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− | Em 1558, Dom Álvaro da Costa e seu pai voltaram a Portugal e em 1562, o sesmeiro pediu ao rei Dom Sebastião a confirmação da posse de suas terras no Brasil. Dom Álvaro alegou que não aproveitou nem morou na terra nos prazos estipulados devido à sesmaria ''estar de guerra''<ref> Alvará de 12 de março de 1562 de confirmação de sesmaria. DOCUMENTOS para história do açúcar. Vol. 1- Legislação (1534-1596). Rio de Janeiro: Serviço especial de documentação histórica | + | ==Histórico== |
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+ | Em 1557, Dom Álvaro da Costa, fidalgo da Casa Real, recebeu de seu pai, o governador geral do Dom Duarte da Costa, uma sesmaria entre os rios Jaguaripe e Paraguaçu no Recôncavo baiano. As terras tinham quatro léguas de costa e dez léguas que entravam pelo sertão acompanhando o decurso dos dois rios. | ||
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+ | Em 1558, Dom Álvaro da Costa e seu pai voltaram a Portugal e em 1562, o sesmeiro pediu ao rei Dom Sebastião a confirmação da posse de suas terras no Brasil. Dom Álvaro alegou que não aproveitou nem morou na terra nos prazos estipulados devido à sesmaria ''estar de guerra'' <ref>Alvará de 12 de março de 1562 de confirmação de sesmaria. DOCUMENTOS para história do açúcar. Vol. 1- Legislação (1534-1596). Rio de Janeiro: Serviço especial de documentação histórica- Instituto do açúcar e do álcool, 1954, p. 161-163. (doravante DHA)</ref> Em carta escrita em 1562, os padres jesuítas [[Manoel da Nóbrega]] e [[Leonardo Valle]] dão notícias de expedições lideradas por [[Vasco Rodrigues Caldas]], [[vereador]] em Salvador e procurador de [[Dom Álvaro da Costa]] seguindo o curso do [[Rio Paraguaçu|Paraguaçu]]. O primeiro afirma que em duas expedições em 1560, Rodrigues Caldas destruiu aldeias, massacrou e trouxe muitos cativos para Salvador. Já Valle fala de uma expedição em 1562 no qual Rodrigues Caldas foi obrigado a retroceder devido à resistência bélica dos índios [[tupinaê]]. <ref>''Anais do Arquivo Público da Bahia''. v. 4 e 5. Salvador: Imprensa Oficial do Estado, 1919. </ref>. No dia 21 de março de 1566, Dom Álvaro vai, mais uma vez, pedir ao Rei a confirmação de suas posses. O mesmo pede as terras em capitania, manifestando o desejo de fazer vilas e povoações <ref> Doação da Capitania de Peroaçu de Dom Alvaro da Costa. In: DHA. Op. Cit. p. 188.</ref>. O rei atendeu ao pedido de D. Álvaro da Costa e converteu as terras em donatarias. | ||
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+ | O filho de Dom Álvaro da Costa, Dom Duarte da Costa morreu em 1590. Jesuíta, não teve filhos e cedeu a capitania ao seu tio Francisco da Costa. Este morreu em batalha no Marrocos, sendo Paraguaçu, herdada pelo seu filho, Também chamado Duarte da Costa. Assim como seu primo homônimo, tornou-se jesuíta. O mesmo morreu sem filhos e cedeu seu senhorio no Brasil aos inacianos. Gonçalo da Costa, seu primo, contestou essa doação[4]. A Coroa, após tomar a capitania para si em 1612, decidiu devolvê-la a família Costa[5]. Os descendentes do segundo governador geral mantiveram a posse da capitania do Paraguaçu até o ano de 1766 quando o território da mesma passou a pertencer, definitivamente à Coroa. | ||
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+ | ==Lista dos capitães donatários do Paraguaçu== | ||
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+ | 2° [[Duarte da Costa]] (neto homônimo do 2° governador geral do Brasil; faleceu em 1590) | ||
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+ | [[Category:Capitanias]] |
por Alexandre BONFIM |
Foi uma capitania instituída no ano de 1565, sendo doada ao armador real d’el rei Dom Álvaro da Costa. A mesma era localizada entre os rios Jaguaripe e Paraguaçu no Recôncavo baiano. As terras tinham quatro léguas de costa e dez léguas que entravam pelo sertão acompanhando o decurso dos dois rios. Passou a pertencer definitivamente à Coroa em 1766 no contexto das reformas promovidas pelo Marquês de Pombal.
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Em 1557, Dom Álvaro da Costa, fidalgo da Casa Real, recebeu de seu pai, o governador geral do Dom Duarte da Costa, uma sesmaria entre os rios Jaguaripe e Paraguaçu no Recôncavo baiano. As terras tinham quatro léguas de costa e dez léguas que entravam pelo sertão acompanhando o decurso dos dois rios.
Em 1558, Dom Álvaro da Costa e seu pai voltaram a Portugal e em 1562, o sesmeiro pediu ao rei Dom Sebastião a confirmação da posse de suas terras no Brasil. Dom Álvaro alegou que não aproveitou nem morou na terra nos prazos estipulados devido à sesmaria estar de guerra [1] Em carta escrita em 1562, os padres jesuítas Manoel da Nóbrega e Leonardo Valle dão notícias de expedições lideradas por Vasco Rodrigues Caldas, vereador em Salvador e procurador de Dom Álvaro da Costa seguindo o curso do Paraguaçu. O primeiro afirma que em duas expedições em 1560, Rodrigues Caldas destruiu aldeias, massacrou e trouxe muitos cativos para Salvador. Já Valle fala de uma expedição em 1562 no qual Rodrigues Caldas foi obrigado a retroceder devido à resistência bélica dos índios tupinaê. [2]. No dia 21 de março de 1566, Dom Álvaro vai, mais uma vez, pedir ao Rei a confirmação de suas posses. O mesmo pede as terras em capitania, manifestando o desejo de fazer vilas e povoações [3]. O rei atendeu ao pedido de D. Álvaro da Costa e converteu as terras em donatarias.
O filho de Dom Álvaro da Costa, Dom Duarte da Costa morreu em 1590. Jesuíta, não teve filhos e cedeu a capitania ao seu tio Francisco da Costa. Este morreu em batalha no Marrocos, sendo Paraguaçu, herdada pelo seu filho, Também chamado Duarte da Costa. Assim como seu primo homônimo, tornou-se jesuíta. O mesmo morreu sem filhos e cedeu seu senhorio no Brasil aos inacianos. Gonçalo da Costa, seu primo, contestou essa doação[4]. A Coroa, após tomar a capitania para si em 1612, decidiu devolvê-la a família Costa[5]. Os descendentes do segundo governador geral mantiveram a posse da capitania do Paraguaçu até o ano de 1766 quando o território da mesma passou a pertencer, definitivamente à Coroa.
2° Duarte da Costa (neto homônimo do 2° governador geral do Brasil; faleceu em 1590)
3° Francisco da Costa (irmão de Dom Álvaro da Costa)
4° Duarte da Costa (jesuíta; também neto do 2° governador geral do Brasil)
8° Luiz da Costa (faleceu em 1724)
9° José da Costa (faleceu em 1766)
Citação deste verbete |
Autor do verbete: Alexandre BONFIM |
Como citar: BONFIM, Alexandre. "Capitania do Paraguaçu". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: https://lhs.unb.br/atlas/index.php?title=Capitania_do_Paragua%C3%A7u. Data de acesso: 24 de fevereiro de 2025.
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