Ações

Itĩnga (engenho de bois)

De Atlas Digital da América Lusa

(Diferença entre revisões)
(Criou página com 'Coleção Levy Pereira Itĩnga '''Natureza:''' engenho de bois com igreja '''Mapa:''' [[PRÆFECTURÆ DE PARAIBA...')
 
m (Substituindo texto ' {| . | align="center" style="background:#f4d485;"|'''''Citação deste verbete''''' |- |- | '''Autor do verbete:''' Levy Pereira '''Como citar:''' PEREIRA, Levy . "Substituir texto". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do A)
Linha 110: Linha 110:
  
  
{{citacao1}} Levy Pereira{{citacao2}} PEREIRA, Levy {{citacao3}}
+
{{Citar|nome=Levy|sobrenome=Pereira}}
 +
 
 +
{{Ref|nome=Levy|sobrenome=Pereira}}
 +
 
 +
[[Category: Coleção Levy Pereira]]

Edição de 07h53min de 8 de janeiro de 2013

Coleção Levy Pereira


Itĩnga


Natureza: engenho de bois

com igreja


Mapa: PRÆFECTURÆ DE PARAIBA, ET RIO GRANDE


Capitania: RIO GRANDE

Engenho de bois com igreja, no vale do 'Potijĩ' (m.d. rio Potengi).

Jurisdição: Prefeitura do Rio Grande.


Nomes históricos: Engenho Outinga (Itinga, Utinga); Engenho Potengi (Potigi; Potenji), engenho de Francisco Coelho.


Nome atual: Fazenda Utinga, no povoado Utinga, município de Macaíba-RN. Não mais existe como engenho.

■ ====Toponímia====

►(Câmara Cascudo, 1968) pg. 132:

"UTINGA:- Povoação de S. Gonçalo. De i-tinga, água branca. ...".

■ ====Citações====

►Mapa RG (IAHGP-Vingboons, 1640) - plotado com símbolo de engenho, 'Ԑnğ Outinga.', na m.d. do 'R. Potozÿ'-'Rio Grande'.

►(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 95:

"2. Engenho Potigi, decaído há longos anos, e diz-se que não tem terras capazes. ".

►(Dussen, 1640), pg. 176:

"165) Engenho Potigi, está totalmente arruinado e abandonado. ".

►(Laet, 1644) Livro Undécimo - 1634, pg. 673, descrevendo a Capitania do Rio Grande:

"Além do Rio Grande ou Potengi, há ainda o Rio Camaratuba, que desemboca no Rio Grande e no curso superior por várias vezes desaparece no solo e surge mais adiante. Essa capitania poderia conter uns 12 ou 13 engenhos, e no entanto há apenas dois, a saber engenho Cunhaú e Outinga.".


Nota:

O Rio Camaratuba acima citado está com o nome estropiado: é o rio mostrado no mapa (IAHGP-Vingboons, 1640) #51 CAPITANIA DE RIO GRANDE, afluente m.e. do 'Rº. Potozÿ' (Rio Potengi), denominado 'Rº. Camariginÿ ʃeeƒst on∂ԑr hԑt ʃan∂ԑ ∂oor. Ԑn∂ԑ vԑrthoonԑ ʃich wԑԑ∂ԑraʃc hiԑr it ʃicԑn is.', nome atual Rio Camaragibe. O desenho do rio nesse mapa mostra-o com o curso interrompido, e a tradução da denominação explicativa o confirma que ele 'no curso superior por várias vezes desaparece no solo e surge mais adiante' - é um rio temporário, com leito com muita areia e cascalho fino.

►(Coelho, 1654):

@ pg. 267 CD-BECA (pg. 127b edição de 1654), citando fatos ocorridos imeditamente após rendição do Forte do Rio Grande, em 12 de dezembro de 1633:

"Logo que o inimigo teve o forte do Rio Grande, embarcou 200 homens, e com eles Calabar. Foram rio acima até um engenho de Francisco Coelho, que estaria a duas léguas. Ali se havia retirado a maior parte dos moradores que viviam na povoação, com nome de cidade, ainda que bem pequena, que ficava perto do forte, a meia légua. Chegando-lhes aviso de que ia o inimigo, um deles, chamado Pedro Vaz Pinto, escrivão da Fazenda Real daquela praça, e a quem todos respeitavam pelos rasgos da sua pena, persuadiu até 40 a tomarem as armas, levando por cabo João Ferreira, que havia servido no Real. Emboscando-se em um lugar muito apropriado, por onde o inimigo tinha de passar, foi bastante para impedi-lo, ainda com morte de oito homens e alguns feridos. Parecendo-lhe que seriamos mais, houve de retirar-se.".

@ pg. 272-273 CD-BECA (pg. 130a-130b edição de 1654), citando fatos do início de 1634:

"Baixando, pois, logo, o João Dui com muitos destes Tapuias, deu impensadamente no engenho de Francisco Coelho, para onde, pouco antes, tinham se retirado alguns moradores. E mataram-no, e sua mulher, cinco filhos e todos os que acharam; e excederia de 60, sem conceder vida a nenhum, propriedade destes bárbaros. Feito isto, foram ao forte, onde entrou o Dui com poucos, e todos se viram bem hospedados, e com dádivas para eles estimáveis. Porém, conservava-os, menos por amar sua vizinhança, que por servir-se deles contra nós.".

