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Livro 3 - DA HISTÓRIA DO BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU Tomé de Souza ATÉ A VINDA DO GOVERNADOR Manuel Teles Barreto - Capítulo 23

De Atlas Digital da América Lusa

Edição feita às 17h12min de 18 de outubro de 2012 por Tiagogil (disc | contribs)

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Livro 3 - DA HISTÓRIA DO BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU Tomé de Souza ATÉ A VINDA DO GOVERNADOR Manuel Teles Barreto - Capítulo 23

Geometria

Informado el-rei d. Sebastião de todo o conteúdo no capítulo precedente, e receoso de se os franceses situarem no rio da Paraíba, mandou ao governador Luiz de Brito de Almeida o fosse ver, e eleger sítio para uma forte povoação, donde se pudessem defender deles, e dos Potiguares, e para que melhor o pudesse fazer, e sem que sentissem sua falta as capitanias do sul, de Porto Seguro para baixo, encarregou o governo delas ao dr. Antônio Salema, que havia estado em Pernambuco com alçada, e então estava na Bahia, donde se partiu no ano do Senhor de mil quinhentos setenta e cinco, e foi bem recebido no Rio de Janeiro assim pelo capitão-mor Cristóvão de Barros, como de todos os mais portugueses, e índios principais, que o visitaram, sendo o primeiro e principalíssimo Martim Afonso de Souza, Araribóia, de quem tratamos no capítulo décimo quarto deste livro, ao qual, como o governador desse cadeira, e ele em se assentando cavalgasse uma perna sobre a outra segundo o seu costume, mandou-lhe dizer o governador pelo intérprete, que ali tinha, que não era aquela boa cortesia quando falava com um governador, que representava a pessoa de el-rei. Respondeu o índio de repente, não sem cólera e arrogância, dizendo-lhe:” Se tu souberas quão cansadas eu tenho as pernas das guerras em que servi a el-rei, não estranharas dar-lhe agora este pequeno descanso, mas já que me achas pouco cortesão eu me vou para minha aldeia, onde nós não curamos desses pontos, e não tornarei mais à tua corte.” Porém nunca deixou de se achar com os seus em todas as ocasiões, que o ocupou. Depois que o governador esteve alguns dias em terra compondo e ordenando as coisas dela, e da justiça, como bom letrado que era, foi informado que no Cabo Frio estavam muitas naus francesas resgatando com o gentio, e que todos os anos ali vinham carregar de pau-brasil; pelo que determinou logo lançá-los fora, e para isto se ajuntou com Cristóvão de Barros, e com 400 portugueses, e 700 gentios amigos, cometeram animosamente os franceses, e posto que os acharam já fortificados com os Tamoios, e se defenderam com muito ânimo, todavia apertaram tanto com eles, que tiveram por seu bem entregar-se, e os Tamoios, que escaparam, com espanto do que tinham visto se afastaram de toda aquela costa, mas os cativos, que quiseram receber a Fé, pôs o governador Antônio Salema em duas aldeias no recôncavo do Rio de Janeiro, a que chamaram uma de S. Barnabé, e outra de S. Lourenço, e se encomendaram aos padres da companhia, para que como aos outros catecumenos lhes ensinassem o ministério de nossa Fé.

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