m (Substituindo texto 'Coleção Levy Pereira' por 'Coleção Levy Pereira') |
Levypereira (disc | contribs) |
||
Linha 3: | Linha 3: | ||
− | Ĩiriuna | + | ====Ĩiriuna==== |
+ | Riacho na Paraiba, formador, na junção com o '[[Guaicĩ]]' (Rio Uriuninha-Rio da Canoa), do rio '[[Guajeĩ]]' (Rio Guaju). | ||
− | '''Natureza:''' rio | + | '''Natureza:''' rio. |
+ | '''Mapa:''' [[PRÆFECTURÆ DE PARAIBA, ET RIO GRANDE]]. | ||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
− | |||
+ | '''Capitania:''' PARAIBA. | ||
'''Nome atual:''' Riacho da Volta ou Guaju. | '''Nome atual:''' Riacho da Volta ou Guaju. | ||
− | |||
'''Nomes históricos:''' Erioene, Ĩiriuna, da Volta, dos Marcos, Guaju (Wasju, Guajeĩ, Agasao, Agsao). | '''Nomes históricos:''' Erioene, Ĩiriuna, da Volta, dos Marcos, Guaju (Wasju, Guajeĩ, Agasao, Agsao). | ||
− | Possivelmente no [[BQPPB]] está com o nome trocado com o | + | * Possivelmente no [[BQPPB]] está com o nome trocado com o '[[Guaicĩ]]' - vide Nota 5 abaixo. |
− | ====Citações==== | + | ====Citações:==== |
− | ►(Herckmans, 1639), pg. 31-32 : | + | ►[[(Herckmans, 1639)]], pg. 31-32 : |
"Uma légua ao noroeste do passo ou caminho do Ipitanga, além das campinas ou tabuleiros, fica o rio Erioene, palavra que em língua brasílica significa mel preto. Se este nome procede de que o rio tenha as águas de um vermelho escuro, ou de existir propriamente nessas vizinhanças um mel de cor negra em seu estado natural, é o que ainda não sabemos. | "Uma légua ao noroeste do passo ou caminho do Ipitanga, além das campinas ou tabuleiros, fica o rio Erioene, palavra que em língua brasílica significa mel preto. Se este nome procede de que o rio tenha as águas de um vermelho escuro, ou de existir propriamente nessas vizinhanças um mel de cor negra em seu estado natural, é o que ainda não sabemos. | ||
Linha 41: | Linha 36: | ||
Do rio Popoca ao sul, onde se perde o Taperubu,, ao longo da costa para o norte, até o rio Wasju, onde se perde o Erioene, estende-se a Capitania da Paraíba, medindo quinze a dezesseis léguas de comprimento. ...". | Do rio Popoca ao sul, onde se perde o Taperubu,, ao longo da costa para o norte, até o rio Wasju, onde se perde o Erioene, estende-se a Capitania da Paraíba, medindo quinze a dezesseis léguas de comprimento. ...". | ||
− | ►(Sampaio, 1904), pg. 32: | + | ►[[(Sampaio, 1904)]], pg. 32: |
− | "ERIOENE — é corrupção de Eir-oena que significa: onde a abelha está, ou onde há mel. Para significar — mel preto, como o interpretou Herckman, seria escrito Eir-una ou Ira-una.". | + | "ERIOENE — é corrupção de ''Eir-oena'' que significa: onde a abelha está, ou onde há mel. Para significar — mel preto, como o interpretou Herckman, seria escrito ''Eir-una'' ou ''Ira-una''.". |
− | ►(Coriolano de Medeiros, 1950), pg. 140: | + | ►[[(Coriolano de Medeiros, 1950)]], pg. 140: |
"Marcos — Nome dado ao rio Guaju, por estar próximo dos marcos divisórios entre Paraíba e Rio Grande do Norte.". | "Marcos — Nome dado ao rio Guaju, por estar próximo dos marcos divisórios entre Paraíba e Rio Grande do Norte.". | ||
− | |||
− | + | '''Notas:''' | |
− | + | 1) Herckmans chama de Erioene o rio que nasce nas proximidades do 'Ipĩtanga' e deságua no oceano, que é: | |
