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Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto

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Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto
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Cabo ao norte do 'Cabo ᵭ S. Ago∫tinho' (Cabo de Santo Agostinho).
 
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'''Nome atual:''' Ponta das Pedras Pretas, também conhecida como Ponta do Xaréu.
 
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►Mapa PE (Albernaz, 1612), pg. 63, plotado como cabo, 'Cabo de Pº cabarigo'.
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►Mapa PE [[(Albernaz, 1612)]], pg. 63, plotado como cabo, 'Cabo de Pº cabarigo'.
  
►Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como ponta, 'Pº: ∂aman∂aú:'.
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►Mapa PE-C [[(IAHGP-Vingboons, 1640)]] #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como ponta, 'Pº: ∂aman∂aú:'.
  
►Mapa Y-41 (4.VEL Y, 1642) De Cust van Brazil tusschen Cabo St. aúgússtijn ende hoeck van Pommarel, plotado como cabo, 'Kabo St. Aúgústÿn:'.
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►Mapa Y-41 [[(4.VEL Y, 1643-1649)]] De Cust van Brazil tusschen Cabo St. aúgússtijn ende hoeck van Pommarel, plotado como cabo, 'Kabo St. Aúgústÿn:'.
  
►Mapa PE ([[Orazi]], 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, 'Cabo ᵭPero Cabaru ou Cabo prete'.
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►Mapa PE [[(Orazi, 1698)]] PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, 'Cabo ᵭPero Cabaru ou Cabo prete'.
  
([[Sousa, 1587]]), CAPÍTULO XVII, Em que se declara a terra e costa que há do porto de [[Olinda]] até o cabo de Santo Agostinho, pg. 59:
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►[[(Sousa, 1587)]], CAPÍTULO XVII, Em que se declara a terra e costa que há do porto de [[Olinda]] até o cabo de Santo Agostinho, pg. 59:
  
 
"Do porto de [[Olinda]] à ponta de Pero Cavarim são quatro léguas. Da ponta de Pero Cavarim ao rio de Jaboatão é uma légua, em a qual entram barcos.".
 
"Do porto de [[Olinda]] à ponta de Pero Cavarim são quatro léguas. Da ponta de Pero Cavarim ao rio de Jaboatão é uma légua, em a qual entram barcos.".
  
►(Pereira da Costa, 1951), Volume 1, Ano 1531, pg. 132-133:
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[[(Pereira da Costa, 1903)]], Volume 1, Ano 1531, pg. 132-133:
  
 
"Martim Afonso apossou-se do navio, onde apenas encontrou um homem; — tinha muita artilharia e pólvora, estava todo abarrotado de pau-brasil. — Este aprisionamento teve lugar em frente à ponta de [[Olinda]], a que Pero Lopes chama no seu Diário, Cabo de Percaauri, Gabriel Soares, Ponta de Pero Cavarim, e Manuel Pimentel, no seu Roteiro (1699), Ponta de Pero Cabarigo. O autor dos Diálogos das grandezas do Brasil, de começos do século XVII, porém, chama-lhe Ponta de Jesus, naturalmente denominação vulgar no seu tempo, por nela ficar situado — um formoso templo dos Padres da Companhia, chamado de Jesus. — Esse templo era o do Colégio dos mesmos padres, hoje Seminário Episcopal.
 
"Martim Afonso apossou-se do navio, onde apenas encontrou um homem; — tinha muita artilharia e pólvora, estava todo abarrotado de pau-brasil. — Este aprisionamento teve lugar em frente à ponta de [[Olinda]], a que Pero Lopes chama no seu Diário, Cabo de Percaauri, Gabriel Soares, Ponta de Pero Cavarim, e Manuel Pimentel, no seu Roteiro (1699), Ponta de Pero Cabarigo. O autor dos Diálogos das grandezas do Brasil, de começos do século XVII, porém, chama-lhe Ponta de Jesus, naturalmente denominação vulgar no seu tempo, por nela ficar situado — um formoso templo dos Padres da Companhia, chamado de Jesus. — Esse templo era o do Colégio dos mesmos padres, hoje Seminário Episcopal.
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Desde muito, porém, perdeu a situação todas as referidas denominações pela de Ponta de [[Olinda]], vulgar, e assim consignada nos modernos roteiros.".
 
