Ações

Arraial do Tejuco

De Atlas Digital da América Lusa

(Diferença entre revisões)
Linha 1: Linha 1:
 
+
{{Verbete
 
+
|nome=Carmem Marques
 +
|sobrenome=Rodrigues
 +
|verbete=
 
O arraial do tijuco, proveniente do termo em Tupi para água suja ou lamacenta, foi fundado junto às lavras de Jerônimo Correia, natural da Bahia, em 1713. O arraial desenvolveu-se primeiramente com a mineração do ouro, mas logo em seguida começou a receber vários exploradores que vinha atrás das notícias sobre os diamantes. Oficialmente os diamantes foram descobertos em 1729<ref>AHU, n.1247/56683</ref>, mas há fortes indícios que as pedras já estavam sendo exploradas há quase dez anos. Com a notoriedade do envio das pedras ao Reino, o governador dom Lourenço de Almeida, que serviu por muitos anos nas Índias e conhecia muito bem a natureza das pedras e, provavelmente, estava envolvido no comércio ilegal das mesmas, se viu obrigado a comunica-lo a Coroa. Assim, nos primeiros anos da exploração o arraial viveu intenso crescimento populacional e econômico, que se consolidou quando tornou-se sede do [[distrito diamantino]] em 1734<ref>LIMA JÚNIOR, Augusto de. História dos Diamantes nas Minas Gerais. Rio de Janeiro: Dois Mundos, sd.</ref>. Rapidamente, a população do arraial superou a população da [[Vila do Príncipe]], cabeça da [[Comarca do Serro do Frio]], transformando-se no principal centro comercial da região, mas não era de interesse da Coroa transformar o arraial em vila, pois a instalação de uma Câmara Municipal poderia fortalecer muito os já poderosos homens bons da região<ref>FURTADO, Júnia F. Entre becos e vielas: o arraial do Tejuco e a sociedade setecentista. In:PAIVA, Eduardo França e ANASTASIA, Carla Maria Junho. O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver - séculos XVI e XIX. São Paulo: Annablume, 2002. p.497-511.</ref>. Somente no final do século XVIII e começo do Século XIX, quando a exploração dos diamantes entrou em decadência, que aumentaram as petições dos moradores pedindo a elevação do arraial à vila. O arraial do Tejuco foi elevado a vila, passando a se chamar Diamantina, em 1831. Pouco tempo depois em 1838, foi elevada a Cidade. A importância da cidade também fica evidente quando em 1853 foi escolhida para sediar o segundo bispado de Minas Gerais. A opulência de Diamantina ficou evidente na descrição de Saint-Hilaire, que percorreu a região no início do século XIX: “Em toda a província de Minas, encontrei homens dóceis, cheios de benevolência e hospitalidade; e os habitantes do Tijuco não possuem em grau inferior estas qualidades e nas primeiras classes da sociedade elas ainda são mais realçadas por uma urbanidade sem afetação e pelo estilo da boa companhia. Encontrei no Tijuco mais ilustração que em todo o Brasil, mais gosto pela literatura e um amor mais vivo pela instrução.”<ref>FURTADO, Júnia F. O Livro da Capa Verde, o Regimento Diamantino de 1771 e a vida no Distrito Diamantino no período da Real Extração. São Paulo: Annablume, 1996.</ref>
 
O arraial do tijuco, proveniente do termo em Tupi para água suja ou lamacenta, foi fundado junto às lavras de Jerônimo Correia, natural da Bahia, em 1713. O arraial desenvolveu-se primeiramente com a mineração do ouro, mas logo em seguida começou a receber vários exploradores que vinha atrás das notícias sobre os diamantes. Oficialmente os diamantes foram descobertos em 1729<ref>AHU, n.1247/56683</ref>, mas há fortes indícios que as pedras já estavam sendo exploradas há quase dez anos. Com a notoriedade do envio das pedras ao Reino, o governador dom Lourenço de Almeida, que serviu por muitos anos nas Índias e conhecia muito bem a natureza das pedras e, provavelmente, estava envolvido no comércio ilegal das mesmas, se viu obrigado a comunica-lo a Coroa. Assim, nos primeiros anos da exploração o arraial viveu intenso crescimento populacional e econômico, que se consolidou quando tornou-se sede do [[distrito diamantino]] em 1734<ref>LIMA JÚNIOR, Augusto de. História dos Diamantes nas Minas Gerais. Rio de Janeiro: Dois Mundos, sd.</ref>. Rapidamente, a população do arraial superou a população da [[Vila do Príncipe]], cabeça da [[Comarca do Serro do Frio]], transformando-se no principal centro comercial da região, mas não era de interesse da Coroa transformar o arraial em vila, pois a instalação de uma Câmara Municipal poderia fortalecer muito os já poderosos homens bons da região<ref>FURTADO, Júnia F. Entre becos e vielas: o arraial do Tejuco e a sociedade setecentista. In:PAIVA, Eduardo França e ANASTASIA, Carla Maria Junho. O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver - séculos XVI e XIX. São Paulo: Annablume, 2002. p.497-511.</ref>. Somente no final do século XVIII e começo do Século XIX, quando a exploração dos diamantes entrou em decadência, que aumentaram as petições dos moradores pedindo a elevação do arraial à vila. O arraial do Tejuco foi elevado a vila, passando a se chamar Diamantina, em 1831. Pouco tempo depois em 1838, foi elevada a Cidade. A importância da cidade também fica evidente quando em 1853 foi escolhida para sediar o segundo bispado de Minas Gerais. A opulência de Diamantina ficou evidente na descrição de Saint-Hilaire, que percorreu a região no início do século XIX: “Em toda a província de Minas, encontrei homens dóceis, cheios de benevolência e hospitalidade; e os habitantes do Tijuco não possuem em grau inferior estas qualidades e nas primeiras classes da sociedade elas ainda são mais realçadas por uma urbanidade sem afetação e pelo estilo da boa companhia. Encontrei no Tijuco mais ilustração que em todo o Brasil, mais gosto pela literatura e um amor mais vivo pela instrução.”<ref>FURTADO, Júnia F. O Livro da Capa Verde, o Regimento Diamantino de 1771 e a vida no Distrito Diamantino no período da Real Extração. São Paulo: Annablume, 1996.</ref>
 
