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Livro 3 - DA HISTÓRIA DO BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU Tomé de Souza ATÉ A VINDA DO GOVERNADOR Manuel Teles Barreto - Capítulo 19 - Do quarto governador do Brasil Luiz de Brito de Almeida, e de sua ida ao rio real

De Atlas Digital da América Lusa

Edição feita às 17h09min de 3 de outubro de 2012 por Tiagogil (disc | contribs)

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Livro 3 - DA HISTÓRIA DO BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU Tomé de Souza ATÉ A VINDA DO GOVERNADOR Manuel Teles Barreto - Capítulo 19 - Do quarto governador do Brasil Luiz de Brito de Almeida, e de sua ida ao rio real

Geometria

Sabida no reino a nova da morte de Luiz Fernandes de Vasconcellos, que os corsários mataram no mar vindo governar o Brasil, mandou logo el-rei por governador a Luiz de Brito de Almeida, que havia sido escrivão da Misericórdia em um ano de muita festa em Lisboa, e desamparando o provedor, e irmãos o hospital com temor do mal contagioso, ele assistiu sempre, provendo-os de todo o necessário para sua cura; pelo que el-rei lhe encarregou este governo, no qual, depois de chegar, e prover nas coisas da paz, que por morte de seu antecessor achou desordenadas, começou a entender nas da guerra; e a primeira a que acudiu foi a lançar os gentios inimigos do rio Real, e povoá-lo como el-rei lhe havia mandado, pelas boas informações que dele tinha, e o mesmo nome de rio Real esta publicando, e prometendo. Este rio esta em 12 graus, tem de boca meia légua, em a qual há dois canais, e por qualquer deles entram navios da costa de cinqüenta toneladas. Da barra para dentro é o rio mui fundo, e faz uma baía de mais de uma légua, onde há grandes pescarias de peixes-bois, e de toda a mais sorte de peixe. Entra a maré por ele sete ou oito léguas. Do salgado para cima é a terra muito boa para canas-de-açúcar, e outras plantas; tem muito pau-brasil, e por todas estas coisas a mandava el-rei povoar; porém como havia ali gentio contrário, foi primeiro o governador para a fazer despejar com muitos moradores da Bahia, uns por terra, outros nos barcos, em que iam os mantimentos, e alcançou vitória de um grande principal chamado Sorobi, queimando-lhe as aldeias, matando, e cativando a muitos; e porque outro chamado Aperipé lhe fugiu com a sua gente o seguiu cinqüenta léguas pelo sertão sem lhe poder dar alcance, onde achou duas léguas notáveis, uma de quinhentas braças de comprido, e cento de largo, cuja água é mais salgada que a do mar, e toda cercada de perrexil outra pegada a esta de mais de 600 braças de largo de água muito doce; ambas têm muitos peixes, e o governador mandou pescar muito, com que se tornou para a Bahia, encarregando a povoação a Garcia da Vida, que tinha sua casa, fazenda, e muitos currais dali a 12 ou 13 léguas no rio de Tatuapará, o qual a começou, mas nunca se acabou de povoar senão de currais de gado.