Desde muito, porém, perdeu a situação todas as referidas denominações pela de Ponta de [[Olinda]], vulgar, e assim consignada nos modernos roteiros.".
  
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''Nota:'' Pereira da Costa e Theodoro Sampaio, no texto acima, identificam o Cabo de Pero Cabarigo, ou Cavarigo, com a Ponta de [[Olinda]], Ponta de Jesus, "ao norte do Recife de Pernambuco" - esta ponta em [[Olinda]] não é a ponta plotada neste mapa de Margrave como 'Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto'.
  
 
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'''Nota:''' Pereira da Costa e Theodoro Sampaio, no texto acima, identificam o Cabo de Pero Cabarigo, ou Cavarigo, com a Ponta de [[Olinda]], Ponta de Jesus, "ao norte do Recife de Pernambuco" - esta ponta em [[Olinda]] não é a ponta plotada neste mapa de Margrave como 'Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto'.
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"(18-A) Dierick Ruiters, Toortse der Zee-Vaert (Vlissingen, 1623) p. 47. Consultamos um dos raríssimos exemplares desta obra. que pertenceu ao Embaixador Joaquim de Sousa Leão, filho. O Rio do Extremo é, sabidamente, o Rio Jaboatão. Popitango, segundo Ruiters, era um riacho, pois diz que de [[Olinda]] "duas milhas para o sul está um pequeno rio para barcos chamado Popitango, aonde estão muitos [veel] engenhos de açúcar": livro e p. cit. Nessa distância e com os muitos engenhos, Popitango não pode ser outro senão o Rio Capibaribe. Entretanto, uma "Descrição da costa de [[Olinda]] para o sul" que se encontra na obra de De Laet, Iaerlyck Verhael, 2a. ed. 4 vls. (Haia 1931-37) II p. 187 diz o seguinte: "uma milha ao sul do Recife há uma abertura que pelos portugueses é chamada Popitango, cuja entrada tem 4, 5 e 6 braças de profundidade, mas muito estreita, pelo que, em razão da correnteza que aí entra e sai, só deve ser utilizada com águas tranqüilas. Uma boa milha ao sul desta abertura está um grande cabo que os portugueses denominam Cabo de Pero Cabarigo". Aqui o topônimo já não é o de um rio, mas um pequeno ancoradouro no litoral entre o Recife e o Pontal de Candeias, com o qual se tem identificado o Cabo de Pero Cabarigo (há variantes dessa denominação). O Roteiro de Todos os Sinais na Costa do Brasil (cerca de 1586). de Luís Teixeira (Rio 1968) p. 24, menciona "uma terra grossa ao longo do mar que se chama Capitanga", localizada entre a Vila de [[Olinda]] e o Cabo de Santo Agostinho. Luís Serrão Pimentel na Prática da Arte de Navegar (1673) editada em Lisboa, 1940, pg. 139, escreve que ao norte do Cabo de Santo Agostinho está "uma ponta de terra grossa que não deita muito ao mar, é toda coberta de arvoredo multo espesso... e a esta ponta chamam o Cabo de Pero Cabarigo". Assim. Popitango-Capitanga pode ser o próprio pontal de Pero Cabarigo ou o pequeno ancoradouro da praia da Candelária, depois chamada das Candeias, ou, ainda, o da praia da Piedade. Dos ancoradouros referidos o mais importante era o das Candeias, onde veio ter a nau portuguesa da carreira das Índias, São Pedro (1594). A respeito ver, de Vital de Oliveira, Descricão da Costa do Brasil ... e de todas as barras, portos e rios do litoral da Província de Pernambuco (Recife 1855) p. 54 e o Roteiro da Costa do Brasil cit.. p. 177. Sendo assim os engenhos seriam os da região de Guararapes-Muribeca.".
 
