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Portos do Sertão

De Atlas Digital da América Lusa

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Edição de 01h46min de 21 de outubro de 2013

por Leonardo Cândido ROLIM


O termo é ligado diretamente aos significados atribuídos à palavra [sertão]. De acordo com Antonio Carlos Robert Moraes, sertão é “uma ideologia geográfica” [1] . Isto é, serve a conquistadores/colonizadores como referência. Segundo Moraes, “o sertão para ser identificado demanda o levantamento do seu oposto: o “não-sertão, visto como o lugar que possui as características de positividade ali inexistentes”. Todavia, o sertão não reflete, necessariamente, distância ou isolamento; ele é “a morada dos outros” [2]. Por fim, o sertão “é uma figura do imaginário da conquista territorial, um conceito que ao classificar uma localização opera uma apropriação simbólica do lugar, densa de juízos valorativos que apontam para sua transformação. Nesse sentido, a designação acompanha-se sempre de um projeto (povoador, civilizador, modernizador), o qual almeja – no limite – a superação da condição sertaneja. Trata-se de um espaço a ser conquistado, submetido, incorporado à economia nacional: uma área de expansão” [3]. Dito isto, podemos considerar que o termo portos do sertão aparece na historiografia [4] identificando os espaços comércio que não se localizavam nas grandes áreas produtivo-comerciais da colônia (Pernambuco e Salvador) ou não estavam diretamente ligados ao escoamento da produção aurífera (Rio de Janeiro e Santos). As referências identificam, principalmente, vilas, povoados, arraiais e pequenos núcleos urbanos localizados no litoral setentrional do Estado do Brasil – correspondendo atualmente aos litorais do Ceará e Rio Grande do Norte. Tais localidades eram fundamentais no escoamento de produtos locais (sal, carne seca, couros, anil, mel) e na entrada de gêneros do reino vindos dos principais portos da América Portuguesa (fazendas, aguardente, secos e molhados, vinho, azeite, etc.). Portanto, eram responsáveis por tornar locais específicos dos sertões em espaços de ajuntamento populacional, festas, lojas comerciais fervilhando, brigas... enfim, territórios dinâmicos. Podemos tomar como exemplos a [vila de Santa Cruz do Aracati] e os povoados [Camocim] e [Acaracu] na capitania do Siará Grande, além de [Açu] e [Oficinas] na capitania do Rio Grande do Norte.


Referências

  1. MORAES, Antonio Carlos Robert. O sertão – um “outro geográfico”. In: Terra Brasilis [Online] 4-5 / 2003. Disponível em: http://terrabrasilis.revues.org/341
  2. TODOROV, Tzvetan. Nós e os outros: A reflexão francesa sobre a diversidade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
  3. MORAES, Antonio Carlos Robert. Idem.
  4. MELLO, Evaldo Cabral de. A Ferida de Narciso: ensaio de história regional. São Paulo: SENAC, 2001; NOGUEIRA, Gabriel Parente. Fazer-se nobre nas fímbrias do império: práticas de nobilitação e hierarquia social da elite camarária de Santa Cruz do Aracati (1748-1804). 2010. 358p. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal do Ceará. ; ROLIM, Leonardo Cândido. “Tempo das carnes” no Siará Grande: dinâmica social, produção e comércio de carnes secas na vila de Santa Cruz do Aracati (c. 1690 – c. 1802). 2012. 245p. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal da Paraíba; MONTEIRO, Denise Mattos. Portos do sertão e mercado interno: nascimento e evolução do porto do açu-oficinas (1750-1860). In: História Econômica & História de Empresas: vol. XV, n. 1, 2012, p. 71-98.



Citação deste verbete
Autor do verbete: Leonardo Cândido ROLIM
Como citar: ROLIM, Leonardo Cândido. "Portos do Sertão". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Portos_do_Sert%C3%A3o. Data de acesso: 19 de abril de 2024.



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