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Tareirĩ (rio)

De Atlas Digital da América Lusa

Tareirĩ (rio)

Geometria

Coleção Levy Pereira


Tareirĩ

'R. Iuan Lo∫to∫a' no MBU.

Rio com barra no Oceano Atlântico, entre 'Cururûguaçû' (Dunas de Malembá) e 'En∫. Tagoatinga' (Enseada de Taguatinga).


Natureza: rio; barra de rio.


Mapa: PRÆFECTURÆ DE PARAIBA, ET RIO GRANDE.


Capitania: RIO GRANDE.


Nomes históricos: Tareirĩ; Tareyrick; Tareyrich; Tareirich; Tagerych; Rio Toraivo; Rº. TԐrԐrÿ; Canayri; R. Iuan Lo∫to∫a; Rº. Jan ∂e Sta; Rº. Jan ∂e Sta - vide variantes do nome de João Lostão abaixo.


Nome atual: Rio Trairi.


Notas:

O Rio Trairi desaguava diretamente no Oceano Atlântico, no século XVII, numa foz com dois canais.

O canal do sul, tinha a foz no local hoje denominado Barreta, e é a foz desenhada como 'Tareirĩ' no BQPPB, junto às casas denominadas 'Iuão Lostao'.

O do norte tinha a foz no local hoje denominado Barra de Camurupim, distando 1,2 Km ao norte da Barra do Camurupim.

Em 1924 ocorreu o rompimento do istmo que separava a 'Guĩraraĩra' (Lagoa Garaíras) do oceano, fazendo com que o fluxo principal do Trairí passasse a correr da 'Ipapeba' (Lagoa Papeba) para a 'Guĩraraĩra', e desta para o oceano. (vide comentários em 'Pta. ᵭ Paranambuca'). Isso criou o Canal de Tibau do Sul, que tem hoje aproximadamente 400 m de largura e que dista 9,3 Km ao sul da Barreta (e 10,5 Km ao sul da Barra do Camurupim).

Ainda há um pequeno fluxo do rio Trairi correndo pelo antigo leito, que está progressivamente sendo assoreado pelas dunas, desaguando na Barreta.

Citações:

►Mapa RG-N (Albernaz, 1626/1627), plotado como 'Rio Toraivo', com barra no oceano.

►Mapa RG (IAHGP-Vingboons, 1640) #51 CAPITANIA DE RIO GRANDE, plotado como rio, 'Rº. TԐrԐrÿ', com barra no oceano, na 'ߪ. ∂Ԑ Jan ∂Ԑ Stua'.

►Mapa Y-48 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Cabo Blancko en Rio Jan de Sta, plotado como rio, identificado na barra no oceano 'Rº. Jan ∂e Sta:'. No título do mapa, 'Rio Jan ∂e sta'.

►Mapa Y-51 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Rio Jan ∂e sta en cabo Roques, plotado como rio, identificado na barra no oceano como 'Rº. ∂e Jan ∂e Sta:'. No título do mapa, 'Rio Jan ∂e sta'.

(Laet, 1637) - Descrição da costa do noroeste de Brasil entre Pernambuco e Rio Camocipe, do Relatório dos brasilianos, pg. 137:

"A três léguas de Guiraire está o riacho Tareyrick, onde há pau-amarelo, chamado Tatayouba; também ferro, que chamam Ita, há a duas léguas no interior. A uma légua de Tareyrick encontra-se um riacho de água fresca onde não moram portugueses, chamado Pirangi ou Porto dos Búzios. Aqui, perto do mar, há pau-brasil. Lá mora um francês (*) que pesca para os portugueses.".

(*) Referência a João Lostão Navarro - a Baixa Navarra fica na França.

