Lagoa de grande porte que recebe os rios 'Iacùĩ' (Rio Jacu), 'Vrumoa' (Rio Limonal) e 'Agoa ᵭ Brandao' (Córrego Barandão) e deságua na 'Vpapeba' (Lagoa Papeba).
Natureza: lagoa.
Mapa: PRÆFECTURÆ DE PARAIBA, ET RIO GRANDE.
Capitania: RIO GRANDE.
Nomes históricos: Gvraira; Guroyra; Guaira; Gorairas; Goairas; Goraires; Groairas; Groarairas; Guaraíras; Guĩraraĩra; Guiraíras; Guiraire; Guirayre.
Nome atual: Lagoa de Guaraíra.
Essa lagoa está conectada diretamente com o Oceano Atlântico pelo Canal de Tibau do Sul - vide comentários em 'Pta. ᵭ Paranambuca'.
Esta é a maior lagoa no Rio Grande e nela está a Ilha do Flamengo, não assinalada no BQPPB, onde houve uma casa forte neerlandesa, palco de violentos combates - esta ilha tinha, à época, o nome de 'Ilha do Amor'.
►Mapa RG (Albernaz, 1626/1627), plotado como lagoa, 'Gvraira', com saída diretamente no Oceano Atlântico.
►Mapa RG (IAHGP-Vingboons, 1640) #51 CAPITANIA DE RIO GRANDE - plotado como 'Alagoa Guroyra.', com a ilha lacustre 'I. ∂ĭ Amor' (Ilha do Flamengo).
►Mapa Y-48 (4.VEL Y, 1643-1649) De Cust van Brazil tusschen Cabo Blancko en Rio Jan de Sta, plotada, com a Ilha do Flamengo, ambas sem nome.
►(Laet, 1637) - Descrição da costa do noroeste de Brasil entre Pernambuco e Rio Camocipe, do Relatório dos brasilianos, pg. 134:
"Quatro léguas de Curimataú há um ancoradouro chamado Pernambuco ou Guiraire. ".
►(Medeiros, 1998), O LITORAL POTIGUAR EM 1628, SEGUNDO GASPAR PARAUPABA E OUTROS INDÍGENAS, comentando o documento acima citado, de outra fonte (tradução), pg. 16:
"Aos 20 de março de 1628, cinco indígenas brasileiros compareceram perante o notário Kilian van Renselaer, com a finalidade de prestarem informações detalhadas da costa nordestina brasileira, aos seus amigos neerlandeses. No tocante ao litoral da Capitania do Rio Grande, aqueles silvícolas assim o descreveram (1):
...
Guirayre, uma praia a 4 léguas de Curimataú e a 2 léguas de Pernambuco.'
Guirayre era a praia ao norte da ponta da Pipa. O rio Pernambuco corresponde ao despejo da Lagoa de Guaraíras.
...
Os cinco indígenas autores dessas informações, chamavam-se: Gaspar Paraoupaba, do Ceará, 50 anos; Andreus Francisco, também do Ceará, 32 anos; Píeter Poty, Antony Francisco e Lauys Caspar, todos eles moradores em Baia da Traição, na Paraíba.
(1) GERRITSZ, Hessel • Jornaux et Nouvelles, etc,, pp. 171-173.".
►(Nieuhof, 1682), pg. 88:
"No lago de Groairas (149), há uma quantidade incrível de peixes e a região produz, farinha em grande escala. Daí vieram os fartos abastecimentos de carne e peixe para as nossas guarnições da Paraíba e outras partes, durante a rebelião dos portugueses.
(149) Nieuhof escreveu Goraires (p. 42, l.a col., 1 §). Cf. XXVI, p. 190, 2 vol.".
►(Câmara Cascudo, 1956), pg. 241-242:
"A lagoa de Guiraraíra (Goaraíras, Guaíras, Groaíras) em cujas margens viveram os holandeses, tem como tributários os rios Urumoá (Irimuá, Limoal), o Iacuí (Jacu), com o Iuna (Una) à direita, formando ilha, com quatro currais de gado ao derredor, e a lagoa Potirobi à direita do Jacui (Jacu) e a Água do Brandão, com curral, vindo à lagoa. Na parte inferior, mais ampla, está o Camuci (Camucim), com morada, e, um pouco acima, o Araunu (Aranun). Às margens da Guiraraíra há casa e, na região superior, um aldeiamento selvagem. A casa à beira da lagoa, ao pé dos montes, deve ser o início da atual cidade de Arês.
Marcgrave isola a lagoa de Goaraíras do mar. Não há comunicação. O canal do Tibáu que leva suas águas ao Atlântico é do século XIX. Houve, entretanto outro, que João Teixeira regista na sua carta, ilustrativa do "Livro que dá rezão de Estado do Brasil" (1612). Nesta carta há a lagoa de Gvraira com barra no mar, denominada Paranapuc. Em Marcgrave há uma "Ponta do Paranambuca", depois da Pipa.".