"(18-A) Dierick Ruiters, Toortse der Zee-Vaert (Vlissingen, 1623) p. 47. Consultamos um dos raríssimos exemplares desta obra. que pertenceu ao Embaixador Joaquim de Sousa Leão, filho. O Rio do Extremo é, sabidamente, o Rio Jaboatão. Popitango, segundo Ruiters, era um riacho, pois diz que de [[Olinda]] "duas milhas para o sul está um pequeno rio para barcos chamado Popitango, aonde estão muitos [veel] engenhos de açúcar": livro e p. cit. Nessa distância e com os muitos engenhos, Popitango não pode ser outro senão o Rio Capibaribe. Entretanto, uma "Descrição da costa de [[Olinda]] para o sul" que se encontra na obra de De Laet, Iaerlyck Verhael, 2a. ed. 4 vls. (Haia 1931-37) II p. 187 diz o seguinte: "uma milha ao sul do Recife há uma abertura que pelos portugueses é chamada Popitango, cuja entrada tem 4, 5 e 6 braças de profundidade, mas muito estreita, pelo que, em razão da correnteza que aí entra e sai, só deve ser utilizada com águas tranqüilas. Uma boa milha ao sul desta abertura está um grande cabo que os portugueses denominam Cabo de Pero Cabarigo". Aqui o topônimo já não é o de um rio, mas um pequeno ancoradouro no litoral entre o Recife e o Pontal de Candeias, com o qual se tem identificado o Cabo de Pero Cabarigo (há variantes dessa denominação). O Roteiro de Todos os Sinais na Costa do Brasil (cerca de 1586). de Luís Teixeira (Rio 1968) p. 24, menciona "uma terra grossa ao longo do mar que se chama Capitanga", localizada entre a Vila de [[Olinda]] e o Cabo de Santo Agostinho. Luís Serrão Pimentel na Prática da Arte de Navegar (1673) editada em Lisboa, 1940, pg. 139, escreve que ao norte do Cabo de Santo Agostinho está "uma ponta de terra grossa que não deita muito ao mar, é toda coberta de arvoredo multo espesso... e a esta ponta chamam o Cabo de Pero Cabarigo". Assim. Popitango-Capitanga pode ser o próprio pontal de Pero Cabarigo ou o pequeno ancoradouro da praia da Candelária, depois chamada das Candeias, ou, ainda, o da praia da Piedade. Dos ancoradouros referidos o mais importante era o das Candeias, onde veio ter a nau portuguesa da carreira das Índias, São Pedro (1594). A respeito ver, de Vital de Oliveira, Descricão da Costa do Brasil ... e de todas as barras, portos e rios do litoral da Província de Pernambuco (Recife 1855) p. 54 e o Roteiro da Costa do Brasil cit.. p. 177. Sendo assim os engenhos seriam os da região de Guararapes-Muribeca.".
  
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''Nota:'' aqui Gonsalves de Mello, discorrendo sobre o topônimo 'Popitango', cita referências para o Cabo de Pedro Cabarigo que também validam uma interpretação para sua localização diferente de Pereira da Costa e Teodoro Sampaio.
  
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''Vide'' '[[Camboa de Barraca]]'.
  
'''Nota:''' aqui Gonsalves de Mello, discorrendo sobre o topônimo 'Popitango', cita referências para o Cabo de Pedro Cabarigo que também validam uma interpretação para sua localização diferente de Pereira da Costa e Teodoro Sampaio.
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Vide 'Camboa de Barraca'.
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"(46) Esse Cabo de Pero Cabrigo, para Laet, Pero Cabaru ou Cabo Preto no mapa de Marcgrave, é o que Gabriel Soares de Sousa chama Pero Gavarim. João Teixeira, o cartógrafo do LIVRO QUE DÂ REZÃO DO ESTADO DO BRASIL, diz ser o Pero Cabarigo. Não seria reminiscência toponímica de Pero Cápico, o misterioso senhor de uma feitoria na costa pernambucana, cujo regresso a Portugal El Rei D. João III autorizava num alvará de 5 de julho de 1526, descoberto por Varnhagen? O alvará era destinado a Cristovão Jaques, em sua segunda expedição, mandando que trouxesse Pero Capico, capitão de uma das capitanias do dito Brasil, que terminara o tempo de sua capitania e que queria vir para este Reino, e tras consigo todas as peças de escravos e mais fazendas que tivesse. Cápico, Capirico, Cabarigo, Cobrigo, Cabaru, Cavarim parecem-me apenas aliterações.".
 
