por Gustavo GODOY |
Foi uma aldeia tamoia, surgida no contexto posterior à conquista da Guanabara pelos portugueses e temiminós. Essa gente chefiada por Abauçanga – inicialmente 40-50 pessoas – foi fugindo dos ataques, estabelecendo-se em cavernas, até chegarem na região onde se localizavam os goitacases [Wataquazes], com quem tinha relações conflituosas. Esse grupo tamoio instalou-se nas bordas da Serra de Macaé (designada então de “morada de Abauçanga”), numa aldeia próxima ao mar. A expedição de Gonçalo Correia de Sá contra os os goitacases, no ano de 1599, acabou por encontrá-la no meio do caminho. Nesta época a aldeia contava com aproximadamente 500 habitantes, e as informações disponíveis estão em Anthony Knivet[1], que era escravo da família Sá.
Knivet relata a chegada da expedição na grande montanha “Abausanga retam”. Tal palavra que é a composição do nome do principal da aldeia, o ancião Abausanga + a palavra etama (t-): “Natureza, onde hum mora. — Tetama.” (Vocabulário na Língua Brasílica). [2] A composição a palavra resultante é Abausanga retam - que significa: “a região/a morada de Abauçanga”. Esta seria uma montanha que Sheila Moura Hue identifica[3] como sendo a Serra de Macaé, a aldeia ficava a beira mar, na base da montanha.
O ancião Abauçanga teria 120 anos, fato que Knivet teria entendido por meio de sinais. Ele e 60 jovens de sua região foram capturados pela “bandeira” contra os goiatacases que Knivet participava, no ano de 1599. O morubixaba e acabou morrendo flechado logo em seguida num confronto com goitacases, que eram outro alvo da expedição e que os tamoios ajudaram a alcançar. Devido ao fato de franceses já terem lhe contado sobre a existência de um deus que seria salvador, quis se batizar – recebendo o nome João - e acreditar em alguns ensinamentos cristãos ensinados por ocasião de sua futura morte.
Na edição da Duke University Press de 2008 do livro de H. Staden [4], alega-se que “Abausanga” seria o chefe Abati posanga que o arcabuzeiro de Hessen conhecera anos antes. Mas o nome do morubixaba que Knivet relata pode não coincidir com o outro chefe tamoios conhecido por Staden.
Mapa da edição de S.M. Hue [5]:
Zoom:
Citação deste verbete |
Autor do verbete: Gustavo GODOY |
Como citar: GODOY, Gustavo. "Aldeia de Abauçanga". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: https://lhs.unb.br/atlas/index.php?title=Aldeia_de_Abau%C3%A7anga. Data de acesso: 23 de fevereiro de 2025.
|
Informar erro nesta página |