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Paraĩgèra ou Algoa de Sal

De Atlas Digital da América Lusa

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Paraĩgèra ou Algoa de Sal

Geometria

Coleção Levy Pereira


Paraĩgèra ou Algoa de Sal

'Allogoa de Zud' no MBU.

Lagoa fluvial de grande porte formada pelo 'Paraiba' (Rio Paraíba) e situada próxima e ao sul da 'Mondaĩ ou Alagoa de Norte' (Lagoa Mundaú).


Natureza: lagoa fluvial.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS MERIDIONALIS.


Capitania: PARANAMBVCA.


Nomes históricos: Paraĩgèra; Paraigera; Algoa de Sal; Allogoa de Zud; Alagoa ∂Ԑ Zuy∂t; a Lagoa ∂Ԑ Zuÿ∂t; Alagoa do Sul; Lagoa do Sul; Myagualba.


Nome atual: Lagoa Manguaba (ou Maguaba).


Notas:

1) As grandes lagoas Mundaú e Manguaba formam o sistema lacustre denominado Alagoas, que dá nome, segundo Walbeeck e Moucheron, ao distrito entre o Rio de São Miguel e o Rio de Santo Antônio Grande.

A região no entorno da Manguaba constituia uma área denominada Alagoa do Sul, onde situa-se a povoação de 'N S. da Conçeiçaon' (atual cidade de Marechal Deodoro - AL).

2) A região na Lagoa Manguaba (ou Maguaba) ao noroeste de onde nela desagua o 'Paraiba' (Rio Paraíba) tem o nome de 'Myavalba', que deve ser a origem da denominação dessa lagoa.

Citações

►Mapa RSF (Albernaz, 1626/1627) RIO DE SÃO FRANCISCO, desenhada, lagoa assinalada com a letra I, 'I - Lagoa do Sul cõ muitas canas dasucar'.

►Mapa BA (IAHGP-Vingboons, 1640) #36 CAPITANIA DO BAHIA DE TODOS SANCTOS, plotada, 'a Lagoa ∂Ԑ Zuÿ∂t', desaguando no Oceano pelo 'R Alagoas'.

►Mapa BRASILIA (IAHGP-Vingboons, 1640) #38 CAERTE VAN BRASILIA plotada, 'Alagoa ∂Ԑ Zuy∂t.', em cuja m.d. (ou sul) está a povoação assinalada com símbolo, 'Dorp' ('N S. da Conçeiçaon' no BQPPB, atual cidade de Marechal Deodoro - AL).

►Mapa PE-M (IAHGP-Vingboons, 1640) #39 CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, plotada, 'Alagoa. ∂Ԑ Zuy∂t.', canal de desague formando um arquipelago fluvial, e em cuja m.d. (ou sul) está a povoação assinalada com símbolo, 'Pouaçao' ('N S. da Conçeiçaon' no BQPPB, atual cidade de Marechal Deodoro - AL).

►Mapa Y-25 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Rio Vassabara ende Rio St. Antonij Mimijn, plotada, sem nome, junto a ao sul da grande lagoa formada pelo 'Rº Allegoas:'.

(Walbeek & Moucheron, 1643):

@ pg. 123:

"As alagoas, ou lagoas propriamente ditas, das quais procede o nome desse distrito, são duas, a do Norte e a do Sul, tendo ambas a mesma barra, e demoram na altura de 9º e 3/4 de latitude meridional.".

@ pg. 124:

"Trataremos em primeiro lugar da lagoa do Sul, porque é a que foi melhor povoada. No tempo da primeira povoação foi seu proprietário Diogo Soares da Cunha, pai de Gabriel Soares da Cunha, senhor do Engenho Novo, o qual a obteve por doação de Duarte de Albuquerque, senhor de toda a capitania de Pernambuco (2). O donatário apresentou as cartas de doação aos antecessores dos Senhores Altos Conselheiros, e essas cartas de presente se acham sob a guarda de Baltasar da Fonseca (3). O doador deu a Diogo Soares, como bem alodial, duas léguas ao norte e três ao sul da barra das Alagoas, com sete milhas para o interior e ainda mais quatro léguas da boca do rio Paraíba (que desemboca na mesma lagoa) para o sul, e sete para o sertão, de sorte que o referido Diogo Soares ficou sendo possuidor de toda a lagoa do Sul. ".

@ pg. 126-127:

"Toda essa parte setentrional da lagoa atualmente não é povoada; está inteiramente inculta e deserta, porquanto os poucos moradores que ali ficaram depois da guerra se transportaram para a parte do sul, onde fizeram assento, e se acham mais seguros contra os negros dos Palmares, porque aí permanece a nossa guarnição.

