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O. Brandibe

De Atlas Digital da América Lusa

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O. Brandibe

Geometria

Coleção Levy Pereira

O. Brandibe

Cabo entre 'Soapary' (Ponta do Calcanhar) e 'Cai∫a' (Enseada de Caiçara do Norte).

'O. Brandibe' no MBU.


Natureza: pontal e enseada.


Mapa: MARITIMA BRASILIÆ UNIVERSÆ.


Capitania: Rio Grande.


Nomes históricos: Obrandiba; obran∂iba; O ßran∂ibԐ; obrandibe; ßran∂ibԐ; Obranduba; Ubaranduba; Ubŭrandŭba; Paranduba.


Nome atual: Ponta Santo Cristo, em São Miguel do Gostoso - RN.

Citações:

►Mapa Y-54 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen cabo Roques en Bay Cazay, plotado como 'obran∂iba:', entre 'Soaparÿ' e a linha 'hier is ∂e merck steenen: ∂at bÿ∂e ∂e kaptanie: van Malcan∂eren scheÿt:' (Aqui está a pedra limite que separa as duas capitanias*).

  • Tradução em (Teensma, 2011), pg. 218. Câmara Cascudo (vide citação abaixo) e historiadores que examinaram esse marco, identificaram-no como padrão de posse, e assim, não se trata de marco divisório de capitanias, no caso, Capitania do Rio Grande e Capitania do Ceará, conforme se depreende no mapa Y-54. Vide o topônimo O marco.


►Mapa (BAV-Vingboons, 1640) Reg.Lat.2106 f.021 # 7 BRASIL, plotado, 'Ubŭrandŭba', entre 'UGassŭms Chŭgasŭ' (barra do Riacho Olho d'Água, na cidade de Touros-RN) e 'O marquԐ' (marco de posse na Praia dos Marcos, município de São Miguel do Gostoso-RN).


►Mapa CE (IAHGP-Vingboons, 1640) #53 CAPITANIA DO ZIERA, plotado, 'O ßran∂ibԐ', 'ßran∂ibԐ' (nome grafado duas vezes, em preto e em vermelho), entre 'Soaparÿ' (grafado duas vezes) e 'Caysa.'.


►Mapa CE-RG (Orazi, 1698) PROVINCIE DI SEARÁ E RIO GRANDE, plotado, 'obrandibe', entre 'Soapary' e 'Caysa'.


(Sousa, 1587), pg. 12:

"Do cabo de S. Roque à ponta de Goaripari são seis léguas, a qual está em quatro graus e 1/4, onde a costa é limpa e a terra escalvada, de pouco arvoredo e sem gentio. De Goaripari à enseada da Itapitanga são sete léguas, a qual está em quatro graus e 1/4; da ponta desta enseada à ponta de Goaripari são tudo arrecifes, e entre eles e a terra entram naus francesas e surgem nesta enseada à vontade, sobre a qual está um grande médão de areia; a terra por aqui ao longo do mar está despovoada do gentio por ser estéril e fraca.".


(Castello Branco, 1951), pg. 135-136, comentando o Roteiro de Gabriel Soares de Sousa acima citado:

"Ponta dc Goaripari — Do cabo de São Roque a Goaripari deu o historiador seis léguas e Pompeu Sobrinho identificou como sendo a ponta de Calcanhar, adiantando aquele ser a costa limpa e a terra escalvada, de |pouco arvoredo e sem gentio. De Três Irmãos a Calcanhar são 9 léguas, e desta a ilha de Cima são 4 léguas e a costa é limpa e funda, mas, da ilha de Cima à ponta de Três Irmãos, já não acontece o mesmo, havendo vários escolhos. Os terrenos escalvados estão entre Caiçara e Tubarão (F. Pereira, 57), ao passo que entre ilha de Cima e Calcanhar há vegetação, e dunas apenas, no meio de ilha de Cima e Três Irmãos, Pela latitude de 4°1/4, nada se pode precisar, mesmo porque estaria fora da capitania.".


(Medeiros, 1997), no capítulo A costa Potiguar em 1587, descrita por Gabriel Soares Souza, tratando do texto acima citado, à pg. 18, localiza a ponta de Guaripari correspondendo à Ponta de Santo Cristo.

  • Para melhor entendimento da interpretação no presente estudo, diferente do autor desta citação, vide o comentário no topônimo 'Soapary'.


(Laet, 1637), pg. 236, no relatório de Jacob Jansz, piloto do navio Nieuw-Nederland, sobre a Costa setentrional do Brasil:

"17 (de novembro). ... Estivemos 21 léguas do Rio Grande, na altura de 5 graus e 7 minutos, em frente da Ponta de Ubaranduba, segundo a terminologia dos selvagens ...".

  • O texto original grafa Obrandiba.