− | - no mapa [[ | + | - no mapa RG [[(Albernaz, 1612)]] o 'Rio Iaguahu'. |
− | - no mapa | + | - no mapa [[BQPPB]], o riacho 'Ĩiriuna' e rio formado por este após a junção com o '[[Guaicĩ]]', chamado de '[[Guajeĩ]]', ou seja ['Ĩiriuna' + 'Guajeĩ']; |
− | - no mapa RG (IAHGP-Vingboons, 1640), plotado como | + | - no mapa PB [[(IAHGP-Vingboons, 1640)]], plotado como 'R. Agasao' e 'Rº. Agsao'; |
+ | |||
+ | - no mapa RG [[(IAHGP-Vingboons, 1640)]], plotado como 'Rº. Agsao'; | ||
- nos mapas modernos, no alto curso chamado de Rio da Volta ou Guaju, no médio e baixo cursos, Rio Guaju. | - nos mapas modernos, no alto curso chamado de Rio da Volta ou Guaju, no médio e baixo cursos, Rio Guaju. | ||
Linha 65: | Linha 61: | ||
2) Não há rio pequeno na praia, ou na proximidade da foz do Guajú, afluente deste. Só há altas dunas. A menção a praia pode ser lapso. | 2) Não há rio pequeno na praia, ou na proximidade da foz do Guajú, afluente deste. Só há altas dunas. A menção a praia pode ser lapso. | ||
− | 3) Theodoro Sampaio conecta o nome Erioene a Iriuna, | + | 3) Theodoro Sampaio conecta o nome Erioene a Iriuna, o 'Ĩiriuna'. |
− | 4) o texto de Herckmans traduzido é intrigante: no começo, admite que o Erioene-Iriuna- | + | 4) o texto de Herckmans traduzido é intrigante: no começo, admite que o Erioene-Iriuna-'Ĩiriuna' alcança a praia, no oceano, e descarta o nome Wasju-Guaju-'Guajeĩ'-Agasao para o rio principal, associando essa denominação a um riacho tributário, "pequeno", nas proximidades da foz do Erioene, e no final coloca o limite da Capitania no "Wasju, onde se perde o Erioene", invertendo a situação, agora o Erioene como tributário. |
− | 5) | + | 5) observa-se que há nos mapas modernos o Riacho Iriuninha, denominado '[[Guaicĩ]]' no [[BQPPB]], que se junta ao Rio da Volta ou Guaju, que associa-se, neste estudo, ao 'Ĩiriuna' do [[BQPPB]], adotando-se a hipótese de que no [[BQPPB]] o nomes desses riachos estão trocados. Vide mapas [[IBGE]] Geocódigo 2402204 Canguaretama-RN e Geocódigo 2401404 Baía Formosa-RN. |
− | 6) Adotando-se a hipótese acima, tudo parece elucidar-se. O marco divisório, | + | 6) Adotando-se a hipótese acima, tudo parece elucidar-se. O marco divisório, 'Os marcos' no [[BQPPB]], que está posicionado na [[m.d.]] do '[[Guaicĩ]]', ficaria na m.d. do 'Ĩiriuna'-Erioene-Iriuninha, concordando com os mapas modernos e justificando sua citação por Herckmans. |
− | 7) Na frase de Herckmans traduzida, para concordar com a situação real, deveria serem suprimidas as palavras NA PRAIA, ou ser feita uma reinterpretação na tradução no original desse texto, para se buscar as palavras adequadas e fieis ao que foi escrito. Ou admitir o lapso deste poeta. | + | 7) Na frase de Herckmans traduzida, para concordar com a situação real, deveria serem suprimidas as palavras NA PRAIA, ou ser feita uma reinterpretação na tradução no original desse texto, para se buscar as palavras adequadas e fieis ao que foi escrito. Ou admitir o lapso deste poeta e explorador. |
− | 8) | + | 8) Consultado o prof. Benjamin N. Teensma sobre esse assunto, ele rescreveu a seguinte resposta: |
"Leiden, 7 de dezembro de 2010. | "Leiden, 7 de dezembro de 2010. | ||
