Ações

Mazagão

De Atlas Digital da América Lusa

(Diferença entre revisões)
 
Linha 7: Linha 7:
 
A população embarcou nos navios portugueses em 1769, passaram um tempo em Lisboa, onde houve casamentos, deserções, mortes e doenças, depois vieram para Belém, onde ficaram mais um tempo até que a maior parte (que não havia novamente desertado/morrido/adoecido) fosse transferida para o ponto final.<ref>ASSUNÇÃO, Paulo de. Mazagão: cidades em dois continentes</ref>
 
A população embarcou nos navios portugueses em 1769, passaram um tempo em Lisboa, onde houve casamentos, deserções, mortes e doenças, depois vieram para Belém, onde ficaram mais um tempo até que a maior parte (que não havia novamente desertado/morrido/adoecido) fosse transferida para o ponto final.<ref>ASSUNÇÃO, Paulo de. Mazagão: cidades em dois continentes</ref>
  
Nova Mazagão localizava-se próxima a Macapá (cerca de 42km) e Vila Vistoza (cerca de 20km)<ref>ver [http://164.41.2.93/biblioatlas/Vila_Vistosa_da_Madre_de_Deus Vila Vistosa da Madre de deus]</ref> e deveria ajudar na defesa da região. Porém as condições naturais e as experiências de vida da população eram muito diferentes das necessárias para uma boa adaptação em território amazônico. Não há relatos de escravos que tenham vindo na expedição e os habitantes não tinham dinheiro o bastante para comprá-los. Também não tinham grande conhecimento de plantio e criação de animais.
+
Nova Mazagão localizava-se próxima a Macapá (cerca de 42km) e Vila Vistoza (cerca de 20km)<ref>ver [[Vila Vistosa da Madre de Deus]]</ref> e deveria ajudar na defesa da região. Porém as condições naturais e as experiências de vida da população eram muito diferentes das necessárias para uma boa adaptação em território amazônico. Não há relatos de escravos que tenham vindo na expedição e os habitantes não tinham dinheiro o bastante para comprá-los. Também não tinham grande conhecimento de plantio e criação de animais.
  
 
Os moradores passaram a cultivar arroz, milho, maniva (mandioca), nas ilhas de Mutuacá e Pará - onde a salinização era menor - e fabricavam-se panos de algodão, que eram comercializados em Belém<ref>Motinha, Katy Eliana Ferreira. Vila Nova de Mazagão: espelho de cultura e de sociabilidade portuguesas no vale amazônico. Universidade Federal do Amapá – UNIFAP</ref>
 
Os moradores passaram a cultivar arroz, milho, maniva (mandioca), nas ilhas de Mutuacá e Pará - onde a salinização era menor - e fabricavam-se panos de algodão, que eram comercializados em Belém<ref>Motinha, Katy Eliana Ferreira. Vila Nova de Mazagão: espelho de cultura e de sociabilidade portuguesas no vale amazônico. Universidade Federal do Amapá – UNIFAP</ref>

Edição atual tal como 14h49min de 10 de maio de 2016

por Luiza Moretti


Mazagão era uma Vila Fortificada portuguesa no Marrocos. Último vestígio da ocupação portuguesa na região do Norte d’África. Fora construída no início do século XVI para servir de entreposto comercial e de expansão da fé católica e do poder português.

A vila estava sempre lutando contra mouros que desejavam expulsar os estrangeiros do território, os recursos para sobrevivência na região estavam escassos e o inimigo mais forte.[1]

Baseando-se nas políticas do Marquês de Pombal para os territórios portugueses de ultramar, que consistiam em melhorar a ocupação e defesa de fronteiras e exploração do território em busca de riquezas e consolidação do poder Português utilizando o conceito de utis possedis, Portugal decidiu, então, que era melhor transferir a cidade-fortaleza e sua população para outro local. A localidade escolhida fora o norte do Estado do Grão-Pará, na região do Cabo Norte, na capitania do Rio Negro, que sofria com ataques de franceses, ingleses, holandeses e espanhóis, além de ser muito extensa e pouco povoada. A vila agora se chamaria Nova Mazagão.

A população embarcou nos navios portugueses em 1769, passaram um tempo em Lisboa, onde houve casamentos, deserções, mortes e doenças, depois vieram para Belém, onde ficaram mais um tempo até que a maior parte (que não havia novamente desertado/morrido/adoecido) fosse transferida para o ponto final.[2]

Nova Mazagão localizava-se próxima a Macapá (cerca de 42km) e Vila Vistoza (cerca de 20km)[3] e deveria ajudar na defesa da região. Porém as condições naturais e as experiências de vida da população eram muito diferentes das necessárias para uma boa adaptação em território amazônico. Não há relatos de escravos que tenham vindo na expedição e os habitantes não tinham dinheiro o bastante para comprá-los. Também não tinham grande conhecimento de plantio e criação de animais.

Os moradores passaram a cultivar arroz, milho, maniva (mandioca), nas ilhas de Mutuacá e Pará - onde a salinização era menor - e fabricavam-se panos de algodão, que eram comercializados em Belém[4]

As construções da nova vila eram precárias e a alimentação também, por não produzirem o suficiente para todos, nem em quantidade nem em qualidade. Mas alguns que detinham certa riqueza ainda conseguiram comprar escravos, e indígenas de regiões próximas foram levados para lá para ajudar no crescimento e sobrevivência da vila.

Mesmo assim a população de Nova Mazagão, insatisfeita, saía e voltava para Belém ou outras localidades próximas. Aos poucos a população foi minguando e, quando de um surto de cólera muitos morreram, os sobreviventes fugiram, abandonando a vila.[5]

Anos mais tarde, cerca de 20km - seguindo o curso do rio - de distancia de onde era Vila Nova de Mazagão, negros fugidos formaram uma pequena vila, que existe até hoje com o nome de Mazagão. A mata não ocupada ao redor dessa vila esconde ruínas do que um dia foi Nova Mazagão.[6]


[editar] Referências

  1. Ver FARINHA, Antonio D. Os Portugueses em Marrocos. Instituto Camões, 1999, Lisboa.; AMARAL, A. F. de. História de Mazagão. Publicações Alfa, 1989, Lisboa.; RICARD, R. (1934) Les Origines de Mazagan. In: Sources inedites… Tomo I, p. 103-108.; ASSUNÇÃO, Paulo de. Mazagão: cidades em dois continentes.
  2. ASSUNÇÃO, Paulo de. Mazagão: cidades em dois continentes
  3. ver Vila Vistosa da Madre de Deus
  4. Motinha, Katy Eliana Ferreira. Vila Nova de Mazagão: espelho de cultura e de sociabilidade portuguesas no vale amazônico. Universidade Federal do Amapá – UNIFAP
  5. SOUZA, Milena Duarte de O., ANDRADE, Rúbia Nogueira. O POVOAMENTO DO BRASIL NO PERÍODO POMBALINO - O CASO DA VILA DE MAZAGÃO.
  6. http://www.magmarqueologia.pro.br/arqueologia_historica/popup_vilas.asp?page=mazagao_velho.asp



Citação deste verbete
Autor do verbete: Luiza Moretti
Como citar: MORETTI, Luiza. "Mazagão". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Mazag%C3%A3o. Data de acesso: 28 de março de 2024.



Baixe a referência bibliográfica deste verbete usando

BiblioAtlas recomenda o ZOTERO

(clique aqui para saber mais)

Informar erro nesta página