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(depoimento em 1787 - Manuel Antonio de Vargas)

De Atlas Digital da América Lusa

(depoimento em 1787 - Manuel Antonio de Vargas)

Geometria

Manuel Antonio de Vargas, morador no distrito de Cai, e que vive de suas lavouras informa o seguinte.

Que sabe que o capitão Manuel José de Alencastre fora preso por duas vezes por ordem e representação do capitão Custódio Ferreira de Oliveira Guimarães, mas que ignora os motivos que houveram para as ditas prisões: que sabe por ter ouvido dizer que o capitão Custódio Ferreira de Oliveira Guimarães em certa ocasião confiscara uma porção de bestas, e que dando-lhe o contrabandista uma porção de dinheiro as deixara passar ainda que depois foram confiscadas em um dos Registros, o que só sabe por ter ouvido dizer como acima leva declarado: que tem ouvido dizer que o dito capitão Custódio Ferreira tendo-lhe servido de alguns peões, e [p. 347v] de outras pessoas para os rodeios dos animais na sua fazenda, se alguns lhe pedem pagamento dos seus trabalhos os ultraja com palavras ou prende com diversos pretextos: que sabe que alguns moradores do distrito do capitão Custódio Ferreira tem vendido as terras que ali possuíam e mudado-se para outros distritos declarando que o fazem para se livrarem dos vexames que lhe causam o sobredito capitão Custódio Ferreira: que sabe que o capitão Manuel José de Alencastre para evitar o seu precipício e desviar-se das continuadas desordens que com ele tinha o capitão Custódio Ferreira arrendara suas fazendas e se passara com a sua família para a freguesia do Triunfo e deixando ali a dita família se passara a cidade do Rio de Janeiro: que sabe que vindo o capitão Evaristo Pinto Bandeira em certa ocasião ao passo do Rio do Sinos intentara vir para Porto Alegre pelo rio abaixo na canoa que da a passagem naquele lugar aos viandantes e paradas; e porque o passageiro se opôs a esta resolução o dito capitão Evaristo tirando a espada deu com ela muita pranchadas no dito passageiro obrigando-o a vir remando na canoa até Porto Alegre: que sabe que o capitão Evaristo Pinto Bandeira é costumado a conduzir bestas de contrabando passando-as para cima da serra. E de tudo o mais que foi perguntado por mim coronel comandante deste continente, respondeu nada sabia, e para constar assinou com o seu sinal costumas de uma [p. 348] cruz em Porto Alegre, aos vinte e quatro de novembro de mil setecentos e oitenta e sete.

Joaquim José Ribeiro da Costa Sinal de Manuel Antonio de Vargas "+"

Ficha técnica da Fonte
Autor: diversos
Data: 1787.
Referência: Códice 104. Volume 09. Secretaria do Estado do Brasil.
Acervo: Arquivo Nacional.
Transcrição: Tiago Luís Gil.
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