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'''Sobre cozinhas, balcões e vitrines na produção e divulgação do conhecimento histórico.'''
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Sobre '''cozinhas''', '''balcões''' e '''vitrines''' na produção e divulgação do conhecimento histórico.
  
 
A rede mundial de computadores se tornou concreta na segunda metade da década de 1990 e desde então vem ocupando um espaço cada vez maior na humanidade, hoje quase avassalador. Inicialmente voltada para a troca de textos (emails e páginas), ela atualmente hospeda todo tipo de conteúdo, sendo a maior fonte de consulta de informações do mundo.
 
A rede mundial de computadores se tornou concreta na segunda metade da década de 1990 e desde então vem ocupando um espaço cada vez maior na humanidade, hoje quase avassalador. Inicialmente voltada para a troca de textos (emails e páginas), ela atualmente hospeda todo tipo de conteúdo, sendo a maior fonte de consulta de informações do mundo.
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Esta dependência de profissionais, além de indicar o pouco conhecimento da tecnologia, é igualmente a causa da maioria dos problemas. Os custos se elevam muito. Não basta a instalação do site, a manutenção é outra fonte constante de gastos, até mesmo quando a necessidade é apenas incluir novos textos ou atualizar alguma informação. A constante desatualização de websites institucionais é uma prova disso: ou o interessado/contratante conhece as linguagens de programação (geralmente complexas) ou depende do tempo do programador contratado e de ter orçamento para contratá-lo.
 
Esta dependência de profissionais, além de indicar o pouco conhecimento da tecnologia, é igualmente a causa da maioria dos problemas. Os custos se elevam muito. Não basta a instalação do site, a manutenção é outra fonte constante de gastos, até mesmo quando a necessidade é apenas incluir novos textos ou atualizar alguma informação. A constante desatualização de websites institucionais é uma prova disso: ou o interessado/contratante conhece as linguagens de programação (geralmente complexas) ou depende do tempo do programador contratado e de ter orçamento para contratá-lo.
  
Os historiadores formados nas universidades brasileiras não aprendem sobre ferramentas digitais disponíveis para seu ofício, diferentemente de geógrafos ou sociólogos, seus vizinhos de disciplina. Este pode ser o último fator a ser apresentado. Estamos, assim, em um cenário difícil para superar: os historiadores dependem de técnicos programadores e webdesigners, mas não têm recursos para contratá-los. Quem pode fazê-lo, contudo, fica com os problemas de manutenção, geralmente custosa.
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Os historiadores formados nas universidades brasileiras não aprendem sobre ferramentas digitais disponíveis para seu ofício, diferentemente de geógrafos ou sociólogos, seus vizinhos de disciplina. Este pode ser o último fator a ser apresentado. Estamos, assim, em um cenário difícil para superar: os historiadores dependem de técnicos programadores e webdesigners, mas não têm recursos para contratá-los. Quem pode fazê-lo, contudo, fica com os problemas de manutenção, geralmente custosa.<ref>BUSA, Roberto. “The Annals of Humanities Computing: The Index Thomisticus.” Computers e the Humanities 14: 83–90.
 
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Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074; ROWLAND, Robert, e Renzo DEROSAS. 1991. “Premessa - Informatica e Fonti Storiche.” Quaderni Storici 78 (03); NOIRET, Serge. 2011. “Storia Digitale: Quali Sono Le Risorse Di Rete Usate Dagli Storici ?” In La Macchina Del Tempo. Studi Di Informatica Umanistica in Onore Di Tito Orlandi, edited by Lorenzo Perilli e Domenico Fiormonte, 201–258. Firenze: Le Lettere. http://www.academia.edu/1096776/Storia_Digitale_quali_sono_le_risorse_di_rete_usate_dagli_storici_; Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074; THOMAS, William. 2004. “Computing e the Historical Imagination.” In A Companion to Digital Humanities, edited by Susan Schreibman, Ray Siemens, e John Unsworth. Oxford: Blackwell.</ref>
 
 
'''Bibliografia'''
 
 
 
BUSA, Roberto. “The Annals of Humanities Computing: The Index Thomisticus.” Computers e the Humanities 14: 83–90.
 
Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074.
 
 
 
ROWLAND, Robert, e Renzo DEROSAS. 1991. “Premessa - Informatica e Fonti Storiche.” Quaderni Storici 78 (03).
 
 
 
NOIRET, Serge. 2011. “Storia Digitale: Quali Sono Le Risorse Di Rete Usate Dagli Storici ?” In La Macchina Del Tempo. Studi Di Informatica Umanistica in Onore Di Tito Orlandi, edited by Lorenzo Perilli e Domenico Fiormonte, 201–258. Firenze: Le Lettere. http://www.academia.edu/1096776/Storia_Digitale_quali_sono_le_risorse_di_rete_usate_dagli_storici_.
 
 
 
Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074
 
 
 
THOMAS, William. 2004. “Computing e the Historical Imagination.” In A Companion to Digital Humanities, edited by Susan Schreibman, Ray Siemens, e John Unsworth. Oxford: Blackwell.
 
  
  
 
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Edição atual tal como às 13h01min de 22 de setembro de 2020

Tempo estimado de leitura deste artigo 36 minutos - por Tiago Gil


Sobre cozinhas, balcões e vitrines na produção e divulgação do conhecimento histórico.

A rede mundial de computadores se tornou concreta na segunda metade da década de 1990 e desde então vem ocupando um espaço cada vez maior na humanidade, hoje quase avassalador. Inicialmente voltada para a troca de textos (emails e páginas), ela atualmente hospeda todo tipo de conteúdo, sendo a maior fonte de consulta de informações do mundo.

Em 2004, surge o conceito de web 2.0, uma variação da primeira rede, que agora passava a incorporar a noção de plataforma colaborativa, com interação entre os usuários, páginas como software e redes sociais (como Orkut, Facebook), sites de produção coletiva de conteúdo (um livro online como a Wikipedia), portais de compartilhamento de conteúdos especiais (uma televisão online, como o Youtube, um escritório online, como o Google Docs) e fóruns de discussão (como Yahoo grupos).[1]Até este momento, a internet era “estática”, do ponto de vista do seu consumo, quase como um aparelho de televisão. Um usuário poderia fazer buscas entre sites e dentro de sites, como quem troca de canal, mas não podia ele próprio interferir na rede, salvo com a criação de uma página sua. Neste contexto, os recursos mais sofisticados eram páginas como “Geocities”, que publicavam portais de usuários cadastrados, sendo, porém, profundamente limitados em espaço, sem falar em recursos. A internet 1.0 era marcada pela tecnologia HTML, que organizava o formato dos textos, mas não seu conteúdo, ou seja, na sua programação, ela era capaz de informar que aquele jogo de palavras formava o título do texto e que o jogo seguinte formava o corpo, etc, sem organizar, realmente, a informação.

Ao longo dos anos 2000, há a grande difusão da vida digital no ocidente, com a adesão massiva de internautas às cativantes redes sociais, em paralelo à ampliação de formas mais acessíveis de contratos de internet, especialmente a banda larga, em detrimento da internet discada, que marcou a internet nos seus primeiros anos. No Brasil, deixou sua marca uma rede social chamada Orkut, uma plataforma interativa onde usuários podiam manter listas de amigos e páginas de temas específicos, tudo montado pelos próprios aderentes. Era algo mais elaborado do que os grupos de emails, comuns até então, e radicalizava a ideia de que a pauta dos debates deveria vir dos usuários, algo completamente diverso das mídias clássicas, como a televisão, o rádio e a própria internet, até aquele momento. Agora o “público” podia escolher o que ver, do que participar e, inclusive, montar, ele próprio, sua programação.

