Engenho de bois sem igreja, na m.e. do rio 'Paraiba' (Rio Paraíba-AL).
Natureza: engenho de bois.
Mapa: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS MERIDIONALIS.
Capitania: PARANAMBVCA.
Nomes históricos: N S. ᵭ Rosairo; Nossa Senhora do Rosário; Ԑ. Nouo (Ԑ. e A Nouo); Novo; Engenio Novo; Salgado.
Nome atual: Fazenda Engenho Novo.
Vide mapa IBGE Geocódigo 2704708 MARECHAL DEODORO - AL.
►Mapa PE-M (IAHGP-Vingboons, 1640) #39 CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, plotado junto com uma aldeia, com o símbolo de engenho, junto ao símbolo de aldeia, 'Ԑ. e A Nouo', na m.e. do 'R. Parajba'.
►(Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), pg. 80:
"ENGENHOS DE PERNAMBUCO
Na Alagoa do Sul:
13, de Gabriel Soares; ...".
►(Dussen, 1640), pg. 163
ENGENHOS DE PERNAMBUCO - Na jurisdição de Alagoas - Alagoas do Sul
" 119) Engenho Novo Nossa Senhora do Rosário, pertencente a Gabriel Soares, mói. São lavradores:
Rodrigo Pereira 30 tarefas
Antônio de Carvalho 20
Antônio Rodrigues da Costa 20
Santos Ferreira 12
Manuel da Fonseca 7
Partido da Fazenda 6
______________
95 tarefas".
►(Bullestrat, 1642), pg.
"Dali seguimos para o acampamento ou Engenho Velho, achando os caminhos tão invadidos pelo mato que em alguns pontos fomos obrigados a abrir passagem para prosseguir na marcha; à noite, entre 8 e 9 horas, chegamos ao engenho de Gabriel Soares situado a 3/4 [de milha?] do acampamento (54). Prosseguimos nesse mesmo dia pelas 12 horas.
O citado Gabriel Soares mostra-se disposto a pôr o seu engenho em ordem e já começou a moer; espera tê-lo no ano próximo de todo restaurado. Este engenho foi inteiramente queimado por Luís Barbalho quando de sua passagem a caminho da Bahia. Faltam-lhe ainda alguns lavradores e negros."
►(Gonsalves de Mello, 1985), pg. 196, Nota a respeito de (Bullestrat, 1642):
"(54) A redação deixa lugar a dúvida. Depois de visitar a povoação da Alagoa do Sul, Bullestrate seguiu para o acampamento ou quartéis nas proximidades do Engenho Velho, passando em caminho pelo Engenho de Gabriel Soares, que era o Engenho Novo ou Nossa Senhora do Rosário. O percurso de Bullestrate poderá ser estudado no mapa de Marcgrave citado em nota (47) supra. Segundo Arnout van Liebergen, a propriedade de Soares era em 1639 "um belo e valioso engenho, que pode moer com duas moendas e conta com cerca de 80 negros, 70 ou 80 bois para carro, com largas terras para canaviais e todo o material de cobre e tachos"; Apologiae ofte Warachtighe Verantwoordinghe (Amsterdam 1643) p. 34. ".
@ pg. 129:
Lagoa do Sul
"O segundo é o engenho Novo de Gabriel Soares, situado no rio Paraíba. Tem provisão de canas, mas como a casa de moenda não está completa, nem a casa de purgar coberta, adiou a moagem para o ano próximo. ".
@ pg. 137:
"Lista dos Portugueses que residiam nas Alagoas em outubro de 1643
Gabriel Soares, senhor do engenho Salgado ou engenho Novo; ...".
►(Relação dos Engenhos, 1655), pg. 242, pensões pagas à Capitania de Pernambuco:
"- Na dita vila da Alagoa, possui Gabriel Soares dois engenhos, um deles está a monte e posto por terra, e do outro que mói pagava de pensão cento e vinte mil réis.
As pensões dos engenhos referidos se pagam de todo o açúcar que fazem antes de ser dizimado, ...".
►(Pudsey, circa 1670), relatando eventos ocorridos em 1637:
@ pg. 119, Fólio 27r.:
"Os mosqueteiros marcharam com Sua Excelência até a Barra Grande para tomar navios para Alagoas e o velho governador marchou por terra, tendo com ele a cavalaria, os atiradores e os brasileiros.346 Ao chegarmos ali, Sua Excelência desembarcou com nossos homens. Os camponeses vieram até o quartel por salvo-condutos. No dia seguinte marchamos para um engenho de açúcar a cinco léguas da praia, chamado Engenho Novo,347 que ficava entre Alagoa do Norte348 e Alagoa do Sul.349 Ali ficamos por dois dias para dar salvo-condutos aos habitantes. O inimigo tinha marchado para o rio de São Francisco, a 30 léguas deste lugar.".
►Nelson Papavero in (Pudsey, circa 1670), NOTAS, pg. 181:
«346- "The muskatears m'ched wth his excellency to Bay de Grand to take shippinge to Allego and the old governour marched by lande, havinge wth him the horse, the fyrelocks & the Braselians", no original. Esse trecho diz respeito, respectivamente, a Maurício de Nassau e ao antigo governador Sigemundt van der Schkoppe. Vide também notas 1 e 221.
