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Velho (Engenho de roda d'água)

De Atlas Digital da América Lusa

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Velho (Engenho de roda d'água)

Geometria

Coleção Levy Pereira


Velho

Engenho de roda d'água com igreja, na m.e. do 'Pirápáma' (Rio Pirapama).


Natureza: Engenho de roda d'água com igreja.


Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ.


Capitania: PARANAMBVCA.


Jurisdição: Cidade de Olinda, Freguesia do Cabo de Santo Agostinho.


Nomes históricos: Velho; Madre de Deus.


Nome atual: está totalmente destruído.


Citações:

►Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como engenho, 'Ԑ velho', na m.e. do 'Rº. Piripama' (Rio Pirapama).


►Mapa PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, 'Velho', na m.d. do 'Pirapáma' e 'Piraparma' (Rio Pirapama).


(Schott, 1636), pg. 51-53:

"1 - Engenho Velho, pertencente a João Paes Barreto, fugido com Matias de Albuquerque, esta situado uma milha ao oeste do rio da Jangada, tem sua casa de purgar com paredes de alvenaria e o telhado é pela metade novo, mas o resto está arruinado. Nela foram encontradas as fôrmas e caixas de açúcar abaixo especificadas; a casa das caldeiras também tem paredes de alvenaria, mas o telhado está parcialmente destruído; a custo razoável poderá ser consertado, como também a moenda, ou o moinho, com o qual se mói a cana; a casa na qual morava o senhor do engenho está em muitos lugares desmoronada e não poderá ser recuperada e reconstruída senão com grande despesa; mói com água, mas o açude rompeu e secou, o que se pode consertar com custo razoável. Se não houver inconveniências inesperadas, este engenho mói anualmente 10.000 a 11.000 arrobas de açúcar; tem uma milha de terra, em cujas várzeas é plantada a cana; paga 3 e 1/2 por cento como recognição a Duarte de Albuquerque, senhor da Capitania de Pernambuco; os lavradores do dito engenho são os seguintes:

Luís de Paiva, tem um partido situado a leste do engenho, tem obrigação de fornecer.

Manuel de Medella, tem um partido perto do citado, tem obrigação de fornecer.

João Correia, tem um partido situado um pouco mais ao norte, junto ao outro, tem obrigação de fornecer.

Antônio Vieira, tem um partido junto ao acima mencionado, tem obrigação de fornecer.

Jerônimo de Albuquerque, tem um partido igual situado um pouco mais ao sul do de Luís de Paiva, tem obrigação de fornecer.

Um lindo partido, pertencente ao senhor do engenho João Paes Barreto mesmo, situado junto ao citado de Jerônimo de Albuquerque, fornece anualmente 80 tarefas.

As caldeiras deste engenho foram encontradas jogadas no mato. No mesmo engenho foram encontradas 29 caixas de açúcar pertencentes a João Paes Barreto, com a marca PB, como também 3 caixas de Antônio Vieira, com a marca AV e na casa de purgar 1.503 fôrmas de açúcar, que foram purgadas e encaixadas por Matias Gomes, e que, segundo sua conta, firmada sob juramento, renderam 1.595 arrobas de açúcar branco e 350 arrobas de açúcar mascavado, das quais 514 fôrmas competem ao lavrador Luís de Paiva, mas porque, tanto pelos soldados do inimigo como pelos nossos muitas fôrmas estavam quebradas, foi feito um acordo com o mesmo de 480 fôrmas, que, a 10 por cento de avanço, renderam 422 arrobas de açúcar branco e 106 arrobas de açúcar mascavado, tirado disto a décima parte para a Companhia de sua recognição, a saber, 42 e 1/2 arrobas de açúcar branco e 10 arrobas de açúcar mascavado, ficam 379 e 1/2 arrobas de açúcar branco e 96 arrobas de açúcar mascavado. Destes a terça parte pertence ao lavrador, segundo o acordo feito com João Paes, ou 126 e 1/2 arrobas de açúcar branco e 32 arrobas de açúcar mascavado; restam para a Companhia 253 arrobas de açúcar branco e 64 arrobas de açúcar mascavado.

