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Cabŭroŭ aponga

De Atlas Digital da América Lusa

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a) como a cidade fortificada, nas palavras de João Baptista Sijens:
  
Onze léguas além encontra-se a baía Mucuru
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''Onze léguas além encontra-se a baía Mucuru, onde esteve João Baptista Sijens,(1) que no seu diário escreve o seguinte a respeito dela:
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«Ano 1600, 21 de novembro, chegamos à rada de Mucuripe. Encontramos grande quantidade de selvagens, dos quais 19 principais vieram a bordo do nosso navio, trazendo algumas galinhas e fios de algodão. Ouvimos falar de uma mina de esmeraldas que lá deveria estar e muito âmbar gris. Fomos terra adentro e chegamos à sua cidade fortificada, onde encontramos como que 5.000 habitantes, que lá se tinham fixado por medo dos seus inimigos. Manifestaram grande amizade: a casa se arruinou pela muita gente que queria ver os nossos. Deram-nos a cada um uma mulher em sinal de amizade. De noite saímos de lá para dormir numa aldeia mais perto da pedra, em casa do rei da terra.»
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1 Para o Diário de 1600 de J. B. Sijens, ver pág. 57 a 59 do Roteiro de Hessel Gerritsz de 1629 na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.''.
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b) como a aldeia Tapirugh, pelas palavras dos brasilianos ''Gaspar Paraupaba do Ceará, da idade de 60 anos; Andrés Francisco do Ceará, da idade de 50 anos; Antônio Paraupaba (2) de Tabussuram, que fica na distância de 2 dias no interior da Paraíba, da idade de 30 anos; Pedro Poti, da idade de 20 anos.'':
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''A quatro horas de Mocuru fica a cidade deles: Tapirugh, com dois principais; um que se chama Kiaba e o outro Vawassouw. São tiguares de nação. Os franceses estiveram em Tapiruch, mas não foram além. Do Ceará terra adentro e a um dia de viagem de Tapirugh acima do dito está a montanha Boraguaba, onde deve haver uma mina de prata, cuja prata Gaspar e Andrés tocaram com as mãos e dizem tê-la reconhecido pela cor branca e consistência. E preciso fixar-se nisso, etc.
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2 No manuscrito, Wacawassoivay = ParaoePPava ''.
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● as notas (1) e (2) são de autoria do prof. Benjamin Teensma, que transcreveu e traduziu os documentos em (Laet, 1637).
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● (Beck, 1649) pode estar se referindo a essa aldeia, denominando-a 'Piraipaba':
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@ relatando os acontecimentos do dia 14/abril/1649, pg. 365:
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''Na mesma data recebi uma carta do ministro Kempins, dirigida da aldeia do principal Amunijú-pitanga, chamada Piraipaiba, na qual, entre outras couzas, me avisa ter ali chegado ...''.
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@ relatando os acontecimentos do dia 15/abril/1649, pg. 366-367:
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''À tarde recebi uma carta do ministro Kempins, de Paraipaba, na qual, entre outras couzas, me participa que ...''.
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● os neerlandeses, para apoio às atividades de prospecção de prata no monte Itarema, estabeleceram nova aldeia nas faldas do monte Maragoa (Maragoaba), plotada no mapa (GERBIER, c.1650-1663) La description dela contreé de CHIARA, assinalada com o número 18, '18 - Aldee Pirapεaiba environneé de Palissades', próxima ao monte 'Rapeaiba', que pode ter sido assim denominada pelo costume dos brasilianos ao erguerem nova aldeia dar-lhe o nome daquela de onde se originam os seus habitantes - 'Piraipaba'.
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● o Diário de Mathias Beck, (Beck, 1649), refere-se a essa nova aldeia, sem citar seu nome:
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@ relatando as atividades de 26/julho/1649, noticia o início da construção dessa nova aldeia, pg. 387:
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''O mesmo meu escrivão entregou-me uma cartinha do ministro Kempins comunicando-me que os índios ocupam-se presentemente na construção da nova aldeia e que não havendo mais gente para casar nem crianças para batizar e também pouca ou nenhuma gente vindo aos domingos à igreja, ao passo que no Siará havia muita gente para casar e crianças para batizar, as quais não queriam ir à aldeia velha, sendo, outrossim, a aldeia nova pouco distante do Siará e havendo no Siará uma boa casa do principal Francisco Aragiba, onde poderia alojar-se comodamente, ficando assim mais à mão, resolvera, caso eu aprovasse e julgasse conveniente, ir morar ali a fim de efetuar os referidos casamentos e batizados, mas que primeiro aguardava o meu juízo e parecer a respeito.''.
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@ mais referências em 28/julho/1649 a essa nova aldeia, pg. 389:
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''28 de julho.
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Respondendo à carta do ministro Kempins, de 26 do corrente, permiti-lhe que fosse residir temporariamente no Siará até que na nova aldeia fosse construída a igreja e levantado um cruzeiro em frente à mesma, quando cumpria fosse ali habitar.''.
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@ 5/agosto/1649, ainda a nova aldeia, pg. 392:
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''Por volta do meio-dia chegamos à aldeia dos índios, onde veio ao meu encontro o comissário van Ham, com o mestre mineiro Hans Simpel, e seus companheiros, vindos do monte Maragoaba com uma amostra de mineral, referindo que o mesmo monte apresenta aspecto idêntico ao de Itarema  ...''.
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● como a nova aldeia teve início em 16 de julho de 1649, as referências no Diário de Mathias Beck à 'aldeia Piraipaba' em 14 e 15 de abril deve estar associada  á antiga aldeia.
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Edição de 15h17min de 4 de janeiro de 2013

