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A ideia de rede social fomenta uma multiplicidade de abordagens nas diferentes áreas do conhecimento. De forma ampla, podemos tomar uma rede social como um “conjunto finito de [[ator]]es e a(s) relação(ões) que se estabelecem entre eles” <ref>[[(Wasserman & Faust, 1994)]]</ref>. Desta forma, a Análise de Redes Sociais (da sigla em inglês SNA - Social Network Analysis) consiste em uma análise metódica de redes sociais representadas graficamente, tomadas enquanto representações das [[estruturas]] de relacionamento que pessoas ou organizações estabelecem entre si. Para tanto, a SNA parte de um conjunto de conceitos e [[métricas]] oriundos de diferentes áreas do conhecimento, especialmente da [[Sociologia Estrutural]] de Jacob Moreno e da [[Teoria dos Grafos]], um ramo da Matemática.
 
A ideia de rede social fomenta uma multiplicidade de abordagens nas diferentes áreas do conhecimento. De forma ampla, podemos tomar uma rede social como um “conjunto finito de [[ator]]es e a(s) relação(ões) que se estabelecem entre eles” <ref>[[(Wasserman & Faust, 1994)]]</ref>. Desta forma, a Análise de Redes Sociais (da sigla em inglês SNA - Social Network Analysis) consiste em uma análise metódica de redes sociais representadas graficamente, tomadas enquanto representações das [[estruturas]] de relacionamento que pessoas ou organizações estabelecem entre si. Para tanto, a SNA parte de um conjunto de conceitos e [[métricas]] oriundos de diferentes áreas do conhecimento, especialmente da [[Sociologia Estrutural]] de Jacob Moreno e da [[Teoria dos Grafos]], um ramo da Matemática.
  
Embora sua apropriação por estudos na área de História tenha começado na década de 1990, foi somente na última década que esse uso passou a ser discutido de forma mais sistemática, especialmente a partir do desenvolvimento do campo de estudos denominado [[Historical Network Research]]. A partir deste momento, é possível identificar uma apropriação mais frequente da metodologia de análises de redes no trabalho de historiadores, inclusive em recentes trabalhos publicados no Brasil. Nos últimos anos, tem crescido a compreensão de que os métodos formais derivados de SNA podem ser proveitosamente aplicados a corpos selecionados de registros históricos, oferecendo assim novas possibilidades enquanto ferramentas de ensaio, interpretação e crítica dos dados.
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A noção de rede remete a uma estrutura construída com base nas relações existentes entre indivíduos ou instituições <ref>[[(Bertrand, 2012, p. 61)]]</ref>. Desta forma, as interações no interior da rede proporcionam aos atores [[posições]] no grupo social que podem ser mais ou menos vantajosas e lhes dar acesso a diferentes valores. A análise de redes sociais, desse modo, trabalha com a representação gráfica desses grupos, que são analisados a partir das medidas de suas propriedades estruturais.
  
A noção de rede social remete a uma estrutura construída com base nas relações existentes entre indivíduos <ref>[[(Bertrand, 2012, p. 61)]]</ref>. Desta forma, as interações no interior da rede proporcionam aos atores posições no grupo social que podem ser mais ou menos vantajosas e lhes dar acesso a diferentes valores. A análise de redes sociais, desse modo, trabalha com a representação gráfica desses grupos, que são analisados a partir das medidas de suas propriedades estruturais (as métricas).
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A primeira etapa da análise de redes é a criação do que chamamos [[matriz de adjacência]], em que linhas e colunas representam os atores sociais envolvidos em determinada relação e contexto históricos. Nessas matrizes, são estipuladas as relações entre os atores do grupo analisado. A elaboração das matrizes e seus [[grafo]]s  correspondentes é parte fundamental deste método.  
  
A primeira etapa da análise de redes é a criação do que chamamos matriz de adjacência, em que linhas e colunas representam os atores sociais envolvidos em determinada relação e contexto históricos. Nessas matrizes, são estipuladas as relações entre os atores do grupo analisado. A elaboração das matrizes e seus grafos  correspondentes é parte fundamental deste método.  
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Para além da elaboração das matrizes e a geração dos respectivos grafos, outra contribuição fundamental deste método é a produção dos coeficientes ou estatísticas de análise, denominadas [[métricas]], que permitem evidenciar algumas das características dessas redes, colocando em evidência alguns tipos de relação que se estabelecem, ou destacando a atuação de um determinado agente no grupo a partir da posição por este assumida. Essas métricas cumprem papel fundamental para a análise, tanto quanto o recurso gráfico proporcionado pelos [[softwares de análise de redes]].
  
