A sessão de 27 de outubro de 1936 foi agitada. Na tribuna, o deputado cearense Xavier de Oliveira discursava sobre os recursos destinados à assistência a mães e à infância. Do plenário, Bertha Lutz faz dois apartes enfatizando a importância de se educar as mães para que elas pudessem cuidar bem de seus filhos. Muitos como Lutz pensavam assim naqueles dias, a exemplo do deputado Barbosa Lima Sobrinho, que saiu em defesa da deputada.
Maternidade assistida
Aparte em defesa da maternidade assistida
Em 7 de novembro de 1936, Bertha fala em nome do eleitorado feminino do Distrito Federal para manifestar pesar pelo falecimento do vereador Ivan Pessoa.
Pesar, em nome do eleitorado feminino do Distrito Federal
Quando Bertha Lutz chegou à Câmara dos Deputados, ali tramitava um projeto sobre a Justiça do Trabalho, de número 104, cuja comissão especial era presidida pelo jurista Waldemar Ferreira. Lutz propôs várias emendas que amparavam a mulher a buscar a justiça do Trabalho sem a tutela masculina. O tema é pouco explorado nos estudos sobre o período, que não costumam examinar como a questão das relações trabalhistas foram discutidas no Congresso antes do seu fechamento, em 1937. Eis um assunto que ainda merece pesquisa!
Origem: Arquivo Histórico da Câmara dos Deputados.
Em 22 de setembro de 1936, Berta lidera uma emenda à Lei Orçamentária que propõe equiparar os salários dos trabalhadores dos cartórios privativos do serviço eleitoral do Distrito Federal ao dos integrantes da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral. A proposta recebe ampla adesão de parlamentares, mas, qual o seu significado político?
Ora, naqueles dias, o país iniciava a experiência com um setor do Judiciário exclusivamente voltado para atender ao processo eleitoral – a Justiça Eleitoral. No entanto, simultaneamente, o sistema anterior persistia, pois, parte do relojes imitacion trabalho de cadastro e identificação de eleitores ainda era feito em cartórios privados, onde os salários eram inferiores. Bertha se pauta pelo princípio da Igualdade: para trabalhos de mesma natureza, cabe idêntica remuneração. O mesmo raciocínio que lançará mão para defender as mulheres no mercado de trabalho, sem grande sucesso, porém…
Na sessão de 17 de setembro de 1936, a deputada Bertha Lutz, apoiada por outros parlamentares, apresentou representação à Mesa para registrar o falecimento do cientista francês Jean Baptiste Charcot, em decorrência de naufrágio do navio que conduzia uma expedição científica às águas do Ártico.
Ao encaminhar a representação, Lutz discursa elogiando o professor, os avanços das mulheres no campo cientista francês e faz saber aos ouvintes que ela também é cientista, formada na mesma Universidade de Paris onde Charcot atuava. Um perfil feminino pouco usual para os padrões da época e que, jaeger lecoultre replica certamente, causava impressão entre os deputados.
Aos 38 anos, Bertha finalmente tem a satisfação de fazer o seu registro eleitoral. E mais: vota nos pleitos de 3 de maio de 1933 e em 14 de outubro de 1934.
Clique nas imagens duas vezes!
Decidida a concorrer por uma cadeira na Assembléia Nacional Constituinte, Bertha Lutz e suas colaboradoras mais próximas iniciaram conversas com os partidos do então Distrito Federal, hoje Rio de Janeiro, para viabilizar a candidatura de Lutz. Estiveram com o Partido Economista e, por fim, encontraram melhor recepção ao nome de Bertha no Partido Autonomista. Este partido era presidido e controlado diretamente pelo médico Pedro Ernesto e, indiretamente, pelo próprio Vargas. Por precaução, as feministas criaram seu próprio sistema paralelo de propaganda e apuração eleitorais, a partir da Liga Eleitoral Independente, cuja sede ficava na praça Tiradentes. Um eleitor que desejasse votar em Bertha podia destinar seu voto para a Liga ou para o Partido e assim se deu a eleição de 1933.
A documentação privada de Bertha mostra seu desconforto com a convivência política com tantos homens, muitos deles bastantes hostis. Essa imagem captura a linguagem corporal de Bertha, basta clicar nela. Observe bem…
Na circunspecta revista de negócios, O Observador Econômico e Financeiro, a poetisa e professora Cecília Meireles escreve sobre a vida das mulheres trabalhadoras e encontra uma forma sutil de criticar a política do governo Vargas para as mulheres que trabalham para sobreviver. Cecília usa o espaço que tem na revista, onde escreve regularmente, para divulgar as teses feministas sobre o assunto, mencionando largamente as ideias de Bertha Lutz e as iniciativas da Federação. Apesar de não constar entre as afiliadas desta entidade, a poetisa mostra neste artigo que apoia as ideias feministas.
O Observador Econômico e Financeiro [Edição nº 42, julho de 1939]