Não pretendo fazer aqui o elogio do Orkut, muito associado a conteúdos de baixa qualidade, ainda que diversas comunidades ali hospedadas funcionassem como grupos de discussão ativos e de alto nível. O que me interessa ressaltar é que este tipo de ferramenta transformou a experiência com a internet. Os sites estáticos perderam atrativos, mesmo os portais de divulgação institucional. Até mesmo as instituições passariam a ter suas contas no Facebook e no Twitter. A tradicional Universidade de Cambridge possui, como outras tantas, seu canal oficial no Youtube, que contém vídeos institucionais, aulas e conferências. Qualquer estudante de história do mundo pode, por exemplo, acompanhar os vídeos de aulas e palestras do renomado historiador britânico Alan Macfarlane, através do CambridgeU Channel do Youtube. Ao mesmo tempo em que as redes sociais se tornavam grandes espaços de colaboração, os chamados blogs também entraram com força no mundo virtual. Seu uso, guardadas as diferenças, tem grande semelhança com as redes sociais: os conteúdos são definidos pelos próprios usuários e há espaço para a interação através de recursos como os comentários, onde os leitores podem dialogar com os autores, além de ferramentas de avaliação e meios de compartilhar o material em outros espaços virtuais, como os já mencionados Twitter e Facebook.

É neste contexto que volto a falar de história, sua difusão e produção online. Com o crescimento da web 2.0, os conteúdos de história se multiplicaram. Se isso confirma o aumento do interesse de internautas no tema, não temos motivos para acreditar que esta demanda tenha encontrado resposta na atuação virtual de historiadores. Em boa medida, os profissionais do campo da história, aqueles que se dedicam ao estudo dos homens no tempo, não parecem animados com os novos recursos disponíveis. Há uma boa quantidade de sites de referência em história feitos por historiadores. Contudo, parte destas iniciativas acaba minguando dado o pouco uso e a dificuldade de manutenção, já que são construídas de forma tradicional. Mesmo quando utilizam tecnologias como PHP, que permitem ferramentas avançadas, como colaboração e/ou comentários, seu uso é baseado em uma equipe fechada que publica o que considera relevante, deixando a interação para segundo plano.ii A área de história, no terreno dos profissionais, ainda usa a mesma internet de 1995.

Ao mesmo tempo, a internet seguiu avançando. Em dezembro de 2006, John Markoff cunhou o termo web 3.0, para designar aquilo que entendia ser o futuro da internet: a estruturação semântica de conteúdos.iii Antes dele, o próprio criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee, já falava deste desafio.iv Se a linguagem HTML permitia organizar o formato dos textos (negrito, itálico, parágrafos, etc), as novas ferramentas, em especial os formatos XML e PHP, permitiam organizar os textos atribuindo markups (rótulos, palavras-chave que caracterizam a informação, metadados), indicando, por exemplo, que o Coliseu não é apenas uma palavra de sete letras, mas uma palavra de sete letras, em língua portuguesa, que designa um monumento histórico em Roma, Itália, ou, dependendo da tag, um Edifício em Porto Alegre, Brasil. O termo web 3.0 ainda não é unânime. Ainda há certa dúvida sobre até que ponto isso é algo novo, ou se já marcava a web 2.0.[2] De qualquer forma, inovação ou não, tampouco neste novo campo há presença dos historiadores profissionais. Este estilo de internet poderia interessar em muito os estudiosos desta disciplina, e por diversas razões. A mais evidente é a possibilidade de organizar conteúdos de acordo com um conjunto de temas específicos, quase como uma base de dados. Isso permite ao profissional, preocupado com o uso de conceitos claros, diferentemente dos não profissionais, que podem dispensar isso, estruturar os conteúdos que utiliza de forma unívoca, transparente, utilizando, para tal, estes recursos inovadores da tecnologia da informação. É como montar um banco de dados (de fato, nos bastidores do site há dezenas de bancos de dados SQL trabalhando) de modo mais “amigável”, para adotar aqui outra expressão que surge com o uso destas novas ferramentas.

