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Estatística descritiva para historiadores

De Cliomatica - Digital History
Tempo estimado de leitura deste artigo 8 minutos - por Tiago Gil


Introdução

A chamada estatística descritiva é formada pelas ferramentas mais conhecidas e usadas deste campo do conhecimento. A forma de calcular a média, ou melhor, as diferentes medidas de centralidade são algumas das principais questões que trataremos neste verbete. Além disso, veremos também formas de dispersão, distribuição e séries temporais.

Nesse verbete vamos apenas discutir o conceito e os modos de empregar essas métricas. O cálculo e as fórmulas ficarão nos verbetes de cada uma das ferramentas, que estarão diretamente lincados aqui. Fazemos isso por entender que a compreensão do significado destes cálculos é mais importante que o modo de resolvê-la, ainda que essas questões não sejam separáveis e nossa abordagem aqui seja apenas didática.

Medidas de centralidade

Antes de tudo, convém lembrar que as medidas sobre as quais vamos falar fazem sempre referência a um conjunto específico de dados. Não existe média geral, ela é sempre a média de algum grupo de informações, ou seja, de uma população ou de uma amostra. E para que serve a média? Trata-se de um cálculo que elimina as diferenças existentes entre os membros de um grupo, salientando um ponto do qual todos estão igualmente distantes. É uma forma simples de apresentar um rosto único para uma série de dados diversos os quais, entendemos, tem alguma razão para estar no mesmo grupo, razão essa que pode ser metodológica, empírica ou teórica. Muitas vezes ela não nos diz muito sobre os nossos dados e por isso é frequentemente criticada. A média, contudo, tem uma grande utilidade: ela permite comparações entre grupos diferentes. Ela nos dá uma noção diante da completa incerteza. Ainda que ela simplifique, ela não está distante da maior parte dos casos que foram usados para formá-la. Sozinha, contudo, não é de grande serventia e obtém seu brilho nas comparações com outras médias ou quando melhor explicada junto com outras medidas, como a moda e a mediana.

Vejamos um caso no qual a média pode ser útil como uma primeira referência. Stuart Schwartz calculou a quantidade média de escravos por tipo de propriedade agrícola na Bahia do início do século XIX. Segundo ele, os senhores de engenho tinham, em média, 65,5 escravos. Os plantadores de fumo, 19,3; os donos de sítios ou fazendas, 13,4; donos de alambique, 12,1 e os lavradores de cana, 10,5. Esses dados nos mostram uma enorme diferença social no mundo dos livres. Os senhores de engenho tinham muito mais escravos que os demais segmentos e a média nos ajuda a entender exatamente quanto.[1][2]

As medidas de centralidade, contudo, não se resumem a média. E a média, aliás, tem suas variações, como a média aritmética (a mais usada), a média geométrica e a ponderada.

Médias

médias, mediana, moda, desvio padrão, coeficiente de variação, amostragem, dispersão, distribuição e séries temporais


Referências

  1. SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos. São Paulo: Companhia das Letras, 1988
  2. Para mais exemplos de médias em pesquisas sobre escravidão, ver também MARCONDES, Renato Leite. Diverso e desigual: o Brasil escravista na década de 1870. São Paulo: FUNPEC, 2009



Citação deste verbete
Como citar: GIL, Tiago. "Estatística descritiva para historiadores". In: CLIOMATICA - Portal de História Digital e Pesquisa. Disponível em: http://lhs.unb.br/cliomatica/index.php/Estat%C3%ADstica_descritiva_para_historiadores. Data de acesso: 30 de setembro de 2024.






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