Edição atual tal como 15h57min de 22 de janeiro de 2013

A dimensão do espaço narrado no livro é percebida de acordo com a forma com que o autor transmite a informação ao leitor. No caso de um estilo narrativo como o dos Seiscentos, repleto de retórica, rico em detalhes que garantem a verossimilhança dos eventos, o cenário que é transmitido para o leitor é vívido e repleto de peculiaridades ilustrativas, elementos que induzem o leitor a imaginar tudo nos mínimos detalhes, desde os buracos feitos pelos pelouros nas paredes até as características físicas das plantas, animais e índios.

A título de comparação, confrontamos a narrativa de Capistrano de Abreu – que também escreve a respeito da invasão holandesa na Bahia no capítulo VIII de sua obra Capítulos de História Colonial, porém o faz sob uma ótica diferente – percebemos a variação da dimensão perceptível do espaço entendido a partir da narrativa. A obra de Capistrano pretende seguir a premissa de contar a história colonial do Brasil em capítulos; portanto, as informações são passadas de uma forma menos demorada e mais pragmática que a de frei Vicente, sem detalhes considerados supérfluos para a escrita oitocentista. Informações como o andamento de uma batalha, como se deu o ataque a uma fortificação, as falas que algumas pessoas teriam dito, os termos da capitulação – entre outros fatores que favorecem um detalhamento maior do momento em que estão acontecendo – não entram na obra de Capistrano. Ao contrário, o autor cearense transmite as informações ao leitor da forma que considera necessária para a produção historiográfica da época: uma forma mais sucinta, mais direta. É como se estivesse mostrando um mapa aos leitores, repleto de setas e legendas.