sendo nas proximidades do engenho Santo Antônio, de Rodrigo de Barros Pimentel, embora, em outro passo, chame o próprio engenho de Delgado de Santo Antônio, o que nos quer parecer um lapso. O engenho situava-se em Paripueira, ao sul do rio Santo Antônio Grande, e, ao que suponho, corresponde ao chamado engenho S. Cristóvão do mapa de Vingboons, ficando no vale entre os rios Jetituba e Castanha. Foi um dos incendiados na excursão de Arciszewsky em 1636; figura na relação de van der Dussen como destruído e, ao que parece, não mais foi reparado e replantado, desaparecendo inteiramente. Ê certo que no vale citado há atualmente engenhos; nenhum, entretanto, com qualquer tradição de antigüidade. Tudo indica que o engenho de Cristóvão Dias Delgado não se reconstruiu. Documenta esta alegação o fato de que, em 1699, Apolinário Fernandes Padilha, ao requerer terras para povoar e lavrar e fazer um engenho de açúcar, faz referência ao engenho de Delgado. Diz o requerente, ao indicar o limite da sesmaria pedida: «começando donde acabão as terras donde foi antigamente engenho de Cristóvão Dias chamado Gitihiba» (73).

Com esta indicação fica-se sabendo que o engenho de Delgado não foi reconstruído, pelo menos até 1699, bem assim se denominava Getituba, pois Gitihiba não pode deixar de ser grafia errada daquele nome, que é justamente o do rio em cujo vale se ergueu aquela fábrica de açúcar. Sabe-se que Cristóvão Dias Delgado foi morto pelos holandeses, ele e um seu filho, possivelmente em fins de 1635, como se depreende da seguinte passagem de Duarte de Albuquerque: «o inimigo ... havia morto o mesmo Delgado e seu filho, pela razão de ter o nosso alferes Souto morto no mesmo engenho sete ou oito holandeses» (74). Do mesmo livro do donatário de Pernambuco infere-se que o engenho de Delgado estava perto das fortificações e redutos holandeses em Paripueira, «ainda que — esclarece — um pouco para o interior».


(69) Primeira Visitação, cit.

(70) idem, idem.

(71) Cf. Laet, cit.

(72) idem, idem.

(73) Registro de Sesmarias e Datas de terras — 1689-1730, MSS na Biblioteca Pública do Recife, vol. I.

(74) Memórias Diárias da Guerra do Brasil, edição do Governo do Estado de Pernambuco, Recife, 1944.".


(Cabral de Mello, 2012):

@ pg. 140, Os engenhos de açúcar do Brasil Holandês, I - Capitania de Pernambuco, Porto Calvo:

«9) CRISTÓVÃO DIAS DELGADO, ENGENHO DE. Invocação São Cristóvão, como é designado por Markgraf e Golijath. Sito à margem direita do Getituba. Pagava de pensão trinta arrobas de açúcar branco, posto no passo de Porto Calvo. Em 1623, produzia 1280 arrobas de açúcar. Incendiado pelo exército holandês em janeiro de 1636, ocasião em que Cristóvão e um dos seus filhos foram mortos. Em 1644, Gaspar Correia Rego comprou-o por 8 mil florins em cinco prestações anuais. Ainda estava arruinado em 1655. Em 1663, Gaspar era devedor de 2352 florins à WIC.(111)».

@ pg. 187, Notas:

«(111) FHBH, I, pp. 30, 80, 162, 142; RCCB, pp. 6o, 152; VWIC, IV, pp. 162, 219; MDGB, pp. 225, 227; DN, 12.VII.1644; Diégues Jr., O bangüê nas Alagoas, pp. 29, 65-6.».






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "S. Chri∫toual (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/S._Chri%E2%88%ABtoual_(engenho_de_bois). Data de acesso: 18 de abril de 2024.


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