Análise Estatística

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Tempo estimado de leitura deste artigo 10 minutos - por Tiago Gil


PORTAL DE ESTATÍSTICA

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Conceitos básicos (operações básicas, notações, etc)

Estatística descritiva (médias, mediana, moda, desvio padrão e coeficiente de variação)

Séries temporais (Distribuição dos dados))

Relação entre variáveis (Correlação, regressão, etc)

Há forte debate acadêmico sobre o emprego de métodos quantitativos em ciências sociais e, especialmente, em história. Robert Fogel, um dos pais da cliometria, argumentava que o debate sobre usar ou não era falso e que muitas vezes os historiadores já empregavam noções quantificadoras em sua escrita, mascarada pelo uso das palavras. Segundo ele, Words and equations are alternate modes of expression, and which is preferable at a given point in a given essay is a problem of exposition involving esthetic as well as empirical and logical considerations [1].

Muitas das críticas passam pelo cuidado metodológico. Parte expressiva das fontes históricas não foi produzida (em seu tempo) de modo a ser corretamente utilizada pelas ferramentas da estatística. Por outro lado, as fontes históricas são frequentemente incompletas e ambivalentes. Muitas vezes é difícil interpretar certas informações e seria problemático classificar e contar com base em interpretações duvidosas. Por fim, como nos esclarece Ciro Cardoso, é muito complicado fazer amostragens, algo geralmente empregado pela econometria. Em muitos casos, os dados disponíveis são já partes de um todo maior que foi perdido e, assim, não são adequados para uso como amostra, já que são produtos de uma seleção fortuita da qual, muitas vezes, não sabemos os critérios.[2]

Muitos pesquisadores são céticos sobre a utilidade ou conveniência da quantificação e essas dúvidas são absolutamente legítimas. Há, contudo, um elemento a ser ponderado: o quantitativo e o qualitativo não são cenários diferentes, mas abordagens diferentes do mesmo cenário. Ou realidade, fica ao gosto do leitor. Muitas vezes, fenômenos qualitativos têm uma manifestação quantitativa. Se você já ouviu alguém dizer que gosta (ou detesta) as grandes cidades, está diante de um caso assim. Ainda que as cidades se meçam por números (muitas ruas, casas, pessoas, prédios, carros, sinaleiras, etc) seu efeito é qualitativo e cidades grandes e pequenas são TIPOS diferentes de cidades e não apenas variações numéricas. Isso ocorre pois não vemos muitas diferenças qualitativas entre cidades de 100.000 e 150.000 habitantes (ainda que uma são 50% maior que a outra) mas vemos diferença clara entre cidades de 50.000 e 500.000 ou, melhor, 5.000.000. A diferença qualitativa se faz sentir na grandeza numérica. Repare que a métrica das cidades produz até mesmo diferentes tipos de comportamento ou expectativa de comportamento. Será que pequenos povoados onde todos se conhecem tem regras sociais mais rígidas que grandes núcleos urbanos onde os vizinhos não se encontram pelo caminho? Quantitativo e qualitativo não são abordagens antagônicas e podem muito bem ser aplicadas em uma mesma pesquisa. Se Fogel estiver certo, um mesmo fenômeno pode ser descrito com palavras e/ou com números.

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O físico italiano Enrico Fermi costumava provocar seus alunos com perguntas como "Quantos afinadores de piano há em Chicago?", sem saber o número certo e procurando encontrar variáveis que o ajudassem a definir um cálculo possível. A proposta dele era chegar à melhor estimativa possível dispondo de pouca informação. São os chamados "problemas de Fermi". Em história, muitas vezes é isso que fazemos.[3]


Referências

  1. Fogel, Robert William. "The Limits of Quantitative Methods in History." The American Historical Review 80, no. 2 (1975): 329-50.
  2. CARDOSO, Ciro & BRIGNOLI, Héctor Perez. Os Métodos da História. Rio de Janeiro: Graal, 1979
  3. Navarro, Juan Manuel García. "Problemas de Fermi. Suposición, estimación y aproximación." Epsilon: Revista de la Sociedad Andaluza de Educación Matemática" Thales" 84 (2013): 5; Ärlebäck, Jonas Bergman, and Christer Bergsten. "On the use of realistic Fermi problems in introducing mathematical modelling in upper secondary mathematics." In Modeling Students' Mathematical Modeling Competencies, pp. 597-609. Springer, Dordrecht, 2013.



Citação deste verbete
Como citar: GIL, Tiago. "Análise Estatística". In: CLIOMATICA - Portal de História Digital e Pesquisa. Disponível em: http://lhs.unb.br/cliomatica/index.php/An%C3%A1lise_Estat%C3%ADstica. Data de acesso: 17 de maio de 2024.






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