Outrossim, toda essa orla ou borda d'água, que é o declive ou descida dos montes, é própria para plantação; a planície, que fica em cima, oferece uma razoável pastagem e tem abundância d'água. Os moradores dessa parte não costumavam alimentar-se de peixe, porque a. praia não é tão apropriada para a pesca quanto a do lado sul. As terras da parte ocidental da lagoa são do Engenho Velho, que fica à beira d'água e pertence a Domingos Rodrigues de Azevedo (6).

Quanto à pesca nessas lagoas, atividade da qual os moradores tiravam o seu maior proveito, faz-se nos meses de verão, que é quando a água das lagoas se torna salobra e menos profunda; na estação chuvosa pouco ou nenhum peixe apanha-se, porque as chuvas fazem a água fresca, e os peixes fogem para o mar. Os que se pescam ali são curimãs, carapebas, porém principalmente curimãs; este é um peixe de pé a pé e meio de comprimento, e nos meses de novembro, dezembro e janeiro engordam tanto que se servem da pele dele como óleo para arder nas lâmpadas (7). De uma curimã fresca podem três pessoas fazer sua refeição; vende-se por seis stuivers, e a carapeba por um; a curimã seca vale oito stuivers. Pesca-se à noite com redes de 60 até 70 vademen de comprimento; deitam-nas no lugar onde percebem o peixe e impelem-no para elas, batendo com os remos [n'água]; de dia, porém, ou em noites de luar claro, quando as redes podem ser vistas, é infrutuosa a pesca, e por isso, no plenilúnio deve cessar durante uns oito dias.

No verão as lagoas têm constantemente sete a oito pés de profundeza, e a água é um pouco salobra; mas no inverno, quando os rios transbordam, eleva-se mais seis a sete pés e torna-se então de todo doce, mas não é clara. Anteriormente havia de ordinário na lagoa do Sul dezessete e dezoito pesqueiros, mas atualmente só existem quatro.".

(Gonsalves de Mello, 1985):

@ pg. 137-138:

"(2) A doação seria de 5 de agosto de 1591, segundo informação de Fr. Antônio de Santa Maria Jaboatão, Novo Orbe Seráfico Brasileiro 2ª ed., 5 vo1s. (Rio 1858-62) I p. 398, embora designe o doado como Diogo Melo de Castro. Se a doação foi daquele ano, o donatário de Pernambuco não era Duarte de Albuquerque, mas Jorge de Albuquerque (1539-1601).

(3) No período da ocupação holandesa havia um Judeu desse nome residente no Recife: José Antônio Gonsalves de Mello, "Gente da Nação", RIAP vol. 51 (Recife 1979) pp. 41/43. ".

...

(7) Jorge Marcgrave refere-se à curimã com a designação de "curema" e dela diz: "Este peixe é muito pingue e pode ser comido assado ou cozido, sem azeite ou manteiga. Conserva-se grande quantidade dele salgado e seco ao calor do sol". ...".

(Câmara Cascudo, 1956):

@ pg. 155:

"Diogo Soares da Cunha é o sesmeiro de cinco léguas de praia, de Pajussara ao Porto do Francês, com foral em 5 de agosto de 1591. Entravam, para o sertão, sete léguas. Vindo de Lisboa para Pernambuco, em 1596, é o fundador da povoação de Madalena, que seria a vila de Santa Madalena da Alagoa do Sul em 1636.".

@ pg. 160:

"No Brasil Holandês, Alagoas era dividida em "Alagoa Borealis" e "Alagoa Australis". Na enumeração das sedes que orgulhavam o domínio batavo, Porto Calvo e as duas Alagoas constituíam os números nono, décimo e undécimo. À Alagoa do Sul, linda Manguaba, Alagoa ad Austrum, rica em pescado, foi dado pelo Conde de Nassau o brasão com as três tainhas, postas em pala, no campo verde do escudo.".

@ pg. 164:

"O Rio das Lagoas é o Mundaú. Barléu escreve-lhe o nome vulgar da época. O desenho tenta reproduzir, no contorno geral, as duas lagoas famosas, a Paraigera ou Alagoa do Sul (Manguaba) e a Mondai ou Alagoa do Norte (Mundaú). Não nomeia os canais que as ligam, o Remédios e o Siriba. Na Paraigera fixa a ilha dos Porcos, na extremidade meridional e, antes da comunicação, a grande ilha da Misericórdia, a Santa Rita certamente, com três e meio sobre sete quilômetros de superfície.

Na Alagoa do Sul se despejam quatro rios: o Paraíba, ao norte, o Itinga com a barra comum ao Çobauna, e este o de mais longo curso, e o pequenino Rio de Pero Cabreiro.".






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Paraĩgèra ou Algoa de Sal". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Para%C4%A9g%C3%A8ra_ou_Algoa_de_Sal. Data de acesso: 19 de abril de 2024.


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