Ao lavrador João Correia competem 580 das acima mencionadas fôrmas, sendo feito, pelas razões já antes explicadas, um acordo de 560 fôrmas que renderam 496 arrobas de açúcar branco e 124 arrobas de açúcar mascavado, tirando-se o direito do dízimo para a Companhia 49 e 1/2 arrobas de açúcar branco e 12 arrobas de açúcar mascavado, ficam 446 1/2 arrobas de açúcar branco e 112 arrobas de açúcar mascavado, sendo destas, segundo o contrato do citado lavrador Correia com João Paes, a terça parte dele, ou 148 e 1/2 arrobas de açúcar branco e 38 arrobas de açúcar mascavado; restam para a Companhia 298 arrobas de açúcar branco e 74 arrobas de açúcar mascavado. Fica um saldo líquido para a Companhia de 1.320 arrobas de açúcar branco e 280 arrobas de açúcar mascavado, que foram encaixados em 74 caixas e, com a marca da Companhia, mandadas para o Pontal. ".


(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg.85:

"23. Engenho Velho, sob a invocação da Madre de Deus. Pertenceu a João Paes Barreto, ausente. Confiscado e vendido ao Sr. Nicolaes de Ridder; é d'água e mói.".


(Dussen, 1640), pg. 145:

"25) Engenho Velho, pertencente ao Sr. Sigemundt von Schkoppe, é engenho d'água e mói. São lavradores:

Antônio Vieira 36 tarefas

Luís de Paiva 20

Albert Gerritsz Wedda 20

Maria de Paiva 20

Gaspar Machado 6

João Correia 6

Maria d'Oliveira 6

Pedro Álvares Moreira 6

_____________

120 tarefas".


(Margrave, 1640), ITINERÁRIO, pg. 199, informa que o Engenho Velho dista 2 1/2 h do Rio Jaboatão ('Iauapóatã' no BQPPB), que esse engenho está na m.d. Rio Piripama ('Pirápáma' no BQPPB), o qual é transposto por uma ponte junta ao engenho, e da qual se leva 7/8 h para se chegar ao Engenho Garapu ('Guaxapĩ' no BQPPB).

  • Nota: Como não se leva tempo algum para ir do Engenho Velho ao rio Pirapama, isso significa que a ponte é vizinha ao engenho, e a parte inicial do caminho entre o Engenho Velho e o Engenho Garapú, possivelmente por essa razão, não está mapeada no BQPPB.


(Relação dos Engenhos, 1655), pg. 238, informando a pensão que este engenho pagava à capitania de Pernambuco:

"Engenhos da freguesia de Santo Antônio do Cabo

...

- Que o engenho Velho pagava a três e meio por cento.".


(Pereira da Costa, 1903), Volume 7, Ano 1812, pg. 325-326:

"Veio de tais concessões de terras a construção dos primeiros engenhos na localidade, ocupando o primeiro lugar o que teve o nome de Madre de Deus, fundado por João Pais Barreto, e que por tal motivo recebeu a denominação vulgar de Engenho Velho, e já levantado e trabalhando em 1580, como consta da escritura de instituição do Morgado de N.S. da Madre de Deus no Cabo de Santo Agostinho, lavrada a 28 de outubro, e do qual já nos ocupamos nesta data.".


(Gonsalves de Mello, 2000), pg. 45:

"Vários holandeses demonstraram logo confiança nos lucros do açúcar e decidiram-se a comprar engenhos, com o compromisso de pagá-los com o produto das safras. Tais foram ... ; Sigemundt von Schkoppe e Nicolaes de Ridder, [que adquiriram] no dia 30 [de Maio de 1637], os Engenhos Velho e Guerra, no Cabo, por 70.000 florins; ... (29).

...

(29) Generale Missive, Recife, 2 de Junho de 1637, IAP, coleção citada e apenso II a A. VAN DER DUSSEN, Relatório, cit., pp. 158-159.".


(Cabral de Mello, 2012):

@ pg. 108-110, Os engenhos de açúcar do Brasil Holandês, I - Capitania de Pernambuco, Cabo:

«11) VELHO, ENGENHO. Invocação Madre de Deus. Sito à margem esquerda do Pirapama. Engenho d'água. Pagava 3,5% de pensão. Era o mais antigo engenho do Cabo e o primeiro dos que João Pais Barreto, o Velho, fundou. Em 1580, ele instituiu no engenho o morgadio da Madre de Deus. Em 1593, já se lhe referia como engenho Velho para distingui-lo do Novo (Cabo). Em 1609, ainda em vida de João Pais, já pertencia a seu filho, o primeiro morgado do Cabo, João Pais Barreto, o Moço, produzindo 9760 arrobas. O morgado, que antes da invasão holandesa fora lugar-tenente interino do donatário da capitania, participou da guerra de resistência como oficial de cavalaria. Em 1635, retirou-se levando "350 escravos". Segundo a tradição, teria sido capitão da guarda de Felipe IV em Madri e servido em Flandres; de concreto sabe-se que se achava na Bahia em 1640. O engenho foi confiscado. Tinha