Linha 81: | Linha 77: | ||
... | ... | ||
− | 2. Texto/passagem do texto de Herckmans. Consultei o texto | + | 2. Texto/passagem do texto de Herckmans. Consultei o texto dele no original holandês, chama-se: |
− | + | ||
− | dele no original holandês, chama-se: | + | |
GENERALE BESCHRIJVINGE VANDE CAPITANIE PARAÍBA, e foi publicado nos: BIJDRAGEN EN MEDEDEELINGEN VAN HET HISTORISCH GENOOTSCHAP, GEVESTIGD TE UTRECHT, vol. 2 (1879)s 318-367. O parágrafo em questão acha-se na pág. 349. Diz assim: | GENERALE BESCHRIJVINGE VANDE CAPITANIE PARAÍBA, e foi publicado nos: BIJDRAGEN EN MEDEDEELINGEN VAN HET HISTORISCH GENOOTSCHAP, GEVESTIGD TE UTRECHT, vol. 2 (1879)s 318-367. O parágrafo em questão acha-se na pág. 349. Diz assim: | ||
Linha 93: | Linha 87: | ||
Veja se esta última interpretação pode eliminar a dúvida. Se ainda fica com dificuldades: tenho cópia em casa do original de Herckmans, e posso estudar o trecho com maior atenção quando necessário. É só dizer e aclarar.". | Veja se esta última interpretação pode eliminar a dúvida. Se ainda fica com dificuldades: tenho cópia em casa do original de Herckmans, e posso estudar o trecho com maior atenção quando necessário. É só dizer e aclarar.". | ||
− | 9) | + | 9) Aceitando-se a tradução do prof. Teensma, A LESTE, ao oriente, o texto de Herckmans fica claro e conforma-se à situação geográfica proposta neste trabalho. |
Riacho na Paraiba, formador, na junção com o 'Guaicĩ' (Rio Uriuninha-Rio da Canoa), do rio 'Guajeĩ' (Rio Guaju).
Natureza: rio.
Mapa: PRÆFECTURÆ DE PARAIBA, ET RIO GRANDE.
Capitania: PARAIBA.
Nome atual: Riacho da Volta ou Guaju.
Nomes históricos: Erioene, Ĩiriuna, da Volta, dos Marcos, Guaju (Wasju, Guajeĩ, Agasao, Agsao).
►(Herckmans, 1639), pg. 31-32 :
"Uma légua ao noroeste do passo ou caminho do Ipitanga, além das campinas ou tabuleiros, fica o rio Erioene, palavra que em língua brasílica significa mel preto. Se este nome procede de que o rio tenha as águas de um vermelho escuro, ou de existir propriamente nessas vizinhanças um mel de cor negra em seu estado natural, é o que ainda não sabemos.
Na margem setentrional do mesmo rio, junto ao passo, existe um marco de pedra, no qual está escrito Paraíba na face do sul, e Rio Grande na face do norte, assinalando assim o rio separa as duas capitanias da Paraíba e Rio Grande.
O Eriorene mistura-se na praia com um outro pequeno, chamado Wasju, desemboca no mar ao sul da Baía Formosa a duas léguas do Camaratuba.
Do rio Popoca ao sul, onde se perde o Taperubu,, ao longo da costa para o norte, até o rio Wasju, onde se perde o Erioene, estende-se a Capitania da Paraíba, medindo quinze a dezesseis léguas de comprimento. ...".
►(Sampaio, 1904), pg. 32:
"ERIOENE — é corrupção de Eir-oena que significa: onde a abelha está, ou onde há mel. Para significar — mel preto, como o interpretou Herckman, seria escrito Eir-una ou Ira-una.".
►(Coriolano de Medeiros, 1950), pg. 140:
"Marcos — Nome dado ao rio Guaju, por estar próximo dos marcos divisórios entre Paraíba e Rio Grande do Norte.".
Notas:
1) Herckmans chama de Erioene o rio que nasce nas proximidades do 'Ipĩtanga' e deságua no oceano, que é:
- no mapa RG (Albernaz, 1612) o 'Rio Iaguahu'.