Coleção Levy Pereira

Cabŭroŭ aponga

sem nome no MBU

Natureza: aldeia de índios

Mapa:

MARITIMA BRASILIÆ UNIVERSÆ

Capitania: Siara

sem nome no MBU

Aldeia de indios (brasilianos), sem nome no MBU.

Nomes históricos: Cabŭroŭ aponga; kabúroú Apunga; Inboduaponga; Tapirugh; Tapiruch; Piraipaba; Piraipaiba.

Nome atual: aldeia extinta.

● localizada na área urbana de Fortaleza-CE, possivelmente nas proximidades da lagoa Parangaba, no bairro de Parangaba, cidade de Fortaleza-CE.

● essa aldeia tinha uma paliçada, conforme desenhada no mapa Y-59 (4.VEL Y, 1642), o que pode ter sido o motivo de ser chamada de 'aldeia fortificada' por João Baptista Sijens em 1600.

● 'Tapiruch', 'Tapirugh' pode estar associado ao nome do bairro de Itaperi, nas proximidades.

Citações:

►Mapa CE (IAHGP-Vingboons, 1640) #53 CAPITANIA DO ZIERA, atribuído a Jorge Margrave, plotada como 'Cabŭroŭ aponga'.

►Mapa Y-59 (4.VEL Y, 1642) De Cust van Brazil tusschen ponto abaron en Rio Syara, plotado com o símbolo com a forma de sua planta, aldeia fortificada cercada com paliçada retangular, 'kabúroú Apunga:'.

►Mapa (GERBIER, c.1650-1663) La description dela contreé de CHIARA, não plota essa aldeia, contudo, representa a lagoa 'Sporangaba', assinalada com o número 11, '11 - grande Allagoa apellé Sporangaba.'.

►(Laet, 1637), Descrição da costa do noroeste de Brasil entre Pernambuco e Rio Camocipe, do Relatório dos brasilianos, pg. 143, cita essa aldeia de duas maneiras:

a) como a cidade fortificada, nas palavras de João Baptista Sijens:

Onze léguas além encontra-se a baía Mucuru, onde esteve João Baptista Sijens,(1) que no seu diário escreve o seguinte a respeito dela:

«Ano 1600, 21 de novembro, chegamos à rada de Mucuripe. Encontramos grande quantidade de selvagens, dos quais 19 principais vieram a bordo do nosso navio, trazendo algumas galinhas e fios de algodão. Ouvimos falar de uma mina de esmeraldas que lá deveria estar e muito âmbar gris. Fomos terra adentro e chegamos à sua cidade fortificada, onde encontramos como que 5.000 habitantes, que lá se tinham fixado por medo dos seus inimigos. Manifestaram grande amizade: a casa se arruinou pela muita gente que queria ver os nossos. Deram-nos a cada um uma mulher em sinal de amizade. De noite saímos de lá para dormir numa aldeia mais perto da pedra, em casa do rei da terra.»