Até aqui comentamos superficialmente os avanços da internet nos últimos anos e sua subutilização pelos historiadores. Resta documentar esta última. Tarefa difícil, esta, de demonstrar uma inexistência. Pretendo apresentar alguns bons exemplos de sites de referência em história, todos com conteúdo de alta qualidade. Para analisá-los, utilizarei três definições práticas, três tipos de site: os chamarei de sites “vitrine”, “balcão” e “cozinha”. “Vitrine” é aquele que apenas exibe produtos (pesquisas, materiais didáticos, fontes, etc), mas sem nenhuma interação, só podemos ver, não provar. Quase sempre a relação entre o conteúdo e os historiadores (inclusive os autores) é mediada por um programador; “Balcão” é o site que permite alguma interação, unilateral, pois um dos lados, o de dentro, mostra ao usuário o que dispõe e permite alguma prova. Quase sempre a mediação entre o conteúdo e os usuários é feita pelos autores; o site “cozinha” é aquele onde ocorre ampla interação, usuários podem participar da produção dos conteúdos e/ou avaliar em tempo real sua publicação.

Pioneiro, desde 1995, o H-Net é um grupo de discussão na área de humanidades, um dos maiores do mundo. Sua estrutura sempre foi interativa, na forma de fóruns, sem objetivar a troca de conteúdos produzidos. O foco é o debate, o que é certamente fundamental nas humanidades, mas não visa à produção de resultados de grupos de trabalho. Não pretende ser um espaço de construção de pesquisas ou de sua publicação, ainda que cumpra, perifericamente, esta função, ao fomentar a discussão. É um bom exemplo de site “cozinha”, pois muitas coisas estão em preparação, sem que sejam realmente oferecidas.

O website Detetives do passado, criado pelas professoras Keila Grinberg e Anita de Almeida é uma excelente ferramenta de publicação de materiais didáticos e atividades online. O material é de ótima qualidade e oferece suporte a estudantes e professores. Contudo, tal iniciativa não visa ser um site colaborativo, não pretende ser um espaço de interlocução. As idéias estão ali, disponíveis para os usuários. É um excelente caso de site “balcão”, já que oferece unilateralmente conteúdos aos usuários, sem receber colaboração, sem abrir sua cozinha.

Para solucionar este problema, foi criado o blog do Detetives do Passado, feito no blogger da Google. Isso ocorreu, provavelmente, pois a tecnologia utilizada no site principal era baseada em flash, excelente para animações e recursos visuais, mas pouco adequada para interação. Neste caso, há uma separação clara entre o que fez o webdesigner (na cozinha), guiado pelo historiador (pensando no balcão), e o que este último escolheu como seu canal de comunicação dinâmico, fora de seu próprio site, desta vez, abrindo a cozinha ao público. Há uma notória separação de atividades. E certamente este é um dos melhores portais de história existentes no Brasil na atualidade.

Talvez o mais antigo website de história tenha sido o lendário The Valley of Shadow Project, da Universidade da Virginia . Criado no final dos anos 1990 e ainda em funcionamento, ele apresenta conteúdo organizado na forma de uma pesquisa histórica sobre duas comunidades no contexto da guerra civil americana, entre 1860 e 1870. Qualquer pessoa pode baixar os dados pré-organizados e realizar sua própria pesquisa. Mesmo tendo sido feito em HTML, ele pode ser considerado um site “balcão”, pela forma como dispõe os dados. Além de pioneiro, este projeto já pensava, nos anos 1990, um uso mais amplo da internet.


Por fim, vejamos o Proprata , criado por César Kieling para o Programa de Pesquisas Interdisciplinares da Região Platina Oriental, da PUCRS, liderado pelo professor Arno Kern. Este site, feito em Joomla, exibe informações de pesquisa e conteúdos diversos, utilizando web semântica, através de um bom controle de metadados. Tampouco aqui a interação é o objetivo, mesmo sendo um site de referência no tema. Alguns conteúdos podem ser consultados pelos usuários, outros podem ser baixados, mas sem retorno ao grupo de pesquisa, servindo antes para divulgação de pesquisas. O portal não serve de suporte de debates nem mesmo ao próprio grupo. É um perfeito caso de site “vitrine”. Como este, poderíamos encontrar centenas, mesmo que a maioria não utilize web semântica bem feita, como é o caso, pelo simples fato de que a ação direta dos historiadores na web ainda é matizada pelos webdesigners.