- no mapa BQPPB, o riacho 'Ĩiriuna' e rio formado por este após a junção com o 'Guaicĩ', chamado de 'Guajeĩ', ou seja ['Ĩiriuna' + 'Guajeĩ'];
- no mapa PB (IAHGP-Vingboons, 1640), plotado como 'R. Agasao' e 'Rº. Agsao';
- no mapa RG (IAHGP-Vingboons, 1640), plotado como 'Rº. Agsao';
- nos mapas modernos, no alto curso chamado de Rio da Volta ou Guaju, no médio e baixo cursos, Rio Guaju.
2) Não há rio pequeno na praia, ou na proximidade da foz do Guajú, afluente deste. Só há altas dunas. A menção a praia pode ser lapso.
3) Theodoro Sampaio conecta o nome Erioene a Iriuna, o 'Ĩiriuna'.
4) o texto de Herckmans traduzido é intrigante: no começo, admite que o Erioene-Iriuna-'Ĩiriuna' alcança a praia, no oceano, e descarta o nome Wasju-Guaju-'Guajeĩ'-Agasao para o rio principal, associando essa denominação a um riacho tributário, "pequeno", nas proximidades da foz do Erioene, e no final coloca o limite da Capitania no "Wasju, onde se perde o Erioene", invertendo a situação, agora o Erioene como tributário.
5) observa-se que há nos mapas modernos o Riacho Iriuninha, denominado 'Guaicĩ' no BQPPB, que se junta ao Rio da Volta ou Guaju, que associa-se, neste estudo, ao 'Ĩiriuna' do BQPPB, adotando-se a hipótese de que no BQPPB o nomes desses riachos estão trocados. Vide mapas IBGE Geocódigo 2402204 Canguaretama-RN e Geocódigo 2401404 Baía Formosa-RN.
6) Adotando-se a hipótese acima, tudo parece elucidar-se. O marco divisório, 'Os marcos' no BQPPB, que está posicionado na m.d. do 'Guaicĩ', ficaria na m.d. do 'Ĩiriuna'-Erioene-Iriuninha, concordando com os mapas modernos e justificando sua citação por Herckmans.
7) Na frase de Herckmans traduzida, para concordar com a situação real, deveria serem suprimidas as palavras NA PRAIA, ou ser feita uma reinterpretação na tradução no original desse texto, para se buscar as palavras adequadas e fieis ao que foi escrito. Ou admitir o lapso deste poeta e explorador.
8) Consultado o prof. Benjamin N. Teensma sobre esse assunto, ele rescreveu a seguinte resposta:
"Leiden, 7 de dezembro de 2010.
...
2. Texto/passagem do texto de Herckmans. Consultei o texto dele no original holandês, chama-se:
GENERALE BESCHRIJVINGE VANDE CAPITANIE PARAÍBA, e foi publicado nos: BIJDRAGEN EN MEDEDEELINGEN VAN HET HISTORISCH GENOOTSCHAP, GEVESTIGD TE UTRECHT, vol. 2 (1879)s 318-367. O parágrafo em questão acha-se na pág. 349. Diz assim:
Dese riviere vermengt sich met een ander cleyn rivierken AEN DE SEEKANT, genaemt Wasjou, lopende twee mijlen van Camera Tuba besuyden bay Formosa in see.
A tradução portuguesa que cita é muito fiel, só que AEN DE SEEKAIT não significa NA PRAIA, senão DO LADO DO MAR, o que pode significar também A LESTE.
Veja se esta última interpretação pode eliminar a dúvida. Se ainda fica com dificuldades: tenho cópia em casa do original de Herckmans, e posso estudar o trecho com maior atenção quando necessário. É só dizer e aclarar.".
9) Aceitando-se a tradução do prof. Teensma, A LESTE, ao oriente, o texto de Herckmans fica claro e conforma-se à situação geográfica proposta neste trabalho.
Citação deste verbete |
Autor do verbete: Levy Pereira |
Como citar: PEREIRA, Levy. "Ĩiriuna". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: https://lhs.unb.br/atlas/index.php?title=%C4%A8iriuna. Data de acesso: 24 de fevereiro de 2025. |
Baixe a referência bibliográfica deste verbete usando
Informar erro nesta página |