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S. Franci∫co (engenho de bois)

De Atlas Digital da América Lusa

S. Franci∫co (engenho de bois)

Geometria

Coleção Levy Pereira


S. Franci∫co

Engenho de bois com igreja, na m.e. do 'Tapámundé' (Rio Tapamundé).


Natureza: engenho de bois com igreja.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ.


Capitania: PARANAMBVCA.


Jurisdição: Vila do Bom Sucesso do Porto Calvo.


Nomes historicos: Engenho São Francisco (Ԑ. St. ƒrancisco; S. Franci∫co), Engenho Escurial.


Nome atual: Fazenda Escurial.

  • Vide mapa IBGE Geocódigo 2707305 Porto Calvo-AL.


Citações:

►Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE - plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ. St. ƒrancisco', na m.e. do rio sem nome, afluente m.d. do 'Rº. Porto Caluo' / 'Rº. Mangoanĭ' (Rio Manguaba).


►Mapa PE-C (BAV-Vingboons, 1640) Reg.lat.2106 fol 38 p 40r CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE - plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ St Françisco', na m.e. do 'R TapƐmon∂ƐbƐ' (Rio Tapamundé).


(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 80:

"ENGENHOS DE PERNAMBUCO

Em Porto Calvo

5, de Manuel Camelo;".


(Dussen, 1640), pg. 161:

"ENGENHOS DE PERNAMBUCO

Na jurisdição de Porto Calvo

110) Engenho São Francisco, pertencente a Manuel Carvalho de Queiroga, mói. São lavradores:

Vasco Marinho Falcão 15 tarefas

Francisco Teles 8

________________

23 tarefas".


(Calado, 1648), Volume 1, pg. 71-72 descreve os embates com os neerlandeses, no ano de 1636, no Engenho Escurial, nomeando seu senhor Manuel Camelo de Quiroga:

"O inimigo partiu da povoação, e ao ponto da meia noite chegou ao Morro, e prendeu a Baltasar Leitão de Holanda, e a Julião de Araújo, aos quais achou em casa, e apertando com eles com ameaços de tratos, e tormentos, para que declarassem aonde tinham suas famílias, e fazenda; e negando eles dizendo que o não sabiam, por não se deterem ali muito, e perderem a ocasião da noite, os amarraram e com eles presos se partiram logo para o Escurial para ali prenderem a Manuel Camelo de Quiroga, e a seu genro Miguel Bezerra, e os que com eles estivessem, e mandá-los enforcar a todos juntos. E mandaram diante uma sentinela a descobrir o caminho, a qual foi morta por os nossos.

Chegou a luz do dia, e os soldados que vinham marchando começaram a entrar por as nossas emboscadas em demanda do Escurial, chegaram à primeira, e foram passando um, e um, por ser o caminho mui estreito, mas seguramente, porquanto, como tudo eram espingardas as armas que tínhamos, não havia cheiro de murrão que nos descobrisse, foram entrando na segunda, e ali lhe deram os nossos soldados uma boa carga, e lhe mataram dezessete homens, e tomando eles por detrás, desfechamos com outra carga da primeira emboscada em que lhe matamos doze soldados; eles vendo-se cercados, arremeteram a fugir por um alagadiço, o qual os foi levar junto à porteira do engenho já com outra carga, aonde acharam vinte e três homens nossos, que os receberam com grande esforço, e coragem, e começaram a brigar com eles em forma de cara a cara sem que nós os pudéssemos socorrer com a diligência, que desejávamos, por ser o caminho mui estreito, e o mato mui fragoso, e cheio de cipós, que nos impediam o caminhar; e já quando chegamos a poder brigar com o inimigo nos tinham eles morto dos nossos a cinco homens, um dos quais foi Miguel Bezerra, genro de Manuel Camelo de Quiroga, Domingos Antônio, e João Rodrigues, e dos outros dois me esquecem seus nomes, e nos feriram seis, e os demais foram fugindo para os matos, e com esta bulha tão travada tiveram lugar Manuel Camelo com sua gente, e Baltasar Leitão, e Julião de Araújo, de fugirem por entre o mato, e escaparem da morte. Neste terceiro assalto matamos ao inimigo dezoito índios, e ao Ajudante que ia a cavalo, e alguns ficaram feridos. Buscou o Padre seus soldados para se por em forma de brigar, e não achou mais que trinta, e vendo a disparidade da gente entre nós, e o inimigo, nos metemos para dentro do mato, e nos viemos retirando, e o inimigo nos não seguiu por arrecear que lhe tivéssemos feita emboscada, antes se pôs em um campo com sua gente junta; e dali foi caminhando para o engenho, no qual não achou gente alguma, e depois de xaquear as coisas manuais, que no engenho achou, enterrou os seus mortos, e se veio por outro caminho recolhendo para a povoação."..


(Relação dos Engenhos, 1655), pensões dos engenhos da Capitania de Pernambuco, pg. 241:

"Engenhos da Vila do Bom Sucesso do Porto Calvo

...

- E o engenho de Sebastião de Carvalho, trinta arrobas de branco encaixado, posto no passo.".


(Diegues Jr, 1949):

@ pg. 28-29: "Na guerra holandesa aparece com ação destacada o engenho Escurial como sendo propriedade de Manuel Camelo Quiroga. Figura na relação que o «Breve Discurso» (16) arrolou dos engenhos existentes em 1638 em Porto Calvo; não com o nome de Escurial, mas com o do seu então proprietário.

No ano seguinte, no relatório de van der Dussen sobre engenhos do Brasil holandês, a propriedade de Quiroga aparece com o nome de São Francisco. Será o mesmo Escurial ou outro engenho de Quiroga? Admitimos a primeira hipótese. Manuel Camelo Quiroga foi casado com D. Maria Lins, quinta filha de Bartolomeu Lins, e, pois, neta de Cristóvão Lins I. Além disso, o número de engenhos da relação de 1639 coincide com o da relação de 1638, não havendo assim maior probabilidade do aparecimento de um novo engenho.

