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Capitania de Pernambuco

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[[Duarte Coelho]] apostou suas fichas na extração de pau-brasil e no agronegócio de exportação do açúcar, recusando-se em mais de ocasião a atender os apelos da coroa pela busca de metais preciosos. Ainda durante sua vida foram fundados e moeram os primeiros engenhos de açúcar. Entre as primeiras unidades produtoras estava a do cunhado de Coelho, [[Jerônimo de Albuquerque]], elemento essencial no estabelecimento de acordos com os grupos indígenas do entorno de [[Olinda]]. Albuquerque amancebou-se com muitas mulheres indígenas, logrando a vasta descendência mestiça que lhe valeu o epíteto de “Adão Pernambucano”. Na busca por investimentos e apoios para a capitania, [[Duarte Coelho]] viajou duas vezes ao Reino, falecendo na corte em 1554, agastado com a recusa do [[rei Dom João III]] em lhe receber no paço.<ref>MELLO, J. A. G., ALBUQUERQUE, C. X. DE. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Editora da UFPE, 1967.</ref>
 
[[Duarte Coelho]] apostou suas fichas na extração de pau-brasil e no agronegócio de exportação do açúcar, recusando-se em mais de ocasião a atender os apelos da coroa pela busca de metais preciosos. Ainda durante sua vida foram fundados e moeram os primeiros engenhos de açúcar. Entre as primeiras unidades produtoras estava a do cunhado de Coelho, [[Jerônimo de Albuquerque]], elemento essencial no estabelecimento de acordos com os grupos indígenas do entorno de [[Olinda]]. Albuquerque amancebou-se com muitas mulheres indígenas, logrando a vasta descendência mestiça que lhe valeu o epíteto de “Adão Pernambucano”. Na busca por investimentos e apoios para a capitania, [[Duarte Coelho]] viajou duas vezes ao Reino, falecendo na corte em 1554, agastado com a recusa do [[rei Dom João III]] em lhe receber no paço.<ref>MELLO, J. A. G., ALBUQUERQUE, C. X. DE. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Editora da UFPE, 1967.</ref>
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A época Duartina merece ainda um destaque especial: pela primeira vez na história moderna do continente americano, uma mulher assumiu as rédeas de um governo: [[Dona Brites de Albuquerque]], esposa de [[Duarte Coelho]], que governou a terra nas ausência do marido e depois de seu falecimento. Aparece referida nos poucos documentos de época que se conservaram como “capitoa”.
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O sucessor de [[Duarte Coelho]], [[Jorge de Albuquerque Coelho]], ampliou a área de presença europeia atacando os grupos indígenas entre área da [[Várzea do Capibaribe]] e a foz do [[rio São Francisco]]. O massacre das populações nativas abriu espaço para a instalação de mais engenhos de açúcar. Dos cinco registrados em 1542, passa-se a 23 em 1570, 66 em 1583 e 99 em 1612. A boa conjuntura internacional favoreceu o boom açucareiro pernambucano, que superou a produção da Ilha da Madeira em quantidade e qualidade.
  
 
== Lista das vilas da Capitania de Pernambuco ==
 
== Lista das vilas da Capitania de Pernambuco ==

Edição de 10h53min de 29 de maio de 2015

por George Cabral de Souza


Fundada como capitania donatária com o nome de Nova Lusitânia, teve a jurisdição retomada pela Coroa em 1654 e a propriedade em 1716.

Tabela de conteúdo

Histórico

Doação

O litoral do que viria a ser a capitania de Pernambuco, muito provavelmente, já havia sido visitado por navegantes a serviço de Castela antes mesmo do achamento oficial do Brasil. Posteriormente, foi alvo de incursões francesas em busca de pau-brasil. Em 9 de março de 1534, Duarte Coelho recebeu em Évora a doação de uma das 15 capitanias criadas pelo rei Dom João III como prêmio pelo importante papel nas campanhas militares e diplomáticas dos portugueses no extremo Oriente, onde participou diretamente na tomada de Malaca em 1511. Sua capitania compreendia toda a terra entre a boca sul do Canal de Santa Cruz (que separa a Ilha de Itamaracá do continente) e a margem esquerda do Rio São Francisco (bem como suas águas e ilhas). Precisamente às margens do Canal de Santa Cruz, Cristóvão Jacques havia fundado duas feitorias (em 1516 e 1526), em cujas proximidades se fizeram as primeiras experiências na produção açúcar. Estas feitorias foram alvo do ataque dos franceses em várias ocasiões.

Ocupação

Um ano após a doação, o capitão donatário desembarcou com um grupo de colonos e os materiais necessários para o início efetivo da ocupação de sua capitania. Após fundar a vila de Igaraçu no extremo norte de sua jurisdição, lançou as bases da ocupação de Olinda, que viria a ser a capital da sua Nova Lusitânia, desalojando um entrincheiramento de franceses no topo de uma colina confrontante ao Oceano. O porto da localidade situava-se seis quilômetros ao sul, no local onde surgiria a povoação do Recife.[1].

Duarte Coelho apostou suas fichas na extração de pau-brasil e no agronegócio de exportação do açúcar, recusando-se em mais de ocasião a atender os apelos da coroa pela busca de metais preciosos. Ainda durante sua vida foram fundados e moeram os primeiros engenhos de açúcar. Entre as primeiras unidades produtoras estava a do cunhado de Coelho, Jerônimo de Albuquerque, elemento essencial no estabelecimento de acordos com os grupos indígenas do entorno de Olinda. Albuquerque amancebou-se com muitas mulheres indígenas, logrando a vasta descendência mestiça que lhe valeu o epíteto de “Adão Pernambucano”. Na busca por investimentos e apoios para a capitania, Duarte Coelho viajou duas vezes ao Reino, falecendo na corte em 1554, agastado com a recusa do rei Dom João III em lhe receber no paço.[2]

A época Duartina merece ainda um destaque especial: pela primeira vez na história moderna do continente americano, uma mulher assumiu as rédeas de um governo: Dona Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho, que governou a terra nas ausência do marido e depois de seu falecimento. Aparece referida nos poucos documentos de época que se conservaram como “capitoa”.

O sucessor de Duarte Coelho, Jorge de Albuquerque Coelho, ampliou a área de presença europeia atacando os grupos indígenas entre área da Várzea do Capibaribe e a foz do rio São Francisco. O massacre das populações nativas abriu espaço para a instalação de mais engenhos de açúcar. Dos cinco registrados em 1542, passa-se a 23 em 1570, 66 em 1583 e 99 em 1612. A boa conjuntura internacional favoreceu o boom açucareiro pernambucano, que superou a produção da Ilha da Madeira em quantidade e qualidade.

Lista das vilas da Capitania de Pernambuco

Vila Formosa de Sirinháem

Goiana

Igarassu

Vila de Olinda

Vila de Recife

Capitania de Pernambuco






Bibliografia selecionada da Capitania de Pernambuco


Referências

  1. PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais Pernambucanos. 2a edição. Recife: FUNDARPE, 1983. Vol. 1.
  2. MELLO, J. A. G., ALBUQUERQUE, C. X. DE. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Editora da UFPE, 1967.



Citação deste verbete
Autor do verbete: George Cabral de Souza
Como citar: CABRAL DE SOUZA, George. "Capitania de Pernambuco". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_de_Pernambuco. Data de acesso: 19 de abril de 2024.



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