347- "The next day we mrched to a sugar mylne five leagues from the strande called Engenio Novo", no original.
348- "North Allego" no original. Atualmente Santa Luzia do Norte.
349- "Sowth Allego", no original. Antiga Santa Madalena da Lagoa do Sul, atualmente Marechal Deodoro.».
►(Diegues Jr, 1949), pg. 44-45:
"Na lista dos portugueses que residiam nas Alagoas em 1643, acompanhando o já bastante citado relatório de Walbeeck, vê-se que Gabriel Soares era senhor do engenho Salgado ou Novo; assim podemos considerar ainda existente em nossos dias aquela fábrica de açúcar do antigo Alcaide-Mor da Madalena, pois perdura no Pilar o engenho Novo. É certo que Borges da Fonseca (36) registrava um Francisco de Barros Pimentel, filho de José de Barros Pimentel, capitão-mor de Porto Calvo, como senhor do engenho Novo das Alagoas e coronel das ordenanças da mesma Vila. Teria Barros Pimentel comprado o engenho aos herdeiros de Gabriel Soares? Ou teria havido dois engenhos Novo — um nas Alagoas e outro, o ainda existente, no Pilar? Considero mais provável a primeira hipótese.
E considero-a porque, em uma escritura de 1814, D. Maria José Acioli doava a João César Bezerra Camelo o quinhão que possuía no Engenho Novo, denominado Nossa Senhora do Rosário. Acrescentava que havia recebido o engenho por herança de seu avô, Coronel Francisco de Barros Pimentel e sua mulher, D. Antônia Maria de Moura (37). Tanto o nome do engenho (Novo) como a invocação religiosa (Nossa Senhora do Rosário), coincidem com o engenho de Gabriel Soares, o que permite aceitar seja um mesmo e único.
Afigura-se-nos assim ser este engenho o mesmo que Gabriel Soares cita no seu testamento sem dizer nem a quem o deixa, nem qual o nome. Apenas refere no começo do documento, que «estando já feita a capella no Engenho que ora faço o onde moro, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário». Quando fez seu testamento Gabriel Soares estava edificando um engenho; a casa-grande já estava pronta, nela morava; construía no momento a capela, e nela queria sepultar-se se ficasse pronta antes de sua morte, assim não sucedendo recomendava fosse enterrado na Igreja Matriz da Vila.
Pode-se também admitir que o engenho por ele referido como estivesse fazendo fosse o mesmo Novo já existente em 1638, com a invocação religiosa de Nossa Senhora do Rosário. A invocação é a mesma, e não conhecemos outro engenho no Pilar tendo a mesma santa como padroeira. É aceitável assim uma dessas hipóteses: ou Gabriel Soares estava, quando redigiu o testamento, remodelando o primitivo engenho, ou estava ampliando-o e concluindo-o, o que não é difícil, considerando-se sobretudo, os prejuízos — incêndios, destruiçoes, etc. — trazidos pela invasão holandesa.
Gabriel Soares deve ter morrido entre 10 e 23 de abril de 1660; seu testamento tem data de 1º de julho de 1658, e nele se encontra a certidão do pagamento ao vigário das missas mandadas dizer, certidão essa datada de 1660. Há também um «cumpra-se» de 23 de abril de 1660. Em 10 de abril de 1660 ainda estava vivo, pois, nesta data, revogou parte do seu testamento, conforme documento existente no Instituto Histórico de Alagoas. Esta revogação é assinada «nesta minha caza e engenho ynvocação nossa Sra. do Rosário».
Se bem que diga no testamento estar «doente de cama de moléstia que Deus foi servido darme», sabe-se que Gabriel foi uma das vítimas principais da sanha holandesa nas Alagoas em 1639; a ele, a Sebastião Ferreira, morador no Rio de São Miguel, e a Manuel Pinto, lavrador de canas, o sargento-mor Mansfelt e o escolteto Arnout van Liebergen mandaram tratear cruelmente, «pondo-lhe fogo debaixo dos pés, de que ficaram aleijados, e a poder de dinheiro com as vidas»; é o que refere frei Manuel Calado (38).
(35) "O Municipio de Pilar", in Revista do Ensino, de Maceió.
(36) "Nobiliarquia Pernambucana", in Anais da .Biblioteca Nacional, vols. XLVII, 1925, e XLVIII, 1926, Rio de Janeiro, 1935.
(37) Ms da coleção Bonifácio Silveira publicado na secção "Patrimônio Histórico", da Gazeta de Alagoas.
(38) Valeroso Lucideno, cit.".
Citação deste verbete |
Autor do verbete: Levy Pereira |
Como citar: PEREIRA, Levy. "N S. ᵭ Rosairo (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: https://lhs.unb.br/atlas/index.php?title=N_S._%E1%B5%AD_Rosairo_(engenho_de_bois). Data de acesso: 23 de fevereiro de 2025. |
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