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Medidas

De Atlas Digital da América Lusa

Edição feita às 12h45min de 2 de abril de 2013 por Tiagogil (disc | contribs)

Medidas

Geometria

A forma de contar as coisas era muito diferente. Era muito mais fácil agrupar em dúzias que em dezenas ou centenas. A própria forma de contar os anos de vida, a idade, era imprecisa. Em diversas fontes, as pessoas diziam ter tantos anos mais ou menos. A moeda, particularmente, era dividida e subdividida de muitos modos. No mundo luso, o real era a moeda base. Vinte réis formavam um vintém; quatro vinténs ou oitenta réis formavam um tostão; quatro tostões ou trezentos e vinte réis formavam uma pataca; três patacas, doze tostões, quarenta e oito vinténs ou novecentos e sessenta réis juntavam um patacão. Somando oitenta vinténs, vinte tostões, cinco patacas ou 4 cruzados, se formava um escudo. E uma dobra era composta de doze mil e oitocentos réis, seiscentos e quarenta vinténs, cento e sessenta tostões, quarenta patacas ou trinta e dois cruzados. As principais medidas de cumprimento eram a polegada (ou dedo), o palmo, o pé (pé de rei), o côvado, a vara, a braça e a légua. A polegada era formada de um dedo ou quatro grãos de cevada. O pé era constituído de um palmo e meio. O palmo, de oito polegadas. Três palmos, um côvado. Uma vara somava cinco palmos. Duas varas ou dez palmos formavam uma braça. Duas mil e quinhentas braças compunham uma légua. Um texto anônimo de 1793, o Dicionário Universal das Moedas1, falava sobre o uso das medidas em Portugal: Nas medições de terrenos há diversidades, motivo porque apontamos aquelas que temos. Em Lisboa, medem-se os terrenos com vara de cinco palmos craveiros; na comarca de Santarém medem-se os campos por firgas de dezessete varas; nos campos de Coimbra medem-se as terras com aguilhadas de 14 palmos...[1] Na seqüência do livro, há uma digressão sobre outras formas de se medir particulares de algumas regiões, como a geira, além das diversas medidas existentes para se mesurar produtos, cada um com sua forma específica de ser medido. E também havia as medidas secas (conceito de volume): a unidade básica era o alqueire, que era dividido em meias, quartas e oitavas. A oitava era formada por duas maquias; uma maquia, por dois selamins. E com sessenta deles se fazia um moio. Os líquidos tinham igualmente sua mensuração: doze onças formavam um quartilho; quatro quartilhos, uma canada; seis canadas, um alqueire ou pote; dois potes, um almude; vinte e seis almudes, uma pipa.[2] Os pesos se organizavam em arrobas, formadas por trinta e dois arráteis; o arrátel, por dois marcos; o marco, por oito onças; a onça por três dinheiros; o dinheiro por vinte e quatro grãos. [3] Até aqui apresentei as principais formas de medir e contar que encontrei, ou melhor, os sistemas numéricos mais comumente adotados no Império Luso, os quais eram, como vimos, fracionados, divisíveis de diversas formas e empregados em diferentes conjuntos. A medida decimal era praticada em diversos setores como, por exemplo, no imposto dos dízimos, 1/10 da produção que era recolhida. Mas esta medida convivia com uma diversidade de formas de mensurar que eram igualmente adotadas e empregadas em diferentes lugares e para resolver problemas de naturezas diversas. Longe de ser uma idiossincrasia, era a forma que aquele mundo encontrara para medir as coisas. Nem todas estas medidas eram empregadas na rota das tropas. Algumas eram preferenciais e diversas do que se praticava em outras áreas de conquista lusa. Como nos sugere o autor anônimo, cada região tinha suas formas peculiares de medir e isso também variava de acordo com o produto.[4]


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