(Medeiros, 1997), A ENSEADA DE TABATINGA E O PORTO DE PESCARIA DE JOÃO LOSTÃO NAVARRO, pg. 49:

"No decorrer dos primeiros 45 anos do século XVII, uma importante figura humana, moradora na Capitania do Rio Grande, foi JOÃO LOSTÃO NAVARRO, natural da Baixa Navarra. Tendo esse reino sido herdado por Henrique IV de Bourbon, o mesmo o uniu em 1589 à França. Daí as referências históricas que dão a João Lostão a nacionalidade francesa. Os cronistas contemporâneos do período da ocupação holandesa, grafavam de diversas formas, o prenome de João Lostão: Jan, João, Juan, Juaon... O seu sobrenome figurava também de várias maneiras: Estau, Lastão, Leitão, Lestauws, Leston, Lostão, Lostão, Lostau, Lostrau, Lustau, Orotau, Sta, Staa, Stau, S'tau...

Aos 17 de maio de 1603, Lostão obteve uma outra data e sesmaria, correspondente a 500 braças de terra pela costa, a partir da margem direita do mesmo rio Canayri (na realidade, tratava-se do Trairí), com os fundos correspondentes a outras 500 braças.".

(Medeiros, 1998), O LITORAL POTIGUAR EM 1628, SEGUNDO GASPAR PARAUPABA E OUTROS INDÍGENAS, comentando o documento acima citado, de outra fonte (tradução), pg. 16-17-19:

"Aos 20 de março de 1628, cinco indígenas brasileiros compareceram perante o notário Kilian van Renselaer, com a finalidade de prestarem informações detalhadas da costa nordestina brasileira, aos seus amigos neerlandeses. No tocante ao litoral da Capitania do Rio Grande, aqueles silvícolas assim o descreveram (1):

...

De Pernambuco a Tagerych 4 léguas.'

Trairí era um rio, ao norte do rio Pernambuco, do qual trataremos mais adiante.

...

Tareyrich, um pequeno rio. Ali há um francês, Juão Oroutau, que lá exerce a pesca e vende o peixe aos portugueses que habitam em Pernambuco e que o vêm procurar com os navios.

Tratava-se do rio Trairí, cuja barra ocorria no oceano, na atual praia de Barra de Camurupim. O francês João Lostão Navarro possuía um porto de pescaria, no local correspondente ao pontal de Tabatinga.

...

Os cinco indígenas autores dessas informações, chamavam-se: Gaspar Paraoupaba, do Ceará, 50 anos; Andreus Francisco, também do Ceará, 32 anos; Píeter Poty, Antony Francisco e Lauys Caspar, todos eles moradores em Baia da Traição, na Paraíba.

(1) GERRITSZ, Hessel • Jornaux et Nouvelles, etc,, pp. 171-173.".

(Câmara Cascudo, 1956), pg. 239-240:

"A barra do Tareiri (Trairi) era no século XVII o escoadouro único das lagoas de Goaraíras e Papari. Hoje a Goaraíras deságua no mar pelo canal do Tibau, 18 quilômetros acima da barra do Camurupim, vazadouro da Papari no Atlântico. Barléu não fala no Camurupim. Para o mapa o rio Tareiri (Trairi) denomina sua foz. O Trairi desagua na lagoa de Papari.

É, no desenho do mapa, um labirinto de rios que desembocam numa sucessão de três lagoas; a Guiraraira (Guaraíra), a Papeba e uma sem nome, que é visivelmente a Papari. Da Papeba retoma o Trairi seu curso, recebendo à esquerda o Piaçica (Boassica) antes de lançar-se ao mar. A Papeba não mais se comunica com o mar.

O Trairi de Marcgrave, restrito a um sexto do curso, recebe pela esquerda os rios Uuiçagui, onde há currais de gado, o Iaguacodra, com curral, e o Atitari e, antes da barra, o Piaçica (Boassica), passada a lagoa de Papeba. O Tareiri (Trairí) cai numa lagoa inominada, que é a Papari, e sai pela de Papeba.".

(Câmara Cascudo, 1968), pg. 128-129:

"TRAIRI:- Rio que atravessa os municípios de Santa Cruz, S. José de Mipibu e Nísia Floresta, despejando na Lagoa de Papari e depois no mar pela barra de Camorupim. De taraíra-i, o rio das traíras. ...".

(Margrave, 1648), pg. 157, descreve a TAREIRA DO RIO, traíra (taraira) do rio, traíra de água doce.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Tareirĩ (rio)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Tareir%C4%A9_(rio). Data de acesso: 24 de abril de 2024.


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