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Velha S. Miguel (aldeia de índios)

De Atlas Digital da América Lusa

Velha S. Miguel (aldeia de índios)

Geometria

Coleção Levy Pereira


Velha S. Miguel

Aldeia de índios com cruzeiro na m.d. do 'Piraçunúnga' (Rio Persinunga).


Natureza: aldeia de índios com cruzeiro.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ.


Capitania: PARANAMBVCA.


Nomes históricos: Velha S. Miguel; São Miguel de Iguna; S. Miguel de Una; São Miguel Arcanjo.


Nome atual: a aldeia está destruída - vide 'N S ᵭ S Seba∫t (aldeia de índios)'.


Citações:

►Mapa PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, sem símbolo de aldeia, nome 'Velha S. Miguel' escrito na m.e. do 'Piracununga' (Rio Persinunga).


(Vainfas, 2008), comentando as declarações do Pe. Manoel de Moraes aos neerlandeses em 1635, á pg. 73-74:

"Quanto às aldeias de Pernambuco e Itamaracá, informou Manoel que se mantinham vigorosas, pois não haviam sido muito flageladas na guerra, podendo dispor de cerca de 3 mil índios para combate. Indicou, porém, somente seis aldeias, três para cada capitania. ...

No caso de Pernambuco, nomeou ... a aldeia de São Miguel de Iguna, a vinte léguas (120 quilômetros) de Olinda, na costa, rumo ao São Francisco, seiscentos habitantes, duzentos guerreiros, tendo por chefes Manuel (em tupi Manu), potiguar, e João (Jani, em tupi), tabajara.".


(Dussen, 1640), indicando o nome do seu capitão holandês e sua população masculina:

@ pg. 183, definindo a função do capitão holandês:

"Além do capitão brasiliano, foi posto em cada aldeia um capitão holandês que os regem a eles e aos seus principais; a sua maior atribuição é animá-los para o trabalho e dirigi-los na melhoria das plantações e conceder-lhes permissão para trabalhar para senhores de engenho, verificando que não sejam vítimas de enganos e que o seu trabalho lhes seja pago. ".

@ pg. 184, quanto à população masculina, esclarece:

"... homens, tanto velhos quanto jovens, aptos para a guerra ou inaptos, excluídas as mulheres e crianças, as quais estão em proporção, com relação aos homens, de, no mínimo, 3 para 1. ".

@ pg.185:

"ALDEIAS EM PERNAMBUCO

...

Aldeia em Una, Capitão Pieter Michielsz ... 44 homens.".


(Pereira da Costa, 1951):

@ Volume 2, ano 1595, pg. 81:

"Em 1746 contava a capitania de Pernambuco as seguintes aldeias ou missões de índios, segundo um documento oficial da época:

...

Vila de Serinhãem

aldeia de Una, sita na freguesia do mesmo nome, invocação de S. Miguel, o seu missionário é religioso do Carmo da Observância, e os índios são caboclos da língua geral.".

@ Volume 3, Ano 1636, pg. 52-53:

"OUTUBRO 18 — O capitão Martins Soares Moreno ocupa o posto do rio Una, aonde pouco antes estivera o tenente-general Manuel Dias de Andrade à frente de uma forte guarnição. Esse posto ficava à margem direita do rio, servindo de quartel uma casa fortificada situada em frente do engenho de Una, pertencente a Diogo Pais Barreto, e à vista da povoação ou aldeiamento de S. Gonçalo de Una, assim chamado do orago da sua capela.

O aldeiamento vinha do princípio do século XVII e naturalmente fundado pelos padres franciscanos, coube então dirigi-lo por quatro anos o religioso F. Luis da Anunciação, perfeito conhecedor da língua dos índios, como narra Jaboatão; e segundo o padre Antônio Vieira, na sua Ânua da província do Brasil, a aldeia de Una existia já em 1625, dirigida por um sacerdote secular, passando então, a requerimento dos índios, à direção dos missionários jesuítas. Com a ocupação dos holandeses em Pernambuco, foi extinto o aldeiamento, dispersos os seus habitantes, e quando invadiram eles a localidade em 1636, nada escapou do que restava, nem mesmo a própria igreja, que deixaram saqueada e bastante danificada, e fora do altar, e aos pedaços, a imagem do seu padroeiro, que o tenente-general Andrade recolheu, e a colocou de novo no seu lugar, até que se fizesse uma outra.

Com a evacuação holandesa foi restaurado o aldeiamento, em época desconhecida. Entretanto já estava reorganizado em 1681, como consta da provisão de 28 de fevereiro, mandando pagar a ordinária de 30$000 ao religioso que assistia na aldeia de Una, em vista da representação do geral dos franciscanos. Segundo Mariz, foi também expedido no mesmo ano um outro ato régio mandando dar aos religiosos da aldeia o que lhes fosse necessário.".

@ Volume 3, Ano 1636, pg. 54:

"Em 1689 tomaram de novo conta da direção do aldeiamento os padres franciscanos, na qual se conservaram até 1742, quando a entregaram aos religiosos carmelitas, sendo então composta a sua população de caboclos da língua geral.

Era na aldeia de S. Miguel de Una que em 1710 residia o capitão-mor dos índios D. Sebastião Pinheiro Camarão, e onde acampava o terço ou regimento de infantaria dos mesmos índios, sob o seu comando; e esposando ele a causa dos mascates, a gente do partido adverso, em represália à sua atitude hostil contra os princípios políticos que os pernambucanos defendiam, invadiu e completamente destruiu o aldeiamento, e até mesmo lançou fogo às próprias plantações, pelo que teve ele que mudar o seu aquartelamento para Santo Amaro, nas Alagoas, e onde permaneceu até que se restaurou a destruída aldeia. Aí, naturalmente, faleceu o capitão-mor Camarão pelos anos de 1720.".

Com o estabelecimento do aldeiamento de Una, surgiu uma povoação, contemporaneamente, que teve tal desenvolvimento, que foi logo constituída em paróquia, que documentadamente encontramos designada com as encontradas invocações de S. Gonçalo de Una, N. S. da Purificação de Una, N. S. da Purificação e S. Gonçalo Garcia, ou simplesmente Freguesia de Una. Quanto ao aldeiamento, porém, segundo um documento de 1746, tinha a invocação de S. Miguel, parecendo assim que havia duas igrejas distintas: a daquele Santo e a da paróquia.".

Notas:

1) O BQPPB mostra duas aldeias de brasilianos com cruzeiro na área, 'Velha S. Miguel' e 'N S ᵭ S Seba∫t' - a aldeia velha, São Miguel, e a aldeia nova, Nossa Senhora da Purificação, que está plotada no mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40, e a povoação de 'S. Gonçalo', sede da Freguesia do Una, situada efetivamente na margem do rio Una. São três entes distintos, e essa compreensão pode dar melhor sentido à história da região - vide comentários em 'N S ᵭ S Seba∫t (aldeia de índios)' e em 'S. Gonçalo (povoação)'.

2) A citação de Adriaen van der Dussen acima possivelmente refere-se ao conjunto das duas aldeias, 'N S ᵭ S Seba∫t' e 'Velha S. Miguel', pois ambas estão com o símbolo do cruzeiro, indicando a presença do capelão calvinista e não têm o sinal de abandonadas.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Velha S. Miguel (aldeia de índios)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Velha_S._Miguel_(aldeia_de_%C3%ADndios). Data de acesso: 24 de abril de 2024.


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