■ NOTAS:

1) Concluí que o engenho 'Itĩnga' - 'Outinga' é o Engenho Potigi pelas seguintes razões:

- está mapeado no BQPPB e no RG (IAHGP-Vingboons, 1640), na mesma posição, m.d. do Rio Potengi;

- está no vale do rio Potengi, distando 2 Km do rio, e não na m.d. do 'Nhumdiáĩ' (Rio Jundiaí);

- não há engenho 'Potigi' nem outro engenho plotado no mapa BQPPB ou no RG (IAHGP-Vingboons, 1640) na bacia do Potengi, todavia, assim é citado nos dois relatórios, possivelmente pelo costume de denominar engenhos com o nome do vale do rio onde estão situados;

- (Laet, 1644), o "Iaerlijck Verhael', cita que só há dois engenhos no Rio Grande: Outinga e Cunhaú..

2) Para mim, o Ferreiro Torto não é o Engenho Potengi, ainda que renomados historiadores norte-riograndenses, por exemplo Augusto Tavares de Lira, identifiquem o Engenho Ferreiro Torto como o engenho seiscentista no vale do Rio Potengi, pois o Engenho Ferreiro Torto fica no vale do 'Nhumdiai' (Rio Jundiai).

●(Tavares de Lira, 1921):

@ pg. 64:

"Embarcando-se em três grandes botes de vela e três botes dos navios, seguiu rio acima até o passo do Potigi, donde continuou a marcha por terra. Sabido que na capitania só havia então dois engenhos — o Ferreiro Torto e o Cunhaú — e só tendo sido este último assaltado posteriormente, é fora de dúvida que os expedicionários se dirigiram ao primeiro. A descrição do que sucedeu indica-o claramente:

«Esta tarde (de 15) regressou a expedição saída ontem, referindo que, logo que ontem desembarcaram na passagem de Potigi, foram descobertos por alguns dos inimigos ali de vigia, dos quais mataram alguns e fizeram prisioneiro a um velho, que aliás não pertencia à referida guarda; avançando, por espaço de três léguas, para o interior do país, até chegarem a um estreito passo, em cuja extremidade havia uma planície, onde os esperava o inimigo, derribando logo com a primeira descarga a quatro ou cinco dos nossos; mas, acometidos com resolução, puseram-se em fuga, apesar de numerosos constando principalmente dos soldados e moradores saídos do forte e de muitos brasileiros, que pouco os secundaram; prosseguindo na marcha por algum tempo, chegaram a um pântano que teriam de atravessar para alcançar o engenho, e, como fossem diminutas as nossas forças e ignoradas as do inimigo, foi deliberado bater em retirada, tanto mais quanto o velho prisioneiro declarou que da Paraíba era esperado um socorro de 300 soldados, que estavam já em caminho e deviam chegar a qualquer hora; trouxeram o referido prisioneiro e afirmaram terem ficado mortos vários dos inimigos; o seu chefe parece ser P. Vaz Pinto, que se ausentou do forte sem licença, apesar de ter pedido para ficar com o capitão-mor e poder sair e voltar, a fim de obter galinhas e outros víveres para o mesmo, sendo-lhe permitido ficar, mas não sair e voltar, pelo que de uma feita se ausentou, não regressando mais. ...». ".

@ pg. 65:

"Esse engenho pertencia a Francisco Coelho (Ferreiro Torto é ainda hoje o nome de um engenho situado à margem direita do rio Jundiaí e à pequena distância de Macaíba. É possível que o primitivo engenho não tivesse sido construído no mesmo lugar do atual; mas devia ficar nas suas imediações. ".

3) O mestre Câmara Cascudo tambem associa engenho Outinga (Utinga) com Engenho Potengi, apesar de seguir identificando-o como Ferreiro Torto:

●(Câmara Cascudo, 1955) pg. 78:

"O outro engenho, Ferreiro Torto, teve existência curtíssima. Em 1614 não existia e em 1630 estava de fogo morto pela ruindade das terras, escreve Verdonck. Laet deu-lhe nome de Outinga (Utinga) e no Sommier Discours aparece como Engenho Potengi, «decaído há longos anos, e diz-se que não tem terras capazes». Depois dessa data não funcionou. Não há noticia de sua produção no domínio holandês.".

4) Deve-se também levar em conta que o Engenho Ferreiro Torto está situado na m.d. do 'Nhumdiai' (Rio Jundiaí), logo acima da foz do 'Itâguacutĩoba' do BQPPB. Dista menos de 200 m do Jundiaí, que aí ainda é navegável para embarcaçõs pequenas (botes a vela). Não há como colocar o Ferreiro Torto a três léguas de distância de porto no Rio Grande ("na passagem do Potengi").

5) O engenho 'Itĩnga' - 'Outinga' dista 2 Km do Rio Potengi, porem o Potengi praticamente não é navegavel desde que recebe o 'Nhumdiai' (Rio Jundiaí).

6) A "passagem do Potengi" possivelmente é o porto conhecido Porto do Flamengo, cercanias da foz do 'Uruguaguacu' (Rio da Prata), que, acima da lagoa que há no seu curso (Lagoa de Uruaçu) é o 'Acaiuarĩ' (Rio da Prata), chamado por Câmara Cascudo de Cunhã-Ari, porto este tristemente célebre pela proximidade do local do massacre de Uruaçu (Tinguijada).

Dista 12,2 Km em linha reta engenho 'Itĩnga' - 'Outinga', e pelo caminho probabilístico (segundo a interpretação deste estudo do caminhos desenhados no BQPPB), dista 16,3 Km, que se coaduna muito bem com as três léguas após o porto citadas.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Itĩnga (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/It%C4%A9nga_(engenho_de_bois). Data de acesso: 29 de março de 2024.


Baixe a referência bibliográfica deste verbete usando

BiblioAtlas recomenda o ZOTERO

(clique aqui para saber mais)



Informar erro nesta página