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1 Para o Diário de 1600 de J. B. Sijens, ver pág. 57 a 59 do Roteiro de Hessel Gerritsz de 1629 na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro..

b) como a aldeia Tapirugh, pelas palavras dos brasilianos Gaspar Paraupaba do Ceará, da idade de 60 anos; Andrés Francisco do Ceará, da idade de 50 anos; Antônio Paraupaba (2) de Tabussuram, que fica na distância de 2 dias no interior da Paraíba, da idade de 30 anos; Pedro Poti, da idade de 20 anos.:

A quatro horas de Mocuru fica a cidade deles: Tapirugh, com dois principais; um que se chama Kiaba e o outro Vawassouw. São tiguares de nação. Os franceses estiveram em Tapiruch, mas não foram além. Do Ceará terra adentro e a um dia de viagem de Tapirugh acima do dito está a montanha Boraguaba, onde deve haver uma mina de prata, cuja prata Gaspar e Andrés tocaram com as mãos e dizem tê-la reconhecido pela cor branca e consistência. E preciso fixar-se nisso, etc.

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2 No manuscrito, Wacawassoivay = ParaoePPava .

● as notas (1) e (2) são de autoria do prof. Benjamin Teensma, que transcreveu e traduziu os documentos em (Laet, 1637).

NOTA:

● (Beck, 1649) pode estar se referindo a essa aldeia, denominando-a 'Piraipaba':

@ relatando os acontecimentos do dia 14/abril/1649, pg. 365:

Na mesma data recebi uma carta do ministro Kempins, dirigida da aldeia do principal Amunijú-pitanga, chamada Piraipaiba, na qual, entre outras couzas, me avisa ter ali chegado ....

@ relatando os acontecimentos do dia 15/abril/1649, pg. 366-367:

À tarde recebi uma carta do ministro Kempins, de Paraipaba, na qual, entre outras couzas, me participa que ....

● os neerlandeses, para apoio às atividades de prospecção de prata no monte Itarema, estabeleceram nova aldeia nas faldas do monte Maragoa (Maragoaba), plotada no mapa (GERBIER, c.1650-1663) La description dela contreé de CHIARA, assinalada com o número 18, '18 - Aldee Pirapεaiba environneé de Palissades', próxima ao monte 'Rapeaiba', que pode ter sido assim denominada pelo costume dos brasilianos ao erguerem nova aldeia dar-lhe o nome daquela de onde se originam os seus habitantes - 'Piraipaba'.

● o Diário de Mathias Beck, (Beck, 1649), refere-se a essa nova aldeia, sem citar seu nome:

@ relatando as atividades de 26/julho/1649, noticia o início da construção dessa nova aldeia, pg. 387:

O mesmo meu escrivão entregou-me uma cartinha do ministro Kempins comunicando-me que os índios ocupam-se presentemente na construção da nova aldeia e que não havendo mais gente para casar nem crianças para batizar e também pouca ou nenhuma gente vindo aos domingos à igreja, ao passo que no Siará havia muita gente para casar e crianças para batizar, as quais não queriam ir à aldeia velha, sendo, outrossim, a aldeia nova pouco distante do Siará e havendo no Siará uma boa casa do principal Francisco Aragiba, onde poderia alojar-se comodamente, ficando assim mais à mão, resolvera, caso eu aprovasse e julgasse conveniente, ir morar ali a fim de efetuar os referidos casamentos e batizados, mas que primeiro aguardava o meu juízo e parecer a respeito..

@ mais referências em 28/julho/1649 a essa nova aldeia, pg. 389:

28 de julho.

Respondendo à carta do ministro Kempins, de 26 do corrente, permiti-lhe que fosse residir temporariamente no Siará até que na nova aldeia fosse construída a igreja e levantado um cruzeiro em frente à mesma, quando cumpria fosse ali habitar..

@ 5/agosto/1649, ainda a nova aldeia, pg. 392:

Por volta do meio-dia chegamos à aldeia dos índios, onde veio ao meu encontro o comissário van Ham, com o mestre mineiro Hans Simpel, e seus companheiros, vindos do monte Maragoaba com uma amostra de mineral, referindo que o mesmo monte apresenta aspecto idêntico ao de Itarema ....

● como a nova aldeia teve início em 16 de julho de 1649, as referências no Diário de Mathias Beck à 'aldeia Piraipaba' em 14 e 15 de abril deve estar associada á antiga aldeia.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Cabŭroŭ aponga". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Cab%C5%ADro%C5%AD_aponga. Data de acesso: 29 de março de 2024.


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