"(46) Esse Cabo de Pero Cabrigo, para Laet, Pero Cabaru ou Cabo Preto no mapa de Marcgrave, é o que Gabriel Soares de Sousa chama Pero Gavarim. João Teixeira, o cartógrafo do LIVRO QUE DÂ REZÃO DO ESTADO DO BRASIL, diz ser o Pero Cabarigo. Não seria reminiscência toponímica de Pero Cápico, o misterioso senhor de uma feitoria na costa pernambucana, cujo regresso a Portugal El Rei D. João III autorizava num alvará de 5 de julho de 1526, descoberto por Varnhagen? O alvará era destinado a Cristovão Jaques, em sua segunda expedição, mandando que trouxesse Pero Capico, capitão de uma das capitanias do dito Brasil, que terminara o tempo de sua capitania e que queria vir para este Reino, e tras consigo todas as peças de escravos e mais fazendas que tivesse. Cápico, Capirico, Cabarigo, Cobrigo, Cabaru, Cavarim parecem-me apenas aliterações.".

Edição de 14h34min de 16 de dezembro de 2014

Coleção Levy Pereira


Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto


Natureza: pontal ou cabo


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ


Capitania: PARANAMBVCA

Cabo ao norte do 'Cabo ᵭ S. Ago∫tinho' (Cabo de Santo Agostinho).


Nome atual: Ponta das Pedras Pretas, também conhecida como Ponta do Xaréu.


Nomes históricos: Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto;Cabo de Pº cabarigo; C PrԐtto; Cabo ᵭPero Cabaru ou Cabo prete; Pº: ∂aman∂aú; ponta de Pero Cavarim; Cabo de Percaauri; Ponta de Pero Cabarigo.

Citações

►Mapa PE (Albernaz, 1612), pg. 63, plotado como cabo, 'Cabo de Pº cabarigo'.

►Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como ponta, 'Pº: ∂aman∂aú:'.

►Mapa Y-41 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Cabo St. aúgússtijn ende hoeck van Pommarel, plotado como cabo, 'Kabo St. Aúgústÿn:'.

►Mapa PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, 'Cabo ᵭPero Cabaru ou Cabo prete'.

(Sousa, 1587), CAPÍTULO XVII, Em que se declara a terra e costa que há do porto de Olinda até o cabo de Santo Agostinho, pg. 59:

"Do porto de Olinda à ponta de Pero Cavarim são quatro léguas. Da ponta de Pero Cavarim ao rio de Jaboatão é uma légua, em a qual entram barcos.".

(Pereira da Costa, 1903), Volume 1, Ano 1531, pg. 132-133:

"Martim Afonso apossou-se do navio, onde apenas encontrou um homem; — tinha muita artilharia e pólvora, estava todo abarrotado de pau-brasil. — Este aprisionamento teve lugar em frente à ponta de Olinda, a que Pero Lopes chama no seu Diário, Cabo de Percaauri, Gabriel Soares, Ponta de Pero Cavarim, e Manuel Pimentel, no seu Roteiro (1699), Ponta de Pero Cabarigo. O autor dos Diálogos das grandezas do Brasil, de começos do século XVII, porém, chama-lhe Ponta de Jesus, naturalmente denominação vulgar no seu tempo, por nela ficar situado — um formoso templo dos Padres da Companhia, chamado de Jesus. — Esse templo era o do Colégio dos mesmos padres, hoje Seminário Episcopal.

Percaauri, segundo Barbosa Rodrigues, é um termo de origem tupi, que quer dizer: caminho junto ao mato, de pé, caminho, caa, mato, e iry, andar junto.

Teodoro Sampaio, porém, escreve a respeito:

"Do nome Paracauri, que quer dizer papagainho, depois alterado para Percaari (Diário de Pero Lopes de Sousa), com que se designava nos antigos roteiros uma ponta de terra ao norte do Recife de Pernambuco, se fez mais tarde Pero Cavarim, como se lê em o Roteiro de Gabriel Soares, e depois ainda alterado para Pero Cabarigo, como se fora intenção dos povoadores de perpetuar naquela, aliás obscura localidade, o nome de algum personagem daqueles tempos".

Desde muito, porém, perdeu a situação todas as referidas denominações pela de Ponta de Olinda, vulgar, e assim consignada nos modernos roteiros.".

Nota: Pereira da Costa e Theodoro Sampaio, no texto acima, identificam o Cabo de Pero Cabarigo, ou Cavarigo, com a Ponta de Olinda, Ponta de Jesus, "ao norte do Recife de Pernambuco" - esta ponta em Olinda não é a ponta plotada neste mapa de Margrave como 'Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto'.