Para além da elaboração das matrizes e a geração dos respectivos grafos, outra contribuição fundamental deste método é a produção dos coeficientes ou estatísticas de análise, denominadas métricas, que permitem evidenciar algumas das características dessas redes, colocando em evidência alguns tipos de relação que se estabelecem, ou destacando a atuação de um determinado agente no grupo a partir da posição por este assumida. Essas métricas cumprem papel fundamental para a análise, tanto quanto o recurso gráfico proporcionado pelos softwares de análise de redes.
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Embora sua apropriação por estudos na área de História tenha começado na década de 1990, foi somente na última década que esse uso passou a ser discutido de forma mais sistemática, especialmente a partir do desenvolvimento do campo de estudos denominado [[Historical Network Research]]. A partir deste momento, é possível identificar uma apropriação mais frequente da metodologia de análises de redes no trabalho de historiadores, inclusive em recentes trabalhos publicados no Brasil. Entre os principais autores a trabalhar com esta temática, podemos citar exemplos como [[Claire Lemercier]], [[José Maria Imicoz]], [[Maurizio Gribaudi]], [[Michel Bertrand]] e [[Zacarias Moutoukias]].  
  
 
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Edição das 14h48min de 9 de maio de 2019

Tempo estimado de leitura deste artigo 7 minutos - por Israel Aquino


A ideia de rede social fomenta uma multiplicidade de abordagens nas diferentes áreas do conhecimento. De forma ampla, podemos tomar uma rede social como um “conjunto finito de atores e a(s) relação(ões) que se estabelecem entre eles” [1]. Desta forma, a Análise de Redes Sociais (da sigla em inglês SNA - Social Network Analysis) consiste em uma análise metódica de redes sociais representadas graficamente, tomadas enquanto representações das estruturas de relacionamento que pessoas ou organizações estabelecem entre si. Para tanto, a SNA parte de um conjunto de conceitos e métricas oriundos de diferentes áreas do conhecimento, especialmente da Sociologia Estrutural de Jacob Moreno e da Teoria dos Grafos, um ramo da Matemática.

A noção de rede remete a uma estrutura construída com base nas relações existentes entre indivíduos ou instituições [2]. Desta forma, as interações no interior da rede proporcionam aos atores posições no grupo social que podem ser mais ou menos vantajosas e lhes dar acesso a diferentes valores. A análise de redes sociais, desse modo, trabalha com a representação gráfica desses grupos, que são analisados a partir das medidas de suas propriedades estruturais.

A primeira etapa da análise de redes é a criação do que chamamos matriz de adjacência, em que linhas e colunas representam os atores sociais envolvidos em determinada relação e contexto históricos. Nessas matrizes, são estipuladas as relações entre os atores do grupo analisado. A elaboração das matrizes e seus grafos correspondentes é parte fundamental deste método.

Para além da elaboração das matrizes e a geração dos respectivos grafos, outra contribuição fundamental deste método é a produção dos coeficientes ou estatísticas de análise, denominadas métricas, que permitem evidenciar algumas das características dessas redes, colocando em evidência alguns tipos de relação que se estabelecem, ou destacando a atuação de um determinado agente no grupo a partir da posição por este assumida. Essas métricas cumprem papel fundamental para a análise, tanto quanto o recurso gráfico proporcionado pelos softwares de análise de redes.

Embora sua apropriação por estudos na área de História tenha começado na década de 1990, foi somente na última década que esse uso passou a ser discutido de forma mais sistemática, especialmente a partir do desenvolvimento do campo de estudos denominado Historical Network Research. A partir deste momento, é possível identificar uma apropriação mais frequente da metodologia de análises de redes no trabalho de historiadores, inclusive em recentes trabalhos publicados no Brasil. Entre os principais autores a trabalhar com esta temática, podemos citar exemplos como Claire Lemercier, José Maria Imicoz, Maurizio Gribaudi, Michel Bertrand e Zacarias Moutoukias.


Referências



Citação deste verbete
Como citar: AQUINO, Israel. "Análise de redes sociais". In: CLIOMATICA - Portal de História Digital e Pesquisa. Disponível em: http://lhs.unb.br/cliomatica/index.php/An%C3%A1lise_de_redes_sociais. Data de acesso: 1 de julho de 2024.






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