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Capitania do Siará

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por João Pedro Galvão Ramalho


Foi uma capitania que durou entre os séculos XVII e XVIII, pertenceu primeiro ao Estado do Maranhão e ainda no mesmo século de sua fundação passou para o Estado do Brasil, teve sua primeira vila fundada apenas no fim do século XVII.

Tabela de conteúdo

Histórico

Portugueses

As regiões que depois se constituíram na Capitania do Siará foram devassadas pelos portugueses a partir de 1603, com a missão de Pero Coelho de Souza, no contexto do descobrir e conquistar a Província de Jaguaribe e Seará e Mel Redondo, conforme o relato de Martim Soares Moreno.[1] A área compreendida entre o Jaguaribe e o Mondaituba foi doada para Martim Soares Moreno em 1611. [2] Seu primeiro forte foi fundado em 20 de janeiro de 1612[3]. A primeira menção ao Siará como capitania na documentação do Conselho Ultramarino foi em 1620:

Aspa1.png Diz Martins Soares Moreno que foi o primeiro povoador e fundador da Capitania do Ceará. E por esses e outros motivos Vossa Majestade o despachou por dez anos para a dita praça. E porque ele que leva sua casa, e pretende meter fabrica na dita Capitania[...][4]. Aspa2.png
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À contramão disso, quando Martim Soares Moreno retorna da Europa, se depara com a realidade do forte de S. Sebastião que ele erigiu em 1612. Havia se iniciado um processo de deterioração do domínio português naquele território. Girão descreve a fortificação da seguinte maneira, " O forte estava quase desaparecido, restando apenas uma arruinada cerca de pau-a-pique, umas cabanas de palha ao derredor, nenhuma pólvora para os canhões estragados.". Esse processo apenas tende a piorar, concluindo na tomada holandesa da fortificação.[5]

De acordo com Loureiro e Raimundo Girão, em 1656 a Capitania se desligou do Estado do Maranhão e se ligou à Capitania de Pernambuco no Estado do Brasil. Porém, Girão[6], citando o Barão de Studart, afirma que não houve ato oficial que determinasse positivamente o ocorrido; contudo, há uma referência no arquivo do Conselho Ultramarino datada de 1661 que indica essa mudança[7], mas os pedidos para essa mudança de subordinação são encontrados nos arquivos do Conselho desde 1626:

Aspa1.png Diz Martim Soares Moreno Capitão da Capitania do Ceará que Vossa Majestade foi servido que aquela dita Capitania se unisse ao governo do Maranhão[...] do Maranhão para aquela dita Capitania se a costa inavegável por respeito das águas ventos correrem sempre em contrário por terra há a mesma impossibilidade por reza de haver infinitas nações selvagens inimigas[...][8] Aspa2.png
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Neerlandeses

Em 1638 foi organizada uma expedição holandesa partindo de recife, sob o comando do major George Gartsman, com objetivo de tomar o forte de S. Sebastião. No dia 26 de outubro de 1638 atacam e devido a fraqueza do forte o tomam com facilidade, marcando o início daquele ciclo holandês no Ceará. Gartsman retorna à recife e deixa a possa da nova conquista sob a tutela do tenente Van Ham que fica no poder até 1640, quando Gedeon de Jonge se encarrega daquela região em seu lugar até 1644.

Devido a difícil relação entre os índios e os neerlandeses, principalmente em relação ao trabalho, houve uma revolta indígena em janeiro de 1644, que acabou com a morte de todos os membros da guarnição do forte de S. Sebastião, e com o fim daquele ciclo holandês na região. Após a derrota holandesa a coroa portuguesa ainda tenta retomar o poder, nomeia dois capitães-mores, mas não consegue restabelecer o domínio. A queda do forte marca o fim daquele núcleo histórico que girava em torno da fortificação e permitiu o domínio estrangeiro da região.[9]

Em 20 de março de 1649 Matias Beck parte de Recife. A segunda expedição holandesa, composta por 298 homens desembarca no dia 6 de abril e não encontra nenhuma edificação. Beck decide fundar uma nova fortificação que se torna no futuro a atual capital do Estado do Ceará, Fortaleza. O novo forte inicialmente foi chamado de Schoonenborch, em homenagem ao governador de Pernambuco a época. O objetivo daquela expedição que era tomar definitivamente o Ceará e explorar metais não foi bem sucedida, Beck não teve sucesso em minerar prata e os holandeses saem do Nordeste em 1954. Daquela expedição de 5 anos, restou apenas o forte. [10]


A Consolidação do Domínio Português

Após a rendição neerlandesa, no dia 20 de maio, o recente nomeado capitão-mor do Ceará, Álvaro de Azevedo Barreto, recebeu o forte das mãos de Matias Beck. Sucedeu-se durante algumas décadas uma lista de capitães-mores que não causaram muita mudança, até a fundação da Vila de Fortaleza em 1699.[11]

A primeira vila pode ter sido fundada em 1699, mas já ocorria um processo de infiltração no território que era operado em duas frentes. A primeira frente era de caratér religiosa: tinha como objetivo catequisar os habitantes nativos da região do Ibiapaba. A outra era voltada para a ocupação do território: ocorria por meio da doação de sesmarias e seguia o padrão expansionista povoador cujos epicentros eram Pernambuco e Bahia, trazendo ao território da Capitania do Siará pessoas a procura de terras para criação de gado.[12]

Lentamente, a partir da segunda metade do século XVII, ocorreu a penetração e definitivo domínio do espaço que hoje corresponde ao Ceará.[13]

Lista das Vilas da Capitania do Ceará

Vila de Sobral

Vila de Fortaleza

Vila de Granja

Vila de Messejana

Vila de Quixeramobim

Vila de Russas

Vila de Santa Cruz do Aracati

Vila de Soure

Vila de Tauá

Vila de Viçosa

Vila do Icó

Vila Nova d’El Rei

Vila Real do Crato

Vila de Aquiraz

Monte-mor o Novo d'América


Lista dos Governadores da Capitania do Ceará

Capitania de Siará (Ceará)






Bibliografia selecionada da Capitania de Siará (Ceará)


Referências

  1. AHU-Ceará-Doc.: 1
  2. LOUREIRO, Antônio José. Síntese da história do Amazonas. Manaus: Imprensa Oficial, 1978. p. 62.
  3. Loureiro, Antônio José. op. cit.
  4. AHU-Ceará. D.5
  5. GIRÃO, Raimundo. Pequena história do Ceará. 3. ed., rev. Fortaleza: Imprensa Universitaria, 1971. p.52-53.
  6. GIRÃO, Raimundo. Pequena história do Ceará. 3. ed., rev. Fortaleza: Imprensa Universitaria, 1971. 335 p
  7. AHU-Ceará. D.18
  8. AHU-Ceará. D.09
  9. GIRÃO, Raimundo. Ibid., p.57-59.
  10. GIRÃO, Raimundo. Ibid., p.60-65.
  11. GIRÃO, Raimundo. Ibid., p.91- 95.
  12. GIRÃO, Raimundo. op.cit.
  13. GIRÃO, Raimundo. op.cit.



Citação deste verbete
Autor do verbete: João Pedro Galvão Ramalho
Como citar: GALVÃO RAMALHO, João Pedro. "Capitania do Siará". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Capitania_do_Siar%C3%A1. Data de acesso: 28 de março de 2024.



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