(Gonsalves de Mello, 1986), pg. 88-89:

"(18-A) Dierick Ruiters, Toortse der Zee-Vaert (Vlissingen, 1623) p. 47. Consultamos um dos raríssimos exemplares desta obra. que pertenceu ao Embaixador Joaquim de Sousa Leão, filho. O Rio do Extremo é, sabidamente, o Rio Jaboatão. Popitango, segundo Ruiters, era um riacho, pois diz que de Olinda "duas milhas para o sul está um pequeno rio para barcos chamado Popitango, aonde estão muitos [veel] engenhos de açúcar": livro e p. cit. Nessa distância e com os muitos engenhos, Popitango não pode ser outro senão o Rio Capibaribe. Entretanto, uma "Descrição da costa de Olinda para o sul" que se encontra na obra de De Laet, Iaerlyck Verhael, 2a. ed. 4 vls. (Haia 1931-37) II p. 187 diz o seguinte: "uma milha ao sul do Recife há uma abertura que pelos portugueses é chamada Popitango, cuja entrada tem 4, 5 e 6 braças de profundidade, mas muito estreita, pelo que, em razão da correnteza que aí entra e sai, só deve ser utilizada com águas tranqüilas. Uma boa milha ao sul desta abertura está um grande cabo que os portugueses denominam Cabo de Pero Cabarigo". Aqui o topônimo já não é o de um rio, mas um pequeno ancoradouro no litoral entre o Recife e o Pontal de Candeias, com o qual se tem identificado o Cabo de Pero Cabarigo (há variantes dessa denominação). O Roteiro de Todos os Sinais na Costa do Brasil (cerca de 1586). de Luís Teixeira (Rio 1968) p. 24, menciona "uma terra grossa ao longo do mar que se chama Capitanga", localizada entre a Vila de Olinda e o Cabo de Santo Agostinho. Luís Serrão Pimentel na Prática da Arte de Navegar (1673) editada em Lisboa, 1940, pg. 139, escreve que ao norte do Cabo de Santo Agostinho está "uma ponta de terra grossa que não deita muito ao mar, é toda coberta de arvoredo multo espesso... e a esta ponta chamam o Cabo de Pero Cabarigo". Assim. Popitango-Capitanga pode ser o próprio pontal de Pero Cabarigo ou o pequeno ancoradouro da praia da Candelária, depois chamada das Candeias, ou, ainda, o da praia da Piedade. Dos ancoradouros referidos o mais importante era o das Candeias, onde veio ter a nau portuguesa da carreira das Índias, São Pedro (1594). A respeito ver, de Vital de Oliveira, Descricão da Costa do Brasil ... e de todas as barras, portos e rios do litoral da Província de Pernambuco (Recife 1855) p. 54 e o Roteiro da Costa do Brasil cit.. p. 177. Sendo assim os engenhos seriam os da região de Guararapes-Muribeca.".

Nota: aqui Gonsalves de Mello, discorrendo sobre o topônimo 'Popitango', cita referências para o Cabo de Pedro Cabarigo que também validam uma interpretação para sua localização diferente de Pereira da Costa e Teodoro Sampaio.

Vide 'Camboa de Barraca'.

(Câmara Cascudo, 1956), pg. 183:

"(46) Esse Cabo de Pero Cabrigo, para Laet, Pero Cabaru ou Cabo Preto no mapa de Marcgrave, é o que Gabriel Soares de Sousa chama Pero Gavarim. João Teixeira, o cartógrafo do LIVRO QUE DÂ REZÃO DO ESTADO DO BRASIL, diz ser o Pero Cabarigo. Não seria reminiscência toponímica de Pero Cápico, o misterioso senhor de uma feitoria na costa pernambucana, cujo regresso a Portugal El Rei D. João III autorizava num alvará de 5 de julho de 1526, descoberto por Varnhagen? O alvará era destinado a Cristovão Jaques, em sua segunda expedição, mandando que trouxesse Pero Capico, capitão de uma das capitanias do dito Brasil, que terminara o tempo de sua capitania e que queria vir para este Reino, e tras consigo todas as peças de escravos e mais fazendas que tivesse. Cápico, Capirico, Cabarigo, Cobrigo, Cabaru, Cavarim parecem-me apenas aliterações.".






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Cabo de Pero Cabarû ou Cabo preto". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Cabo_de_Pero_Cabar%C3%BB_ou_Cabo_preto. Data de acesso: 28 de março de 2024.


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