+
}}
{{Citar|nome=Carmem Marques|sobrenome=Rodrigues}}
+
  
 
   
 
   

Edição de 07h09min de 5 de dezembro de 2014

por Carmem Marques Rodrigues


O arraial do tijuco, proveniente do termo em Tupi para água suja ou lamacenta, foi fundado junto às lavras de Jerônimo Correia, natural da Bahia, em 1713. O arraial desenvolveu-se primeiramente com a mineração do ouro, mas logo em seguida começou a receber vários exploradores que vinha atrás das notícias sobre os diamantes. Oficialmente os diamantes foram descobertos em 1729[1], mas há fortes indícios que as pedras já estavam sendo exploradas há quase dez anos. Com a notoriedade do envio das pedras ao Reino, o governador dom Lourenço de Almeida, que serviu por muitos anos nas Índias e conhecia muito bem a natureza das pedras e, provavelmente, estava envolvido no comércio ilegal das mesmas, se viu obrigado a comunica-lo a Coroa. Assim, nos primeiros anos da exploração o arraial viveu intenso crescimento populacional e econômico, que se consolidou quando tornou-se sede do distrito diamantino em 1734[2]. Rapidamente, a população do arraial superou a população da Vila do Príncipe, cabeça da Comarca do Serro do Frio, transformando-se no principal centro comercial da região, mas não era de interesse da Coroa transformar o arraial em vila, pois a instalação de uma Câmara Municipal poderia fortalecer muito os já poderosos homens bons da região[3]. Somente no final do século XVIII e começo do Século XIX, quando a exploração dos diamantes entrou em decadência, que aumentaram as petições dos moradores pedindo a elevação do arraial à vila. O arraial do Tejuco foi elevado a vila, passando a se chamar Diamantina, em 1831. Pouco tempo depois em 1838, foi elevada a Cidade. A importância da cidade também fica evidente quando em 1853 foi escolhida para sediar o segundo bispado de Minas Gerais. A opulência de Diamantina ficou evidente na descrição de Saint-Hilaire, que percorreu a região no início do século XIX: “Em toda a província de Minas, encontrei homens dóceis, cheios de benevolência e hospitalidade; e os habitantes do Tijuco não possuem em grau inferior estas qualidades e nas primeiras classes da sociedade elas ainda são mais realçadas por uma urbanidade sem afetação e pelo estilo da boa companhia. Encontrei no Tijuco mais ilustração que em todo o Brasil, mais gosto pela literatura e um amor mais vivo pela instrução.”[4]


Referências

  1. AHU, n.1247/56683
  2. LIMA JÚNIOR, Augusto de. História dos Diamantes nas Minas Gerais. Rio de Janeiro: Dois Mundos, sd.
  3. FURTADO, Júnia F. Entre becos e vielas: o arraial do Tejuco e a sociedade setecentista. In:PAIVA, Eduardo França e ANASTASIA, Carla Maria Junho. O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver - séculos XVI e XIX. São Paulo: Annablume, 2002. p.497-511.
  4. FURTADO, Júnia F. O Livro da Capa Verde, o Regimento Diamantino de 1771 e a vida no Distrito Diamantino no período da Real Extração. São Paulo: Annablume, 1996.



Citação deste verbete
Autor do verbete: Carmem Marques Rodrigues
Como citar: RODRIGUES, Carmem Marques. "Arraial do Tejuco". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Arraial_do_Tejuco. Data de acesso: 16 de abril de 2024.



Baixe a referência bibliográfica deste verbete usando

BiblioAtlas recomenda o ZOTERO

(clique aqui para saber mais)

Informar erro nesta página