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Capitania de Cumã

De Atlas Digital da América Lusa

Edição feita às 06h40min de 5 de dezembro de 2014 por Tiagogil (disc | contribs)

por Luiza Moretti


A capitania de Cumã[1] foi doada a Antônio Coelho de Carvalho entre os anos de 1621 e 1627[2] Muitas vezes é chamada de Capitania de Tapuitapera ou mesmo apenas de Alcantara, tornando confuso e difícil de precisar sua constituição.

Anteriormente, por volta de 1612, havia no local um aglomerado de aldeias, com o nome de Tapuitapera (terra dos índios). Alcântara era uma das aldeias. Os franceses que ali chegaram, liderados por Deniel de La Touche, fizeram amizade com essas aldeias, e conseguiram, pouco tempo depois, construir a primeira capela de Tapuitapera. [3]

Entre 1616 e 1618, após a expulsão dos franceses, os portugueses começaram a conquista da região. Com a divisão de capitanias naquele território, Tapuitapera se tornou sede da capitania de Cumã, comumente chamada somente de Tapuitapera.

Com a invasão holandesa de 1641, os portugueses perderam as posses das terras, voltando a ter alguma atividade com engenhos de açúcar e produção de algodão e elevação de Tapuitapera à Vila de Santo Antônio de Alcântara, em 1648. Essa elevação confirmou a posse definitiva daquelas terras pelos portugueses. Na vila foi estabelecida a Câmara, um pelourinho e uma igreja Matriz.[4]

Sabe-se que a política portuguesa da segunda metade do século XVIII foi de reincorporação das capitanias donatárias à Coroa. Uma carta régia de 1753, que pode ser encontrada nos projeto Resgate, já cita que a capitania de Cumã foi comprada e reincorporada aos domínios reais. Porém, documentos posteriores ainda falam da região como uma capitania, sem especificar se é uma capitania real ou particular, gerando dúvidas sobre quando que a incorporação foi concretada, e se essa incorporação causou a extinção da capitania ou não.

Sobre a constituição geográfica da capitania, há relatos diferentes que a explicam: “compreendida entre a foz do mearim, pindaré, acima por leste e o rio Tury por oeste”[5]

“começando a medir na barra do Rio Cumã para o norte cinqüenta léguas que á a repartição que Sua Majestade manda fazer das Capitanias do Brasil, com todos os salgados, pescarias, ilhas e todos as mais pertenços e logradouros dos quais não pagarão pensão nem tributo algun, salvo do dizimo a Deus Nosso Senhor dos fructos que della houve.” [6]


Referências

  1. No projeto Resgate do Arquivo Ultramarino de Lisboa o documento mais antigo que cita a região sob o nome de Cumã é de 1618, porém ele não fala de capitania. Há um documento de 1685 que fala de uma capitania de nome Tapuitapera, porém um documento de 1678 fala já da capitania de Cumã e seu donatário, Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, e há ainda um documento de 1703 que cita, alem da capitania como de Cumã, com uma Vila chamada Tapuitapera.
  2. Há divergências quanto à data certa. Não encontramos fontes que comprovem uma data certa, apenas bibliografias que se contradizem: 1616 (Oliveira, M. Olindina A. de. Os olhares inquisitoriais na amazônia portuguesa: O tribunal do Santo Ofício e o disciplinamento dos costumes (XVII-XIX). Dissertação de Mestrado, Manaus, 2010); 1621 (Rosar, M. de Fatima F. Entre o Passado e o Presente: Quais as perspectivas de educação para o futuro dos trabalhadores e trabalhadoras empobrecidos em territórios da Amazônia maranhense? Revista HISTEDBR On-Line. Campinas, 2011); doada em 1627 e confirmada em 1646 (Chamboleyron, R. As capitanias privadas no Estado do Maranhão e Pará durante os séculos XVII e XVIII. VII Encontro Humanístico, São Luis, novembro de 2007); 1644 (Pflueger, Grete S. De Tapuitapera a Villa D’Alcantara. Estudo sobre a formação da cidade de Alcântara no Maranhão. UEMA, 2012.)
  3. Pflueger, Grete S. De Tapuitapera a Villa D’Alcantara: Cidades Portuguesas, planejadas ou espontâneas? Olinda, 2008. Nesse texto, a autora coloca que o primeiro relato sobre Tapuitapera se trata de um texto de Claude D’Abbevile, religioso, que ficou na região e escreveu seu texto “Historia da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas” em 1612.
  4. Pflueger, Grete S. De Tapuitapera a Villa D’Alcantara. Estudo sobre a formação da cidade de Alcântara no Maranhão. UEMA, 2012
  5. Pflueger, Grete S. De Tapuitapera a Villa D’Alcantara. Estudo sobre a formação da cidade de Alcântara no Maranhão. UEMA, 2012. p. 02.
  6. Carta de 1629 que se acha no livro de Tombo da Camara Municipal de São Bento, no norte do Maranhão, transcrita, em partes, na wikipedia, acessado em 07.10.2012



Citação deste verbete
Autor do verbete: Luiza Moretti
Como citar: MORETTI, Luiza. "Capitania de Cumã". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_de_Cum%C3%A3. Data de acesso: 28 de março de 2024.



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