(Prevost, 1757), pg. 242:

"De la Baie de Petitigua, suivant Figueredo, la Côte continue de s'étendre à l'Ouest, tantôt haute, tantôt plus basse, & couverte de Bois en divers endroits, jusqu'à Omerco, qui en est à 25 lieues: il paroît, dit le même Ecrivain, que ce lieu faisoit autrefois la séparation des Portugais & des Castillans. Les Hollandois comptent six lieues de Pequetinga a la Pointe de Chugasu, ou Ugassumha, & font observer que les Ecueils de Saint Roc finissent près de cette Pointe. Elle est suivie, disent-ils d'une autre Pointe, qu'ils nomment Ubaranduba.

Figueredo compte, d'Omarco à Guamaraé, quinze lieues d'une Côte basse, entremêlée de quelques Collines de sable, derriere lesquelles on découvre sort loin, dans le Continent, de hautes Montagnes que les Indiens, nomment Buturuna.".


(Câmara Cascudo, 1956), pg. 61-62, informa que Ubaranduba foi o porto onde os holandeses desembarcaram, em 1531, uma comitiva para negociar a aliança holandesa com Janduí, rei da nação Tarairú:

"Em 3 de outubro de 1631 apresentou-se ao Conselho Político do Brasil Holandês um indígena chamado Marcial ou Marciliano, fugitivo dos acampamentos portugueses, informando que seus companheiros estavam desejosos de uma aliança com os invasores. Dizia-se enviado pelos soberanos cariris Janduí e Oquenuçu.

O Conselho deliberou enviar um iate para colher informações nas terras do Rio Grande, onde a dupla governava. Marcial trouxera vários indígenas que tinham ido à Holanda, em 1625, na esquadra de Hendrikszoon.

Essa expedição consta do iate Niew Nederlandt, do capitão Elbert Smient, comandante das chalupas e um outro navio pequeno, sob a direção de Joost Closter. Embarcaram Marcial e seu séquito além do judeu Samuel Cochin, a quem o Conselho dera instruções reservadas e tinha acomodações especiais no iate.

Largaram do Recife a 13 de outubro de 1631. No dia seguinte tentaram abordar uma nau portuguesa que para fugir abeirou-se da Baía da Traição, protegida por duas baterias ali existentes. A 15 velejaram por fora do Rio Grande, evitando os canhões do Reis Magos. Foram além, até fundear, 21 léguas ao norte do Potengi, num lugar Ubranduba, Uberanduba para Laet. Desceram aí Marcial, André Tacou, Araroba e Francisco Matauwe, indígenas diplomatas, sequiosos pelo resultado da embaixada. A 10 de novembro, Smient pôs gente em terra apesar do mar revolto e da costa parcelada. Durante a noite, atraídos pelo clarão de uma fogueira, caíram sobre um acampamento. Encontraram o português João Pereira que conduzia, presos para o Rio Grande, destinados a venda, André Tacou e mais oito companheiros, além de 17 mulheres e crianças. Mataram João Pereira, libertando os indígenas. O português levava papéis preciosos como informações para a conquista do Ceará. Elbert Smient, a 18 de novembro, voltou ao Recife, e Joost Closter ficou para prosseguir a jornada. E viajou, perigosamente, entre rochas e cachopos submersos, até o rio Jaguaribe. No litoral cearense, numa ponta chamada Opese, soltou os cariris, plenipotenciários do povo janduí.

Acometidos por um troço de portugueses armados de escopetas, os indígenas foram vencidos e Joost Colster amedrontado, fez-se de velas para as Antilhas, sendo posteriormente submetido a conselho de guerra e expulso do serviço da Companhia.

Smient, chegando ao Recife a 25 de novembro; deu conta do recado, apresentando indígenas que recolhera à bordo em Ubranduba e Goana (Goiana, em Pernambuco) ou no litoral norte-rio-grandense onde havia outra Goana, hoje Goianinha.".


Notas:

  • Examinando o mapa MARITIMA BRASILIÆ UNIVERSÆ, seleciona-se dois locais possíveis de serem interpretados como Ubaranduba, ambos pontas notáveis e bastante salientes no litoral nordeste do RN: Praia do Marco e São Miguel do Gostoso. A latitude do primeiro é 5º 4' 32,5" e a do segundo 5º 7' 00".
  • Prevost, citando Manoel de Figueiredo, autor do 'Arte de Navegar e Roteiro das Viagens e Costa Marítimas', publicado em 1762, estabelece que Ubaranduba e Omerco, ou Omarco, são dois locais distintos. Omerco parece ser grafia corrompida de Omarco, o marco, em suma, a ponta na atual Praia do Marco.
  • A combinação da citação de Prevost com a do relatório citado por Laet estabelece que a ponta do Santo Cristo, situada praticamente em 5º 7', seja a melhor localização probabilística para O. Brandibe.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "O. Brandibe". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/O._Brandibe. Data de acesso: 20 de abril de 2024.


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