Vimos alguns exemplos de websites de boa qualidade em história. Não vamos nos alongar, pois tomaria tempo e não acrescentaria muito. Alguns, como o “Proprata” utilizam indexadores semânticos avançados. Outros, como o “Detetive Virtual”, utilizam recursos gráficos apreciáveis. De modo geral, contudo, vimos que a enorme maioria dos portais da área é de depósitos de conteúdos, alguns semanticamente indexados, outros não. Há poucos sites de construção coletiva, colaboração e interação que sejam de referência. Não que isso seja obrigação, como pode parecer. Mas reforça o argumento de que os historiadores ainda estão na web 1.0, quando, na internet atual, a comida pode ser preparada e servida na rua, para continuar com nossa metáfora. Convém tentar entender os motivos deste cenário. Não parece haver uma causa isolada, mas diversas. A primeira diz respeito ao pouco conhecimento que os historiadores têm de tecnologia da informação. Isso fica sugerido pelo estilo dos sites existentes: a maior parte é de sites criados exclusivamente para os projetos, posto que em algum momento houve recursos para contratação de profissional de TI ou web designers, algo que pode ser comprovado nos créditos das páginas da grande maioria dos portais.

Esta dependência de profissionais, além de indicar o pouco conhecimento da tecnologia, é igualmente a causa da maioria dos problemas. Os custos se elevam muito. Não basta a instalação do site, a manutenção é outra fonte constante de gastos, até mesmo quando a necessidade é apenas incluir novos textos ou atualizar alguma informação. A constante desatualização de websites institucionais é uma prova disso: ou o interessado/contratante conhece as linguagens de programação (geralmente complexas) ou depende do tempo do programador contratado e de ter orçamento para contratá-lo.

Os historiadores formados nas universidades brasileiras não aprendem sobre ferramentas digitais disponíveis para seu ofício, diferentemente de geógrafos ou sociólogos, seus vizinhos de disciplina. Este pode ser o último fator a ser apresentado. Estamos, assim, em um cenário difícil para superar: os historiadores dependem de técnicos programadores e webdesigners, mas não têm recursos para contratá-los. Quem pode fazê-lo, contudo, fica com os problemas de manutenção, geralmente custosa.[3]


Referências

  1. Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074
  2. NOIRET, Serge. 2011. “Storia Digitale: Quali Sono Le Risorse Di Rete Usate Dagli Storici ?” In La Macchina Del Tempo. Studi Di Informatica Umanistica in Onore Di Tito Orlandi, edited by Lorenzo Perilli e Domenico Fiormonte, 201–258. Firenze: Le Lettere.
  3. BUSA, Roberto. “The Annals of Humanities Computing: The Index Thomisticus.” Computers e the Humanities 14: 83–90. Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074; ROWLAND, Robert, e Renzo DEROSAS. 1991. “Premessa - Informatica e Fonti Storiche.” Quaderni Storici 78 (03); NOIRET, Serge. 2011. “Storia Digitale: Quali Sono Le Risorse Di Rete Usate Dagli Storici ?” In La Macchina Del Tempo. Studi Di Informatica Umanistica in Onore Di Tito Orlandi, edited by Lorenzo Perilli e Domenico Fiormonte, 201–258. Firenze: Le Lettere. http://www.academia.edu/1096776/Storia_Digitale_quali_sono_le_risorse_di_rete_usate_dagli_storici_; Noiret, Serge. 2011. “Y a t-il une Histoire Numérique 2.0 ?” Edited by Jean-Philippe GENET e Andrea ZORZI. Les historiens et l’informatique : Un métier à réinventer. Collection de l’Ecole Française de Rome. http://cadmus.eui.eu/handle/1814/18074; THOMAS, William. 2004. “Computing e the Historical Imagination.” In A Companion to Digital Humanities, edited by Susan Schreibman, Ray Siemens, e John Unsworth. Oxford: Blackwell.



Citação deste verbete
Como citar: GIL, Tiago. "Os historiadores na web". In: CLIOMATICA - Portal de História Digital e Pesquisa. Disponível em: http://lhs.unb.br/cliomatica/index.php/Os_historiadores_na_web. Data de acesso: 1 de julho de 2024.






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