"sua casa de purgar com paredes de alvenaria e o telhado é pela metade novo, mas o resto está arruinado. [...]. A casa das caldeiras também tem paredes de alvenaria, mas o telhado está parcialmente destruído; a custo razoável poderá ser consertado, como também a moenda [...]. A casa na qual morava o senhor do engenho está em muitos lugares desmoronada e não poderá ser recuperada e reconstruída senão com grande despesa [...] o açude rompeu e secou, o que se pode consertar com custo razoável [...]. Este engenho mói anualmente 10 mil a 11 mil arrobas de açúcar; tem uma milha de terra, em cujas várzeas é plantada a cana [...]. As caldeiras [...] foram encontradas jogadas no mato [...]. Um lindo partido, pertencente ao senhor do engenho [...], fornece anualmente oitenta tarefas.".

Dispunha então de pelo menos cinco partidos de lavradores, além do partido da fazenda. Em 1635, adjudicado pelo governo do Brasil holandês ao coronel Sigismund von Schkoppe, de parceria com o fiscal Nicolaas de Ridder. Não sendo possível safrejar em 1635-6, devido a que "a água dos açudes tinha secado", sua cana foi moída no vizinho engenho da Guerra (Cabo), que também pertencera ao morgado, o qual, tendo moenda de bois, poderia ser colocado rapidamente em funcionamento, enquanto preparava-se o engenho Velho para a safra de 1636-7. O governo do Recife concedeu a Schkoppe e De Ridder a preferência na venda de ambos os engenhos, além da facilidade de dispor dos escravos e bois encontrados neles. De Ridder solicitou demissão do seu cargo para entregar-se à gestão dos engenhos, o que, contudo, lhe foi recusado até que se encontrasse substituto para sua função. Em 1636, o engenho foi atacado por campanhistas luso-brasileiros que trucidaram a guarnição holandesa. Em 1637, Schkoppe e De Ridder adquiriram finalmente os engenhos Velho e da Guerra por 70 mil florins, em sete prestações anuais de 10 mil florins. Moía em 1637 e 1639, dispondo de oito partidos de lavradores no total de 120 tarefas (6 mil arrobas), sem partido da fazenda. Nem Schkoppe nem De Ridder administraram os engenhos, pois em breve partiram para a Holanda. Em 1641, o engenho Velho era gerido por um dos lavradores, Albert Gerritsz Wedda. Em 1645, como representantes de Schkoppe, ainda ausente, Jacob Coet e Jacob Hick haviam se comprometido junto à WIC a pagar 36 caixas de açúcar para amortização da dívida, "mas devido aos grandes consertos feitos no engenho, não poderão satisfazer a Companhia neste ano". O engenho Velho safrejava em 1655. Em 1645, Schkoppe e Ridder eram devedores de 33283 florins à WIC; e em 1663, de 35211 florins. Em 1645, Ridder sozinho era devedor de 8907 florins à WIC. Em 1663, Schkoppe apresentou à Coroa portuguesa suas pretensões de ressarcimento. Em 1665, o engenho pertencia a João Pais de Castro, sobrinho do primeiro morgado do Cabo, que falecera sem descendência.(67)».

@ pg. 182-183, Notas:

«(67) DP, p. II; RPFB, p. 205; FHBH, I, pp. 29, 51-3, 85, 145, 238; RCCB, pp. 37, 158; DN, 8.XI.1635, 30.V.1637, 20.IV. 1641, 6.II.1645; MDGB, pp. 203, 235; "Vercochte engenhos", ARA, OWIC, n. 53; "Generale staet", ARA, OWIC, n. 62; VL, I, p. 264, II, p. 180; VWIC, IV, p. 225; HGP, pp. 32, 118; "Rol da finta que se fez na freguesia do Cabo", AHU, PA, Pco., cx. 5; Wasch, "Braziliaansche pretensien", pp. 75-7; Pereira da Costa, "Origens históricas", p. 274; Osório de Andrade e Caldas Lins, João Pais, do Cabo, pp. 84-9.».






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Velho (Engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Velho_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 20 de abril de 2024.


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