Com a morte de Camelo Quiroga, durante a luta da restauração, o Escurial passou para Clemente da Rocha Barbosa, com quem a viúva Maria Lins casou em segundas núpcias. O segundo marido da filha de Bartolomeu Lins teve o apelido de «Pé de Pato», por ter uma perna muito inchada, explica Borges da Fonseca; e adianta que Clemente da Rocha comprou a Sebastião Carvalho a parte que a este coubera no engenho, por morte de sua segunda mulher D. Maria Camelo, filha única do primeiro matrimônio de Maria Lins.

Parece-nos que, antes de Camelo, o Escurial teve como proprietário Rodrigo de Barros Pimentel, o primeiro deste nome, casado com D. Jerônima de Almeida, filha de Brites Lins e Baltazar de Almeida Botelho e neta do povoador.

(16) "Breve Discurso sobre o estado das quatro capitanias conquistadas", etc. in Revista do Instituto Arqueológico de Pernambuco, n° 34, dezembro de 1887.".

@ pg. 68: "O São Francisco, que figura como de Manuel Camelo Quiroga, é o mesmo Escurial, também levantado por Cristóvão Lins. No «Valeroso Lucideno», encontram-se referências a Manuel Camelo como senhor do Escurial, (77), nome com que o engenho aparece em vários episódios das lutas que se travaram quando da insurreição de 1645.

(77) Valeroso Lucideno, cit.".


(Cabral de Mello, 2012):

@ pg. 137-138, Os engenhos de açúcar do Brasil Holandês, I - Capitania de Pernambuco, Porto Calvo:

«5) SÃO FRANCISCO. Também denominado Escurial. Sito à margem esquerda do Tupamunha. Engenho de bois. Pagava trinta arrobas de pensão. Foi um dos engenhos fundados por Cristóvão Lins, natural de Augsburgo (Alemanha) e povoador de Porto Calvo. Em 1623, pertencia a Manuel Camelo de Queiroga, que fora alferes da guarnição de Pernambuco e que provavelmente o recebera em dote ou por herança, uma vez que era casado com Maria Lins, filha de Bartolomeu Lins e neta de Cristóvão Lins. Produzia então 3180 arrobas. Em 1635, guerrilheiros luso-brasileiros aprovisionaram-se no engenho, onde encontraram "muito que comer, ovelhas, carneiros, perus, galinhas". Manuel Camelo foi detido pela tropa holandesa, mas conseguiu safar-se, "fugindo para os matos". Preso novamente ao retirar-se em 1637, permaneceu sob o domínio holandês. O engenho moía em 1639, com dois partidos de lavradores, no total de 23 tarefas (805 arrobas), sem partido da fazenda. Em 1645, Manuel Camelo aderiu à insurreição, falecendo pouco tempo depois. O engenho passou à viúva, Maria Lins, e a seu filho, o segundo Cristóvão Lins, que promoveu a adesão de Porto Calvo ao levante. O genro de Maria Lins, Sebastião de Carvalho, natural do Crato (Alentejo), foi preso e enviado à Bahia à raiz da insurreição luso-brasileira de 1645, cuja articulação delatara às autoridades holandesas. Em 1651, livre das culpas de colaboracionismo por sentença do Ouvidor Geral, alegando "ser irreparável o dano que recebem suas fazendas com a falta de sua pessoa e prejuízo que se lhe seguirá de não ir para sua casa depois do muito tempo que havia estado preso e fora dela, além das grandes despesas que havia feito", obteve licença para ir viver "em um engenho seu que tem no Porto do Calvo". Em 1655, moente e corrente, o engenho é mencionado como pertencente a Sebastião de Carvalho, que, na realidade, só possuía parte dele. Tendo sua sogra, Maria Lins, casado em segundas núpcias com Clemente da Rocha Barbosa, este adquiriu a Sebastião de Carvalho seu quinhão da propriedade. Em 1645 e 1663, Sebastião de Carvalho era devedor de 2640 florins à WIC.(107)».

@ pg. 186-187, Notas:

«(107) FHBH, I, pp. 30, 80, 161, 241; RCCB, p. 6o; MDGB, pp. 213, 224, 227; VWIC, IV, p. 162; DN, 24.V.1635; requerimento de Cristóvão Botelho de Almeida, 17.XI.1638, AHU, PA, Pco., cx. 3; NP, I, pp. III, 367; Diégues Jr., O bangüê nas Alagoas, p. 68.».


NOTAS:

  • O Engenho São Francisco está plotado no mapa de Marcgrave (BQPPB) com o topônimo 'S. Franci∫co', na m.e. do 'Tapamundé' (Rio Tapamandé).
  • Esse engenho, nos mapas Vingboons, está plotado na m.e. do Rio Tapamandé, sem nome em algumas versões desses mapas. No mapa PE-C (BAV-Vingboons, 1640) Reg.lat.2106 fol 38 p 40r CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, o topônimo desse rio é explicitado: 'R TapƐmon∂ƐbƐ' (Rio Tapamundé).
  • Há, imediatamente ao sul do Rio Manguaba, o Rio Tatuamunha, plotado sem engenhos no seu vale no mapa de Marcgrave (BQPPB), onde foi denominado 'Tatûaimonha' / 'Tatûaymonha' / 'Tatúaìmanha', e nos mapas Vingboons, onde foi denominado 'Rº. Tatomanho' / 'Rº. Totomonha.'.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "S. Franci∫co (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/S._Franci%E2%88%ABco_(engenho_de_bois). Data de acesso: 18 de abril de 2024.


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