Softwares auxiliadores no manejo de banco de dados: um caso da Bahia do século XVI

De Cliomatica - Digital History
Tempo estimado de leitura deste artigo 13 minutos - por Carlos Antonio Pereira de Carvalho


No nosso caso, foram utilizados dois softwares: Quantum GIS - QGIS e Filemaker. Este último é o software responsável pela a confecção do banco de dados. A partir dele, foi possível moldar todo o banco de dados, do início ao fim, criando campos de acordo com o nosso interesse. Este é o programa que está representado pela figura 1 deste texto. Se perceberem, o software lhe permite dar toda a vida ao sistema, manejando da maneira desejada. Entretanto, este não é o único software possível. Não é preciso muito para criar um banco de dados, e este pode ser desenvolvido em diversas maneiras e por diversos programas (como o Excel, por exemplo), desde que se consiga criar um sistema onde seja possível conhecer suas partes uniformemente.

O banco de dados possui uma função óbvia de guardar dados. Com isto, gera-se um volume de informações que varia de acordo com o sentido que foi dado a este. Essa informação gerada e guardada geralmente pode ser exportada para um uso exterior e, para o nosso caso, foi exatamente isso que foi feito como auxílio do primeiro software citado, o Quantum GIS.

O QGIS é um software que permite a produção, vetorização, entre outras funções de manejo de mapas. A partir deste pode-se criar visualizações de acordo com o interesse de quem o utiliza. No nosso caso, exportamos todo o dados apreendido no Filemaker com o nosso banco de dados e transformamos estas informações em mapas, através do Quantum GIS.

Para que fique mais claro esse caminho, peço ao leitor que volte a parte que trata das partes do nosso banco de dados. Vocês lembram que categorizei e indiquei quais eram os campos existentes e que informações eles extraíam da nossa fonte? Se bem me recordo temos a Pessoa e o Local 1; a Pessoa e o Local 2; a Pessoa assunto e o Local 3; Quando; e a Intensidade que varia entre direta, indireta e de informação pública, correto? Pois então, a partir dessas categorias criadas, conseguimos extrair de cada relato três possíveis nomes; três possíveis localidades e três possíveis maneiras pelas quais aqueles relatos aconteceram. Sendo assim, me foi gerado 9 variantes que me permitiram cruzar informações entre elas. Ou seja, com a organização destes dados, conseguimos saber o nome de um denunciante ou confessante, saber os locais onde estes residiam, quem estas pessoas denunciaram ou mencionaram na sua denúncia e de que forma ficaram sabendo das informações as quais estavam relatando. Para que fique mais claro, vejamos o exemplo que se seguirá. Nele está a íntegra de um relato cru, tal como vemos antes de organizarmos a informação de acordo com o nosso interesse. Peço ao leitor que repare os destaques que farei ao documento para que fique o mais inteligível possível. Os destaques seguirão da seguinte maneira: Amarelo corresponde a Pessoa e o Local 1; Vermelho a Pessoa e o Local 2; e Azul a intensidade (não darei atenção nem ao campo “quando”, pois não tem necessidade para o exemplo e nem o campo “pessoa assunto”, pois também não é o caso)


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Trouxe a vocês um caso bastante conhecido e discutido pela historiografia pertinente ao tema. Fernão Cabral fora um conhecido senhor de Engenho do Recôncavo Baiano, que permitia cultos considerado pagãos na sua fazenda em Jaguaripe. Este é apenas um relato, mas são diversas as denúncias cometidas contra Fernão. Entretanto, quero chamar a atenção do leitor para as informações destacadas. Percebe-se que, a partir do banco de dados, conseguimos apreender nomes e locais de moradia destes? E mesmo a forma como se conheceu o fato denunciado? Neste exemplo, a própria denunciante testemunhou com os próprios olhos. No entanto, estas informações em destaque me permitiram enxergar pessoas, lugares e conexão e me permitiram construir o mapa da figura 2 já aqui demonstrado a você leitor. Veja a importância de um banco de Dados! Neste caso, me foi permitido ligar Jaguaripe à cidade através de um testemunho. Vejamos


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E foi desta forma que estes mapas foram construídos. Esta pode ser uma possível utilização de um banco de dados, leitor. Transformar simples relatos em simples mapas, mas complexos em suas informações! Com a serialização e sistematização das fontes, foi possível compreender diversas informações que ou não poderiam ser captadas ou levariam um certo tempo até serem apreendidas. A título de exemplo, a partir dessa metodologia, podemos separar da onde sai a maior quantidade de relatos de cristão velhos em cada cidade e, assim, elencar qual a localidade que mais possui relação entre cristão velhos. Vejamos


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Ou mesmo a maior incidência daqueles naturais de Lisboa e a as cidades com as quais estes mais se relacionam.


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Portanto, o que gostaria de deixar claro ao leitor é como um banco de dados pode ser útil a sua pesquisa. Não somente na hora de organizar as informações para você, pesquisador. Mas também na facilidade em transformá-las em uma nova visualização. Da possibilidade de se obter outras análises a partir de uma simples organização de dados. Ou ainda da forma como podemos tratar uma fonte. Ou mesmo, de uma forma como pode ser feita a pesquisa em História.


Referências



Citação deste verbete
Como citar: CARVALHO, Carlos Antonio Pereira de. "Softwares auxiliadores no manejo de banco de dados: um caso da Bahia do século XVI". In: CLIOMATICA - Portal de História Digital e Pesquisa. Disponível em: http://lhs.unb.br/cliomatica/index.php/Softwares_auxiliadores_no_manejo_de_banco_de_dados:_um_caso_da_Bahia_do_s%C3%A9culo_XVI. Data de acesso: 1 de junho de 2024.






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