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Keert de Koe

De Atlas Digital da América Lusa

Keert de Koe

Geometria

Coleção Levy Pereira

Keert de Koe

Fortim na barra e na m.e. do 'Rio S. Francifco' (Rio São Francisco).


Natureza: fortim.


Mapa: MARITIMA BRASILIÆ UNIVERSÆ.


Capitania: Paranambuca.


Nomes históricos: Keert de Koe.


Nome atual: o fortim está destruído.

Possivelmente localiza-se próximo ao povoado Potenji, município de Piaçabuçu-AL - vide mapa IBGE Geocódigo 2706802 Piaçabuçu-AL.


Toponímia:

Tradução de 'Keerte de Koe', por B.N. Teensma (vide citação abaixo): "Refreie a vaca".

Citações:

(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 114-115:

FORTIFICAÇÕES

Faremos agora a descrição das fortalezas, castelos e fortes do litoral, os quais ou já existiam antes da conquista ou, depois dela, foram levantados pelos nossos para a defesa da mesma costa.

De Pernambuco

Começando do sul, temos, em primeiro lugar, o forte Maurício, ...

Do outro lado [do rio], defronte do forte Maurício, ...

Desse mesmo lado do rio, por ele abaixo, junto à foz, há um reduto denominado Keert de Koe, que serve para dominar aí o rio, conservá-lo livre, proteger os nossos navios e termos um pé em terra nesse lugar. Está situado em um pântano. .

(Câmara Cascudo, 1956), pg. 144-145:

(29) HOUTE WAMBIS, casa de Wambis, nome do holandês proprietário) tornar-se-ia fortim? O SOMMIER DISCOURS informa: Do outro lado do rio S. Francisco, defronte do Forte Maurício, os nossos construíram um Fortim de madeira, onde se fez uma bateria sobre uma árvore com três peças de calibre seis. Não me parece ser o mesmo KEERT DE KOE porque este ficava junto à foz. O SOMMIER DISCOURS registra: Desse mesmo lado do rio, por ele abaixo, junto à foz, ha um reduto denominado KEERT DE KOE, que serve para dominar ai o rio, conservá-lo livre, proteger os nossos navios, e termos um pé em terra nossa nesse lugar. Está situado em um pantano..

►Nelson Papavero in (Pudsey, circa 1670), NOTAS, pg. 182, comentando a respeito das fortificações construídas pelos neerlandeses defendendo o Rio São Francisco, o 'Mauritius', o 'Houte Wambis', e o 'Keert de Koe':

«357- Called as holten Walmbas, no original. Não se deve confundir esse fortim, construído em frente ao forte Maurício na margem oposta do São Francisco, com o terceiro forte levantado pelos holandeses na foz desse rio. Ao contrário de seu costume, Pudsey pouco teria corrompido o nome houten Walbass (ou Walbazen) aplicado a esse reduto, o que significa apenas fortim de madeira, eqüivalendo mais exatamente à expressão inglesa wooden wharfinger, sendo wharfinger a denominação aplicada ao guarda de um cais. Ao tecer comentários sobre o mapa da costa nordestina elaborado em 1644 por Marcgrave, Cascudo (1956) assinala a existência de um houte Wambis quase defronte do forte Maurício e reproduz os comentários de Felisbello Freire (1891), que descreve essa estrutura como um fortim de madeira onde se pôs uma barreira sobre uma árvore com três peças de calibre seis ... construído no lugar em que está hoje edificada a Vila Nova, relato baseado no Sommier Discours de Maurício de Nassau, Mathijs van Ceulen e Adriaen van der Dussen, texto de 1638 reproduzido contadas vezes durante as últimas décadas (e.g. Mello, 1981). No mapa de Marcgrave (in Cascudo, op. cit.), esse fortim estaria indicado como Thorax ligneus, enquanto o Sommier Discours não lhe atribui qualquer designação, destacando apenas chamar-se Keert de Koe o reduto situado em um pântano junto à foz do São Francisco. Embora reconheça que a referência de Marcgrave indica um fortim de madeira, Cascudo (op. cit.) prefere interpretar houte Wambis como casa de Wambis, sugerindo que a residência de um hipotético proprietário holandês teria dado origem ao nome em foco. Malgrado não saibamos quais fatos teriam levado o insigne historiador potiguar a semelhante conclusão, parece-nos bem mais razoável supor que o nome desse pequeno forte fronteiriço na verdade fosse Houten Walbazen (fortim de madeira ou wooden wharfinger em inglês), hipótese coerente com a expressão latina Thorax ligneus utilizada por Marcgrave em seu mapa, devendo a palavra thorax ser aqui entendida como uma alusão à parte da couraça que cobre o peito, portanto aos muros do supracitado fortim por extensão.».

Benjamin N. Teensma, carta de 28/02/2015, comentando a tradução em (Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 114-115, acima citada e o significado, em português, de 'Keerte de Koe':

« Segue resposta a sua carta de ontem sobre REDUTOS/FORTINS perto da foz do Rio São Francisco ― RSF―. Na revista BIJDRAGEN EN MEDEDEELINGEN VAN HET HISTORISCH GENOOTSCHAP GEVESTIGD TE UTRECHT, vol. 2 (1879) encontra-se nas pp. 257-317 um texto neerlandês, cujo original provém dum "Archief Van Hilten". Esta transcrição chama-se SOMMIER DISCOURS OVER DEN STAET VANDE VIER GECONQUIESTEERDE CAPITANIAS PARNAMBUCO, ITAMARACA, PARAÍBA ENDE RIO GRANDE, INDE NOORDERDEELEN VAN BRASIL. No mesmo segundo volume da dita revista encontra-se, nas páginas 318-367, oriunda do mesmo "Archief van Hilten", a transcrição neerlandesa dum texto escrito por Elias Herckmans e chamada GENERALE BESCHRIJVINGE VANDE CAPITANIE PARAÍBA. Ambas essas transcrições contém corruptelas evidentes. Bastantes.

...

A tradução portuguesa do trecho em questão continua assim:

"Desse mesmo lado do rio, por ele abaixo, junto à foz, há um reduto denominado KEERT DE KOE ... ". A tradução portuguesa das palavras DESSE MESMO LADO DO RIO está errada, e deve ser: DESTE MESMO LADO DO RIO, ou seja: DESTE MESMO LADO DO RIO [EM QUE SE ENCONTRA O FORTE MAURICIO]. Do lado alagoano do RSF portanto.

KEERT DE KOE significa: "Refreie a vaca". Trata-se do modo imperativo do verbo refrear = impedir. Noutras palavras: Cuide que não haja navegação portuguesa no nosso RSF holandês!

Nos anos antes da revolução dos moradores de 1645, os holandeses tinham redutos ou "wambuizen" de madeira nas duas margens do RSF, e perto da foz dele. Sobrevivem na nomenclatura dos mapas regionais da época. Depois da reocupação do Forte Maurício no final de 1646, os holandeses queriam restaurar as ruínas do fortim na margem sergipana do rio, mas sem resultado por falta de materiais de construção, insuficiência de tropas, e crescente obstrução do exército dos bahianos. ».






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Keert de Koe". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Keert_de_Koe. Data de acesso: 29 de março de 2024.


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