►(Câmara Cascudo, 1968), pg. 88-89:
"GROAÍRAS; - Grande lagoa entre Goianinha e Arez. De guaraaíra, o indivíduo riscado ou lanhado (TS). Algum bagre desconhecido. GROARAÍRAS, GUIRAÍRAS, GOAÍRAS. No Ceará há o município de GROAÍRAS. De guira-ira, mel de pássaro ou de que os pássaros gostam, segundo Paulino Nogueira.".
@ O LITORAL POTIGUAR EM 1628, SEGUNDO GASPAR PARAUPABA E OUTROS INDÍGENAS, comentando o documento acima citado, de outra fonte (tradução), pg. 16:
"Aos 20 de março de 1628, cinco indígenas brasileiros compareceram perante o notário Kilian van Renselaer, com a finalidade de prestarem informações detalhadas da costa nordestina brasileira, aos seus amigos neerlandeses. No tocante ao litoral da Capitania do Rio Grande, aqueles silvícolas assim o descreveram (1):
...
Guirayre, uma praia a 4 léguas de Curimataú e a 2 léguas de Pernambuco.'
Guirayre era a praia ao norte da ponta da Pipa. O rio Pernambuco corresponde ao despejo da Lagoa de Guaraíras.
...
Os cinco indígenas autores dessas informações, chamavam-se: Gaspar Paraoupaba, do Ceará, 50 anos; Andreus Francisco, também do Ceará, 32 anos; Píeter Poty, Antony Francisco e Lauys Caspar, todos eles moradores em Baia da Traição, na Paraíba.
(1) GERRITSZ, Hessel • Jornaux et Nouvelles, etc,, pp. 171-173.".
@ A CASA-FORTE DA ILHA DO FLAMENGO, NA LAGOA DE GUARAÍRAS:
□ pg. 123-124:
"Na Lagoa de Guaraíras existe uma ilha denominada ILHA DO FLAMENGO, à pequena distância da cidade de Arez. O mapa de C.B. GOLIJATH (c. 1638), incluído no Atlas de Vingboons (1665), apresenta uma ilha na margem setentrional da Lagoa de Goroyra, correspondente àquela Ilha do Flamengo.
À época ern que senhorearam a capitania, os flamengos edificaram uma casa-forte na parte mais elevada da ilha. Frei RAFAEL DE JESUS deixou um relato descrevendo um ataque sofrido pela casa-forte, por parte da tropas luso-brasiieiras, a cuja frente se encontrava Henrique Dias, o governador dos Pretos:
"Avistou um sítio, que chamam as Guaraíras, onde o inimigo sustentava uma casa forte, no centro duma lagoa larga e funda, dentro da qual, como em ilha, se alojavam todos os índios e escravos que o holandês ocupava nas roças e lavouras daquele terreno, e se recolhiam os frutos e os roubos de que se sustentavam, guardados e defendidos de quarenta holandeses, que com outros soldados índios guarneciam a fortificação: constava esta da casa forte cercada de duas trincheiras bem obradas.
Depois de exortar seus soldados com palavras de confiança e rosto sossegado, disse-lhes o caminho e o modo como haviam de avançar e ganhar a fortificação; e não lhes interpondo dúvidas entre o investir e vencer, os meteu no assalto. Lançaram-se à água e com ela pela cinta acometeram à escala. Defenderam-se os holandeses com ardor favorecidos da vantagem do sítio; mas não puderam impedir que os nossos tomassem terra, e ganhassem a primeira trincheira. Entre esta e a segunda se travou renhido combate; mas o furor dos nossos levou o inimigo de vencida, e bem depressa caiu a segunda trincheira em suas mãos.
O cabo holandês, vendo perdida toda a esperança, meteu-se com cinco companheiros numa canoa, furtada aos olhos dos seus, para salvar as vidas. Escalaram os nossos a casa forte, com tíbia resistência, e levaram tudo a ponta de espada, não perdoando o sexo nem a idade. Durou o conflito des da prima da noite até pela manhã; e foi com a claridade do dia que se pôde conhecer o estrago. Morreram nesta ocasião todos quantos holandeses, índios e negros havia na fortificação, exceto os cinco que fugiram.
Dos nossos perderam a vida três soldados, e ficaram muitos feridos. Gastou- se o dia, que foi o de 6 de janeiro de 1648, em recolher os despojos, curar os feridos, enterrar os mortos, e tomar refeição do trabalho entre as congratulações da vitória (2)".
□ pg. 125:
"A 16 de julho de 1651, saiu do Arraial do Bom Jesus o capitão João Barbosa Pinto, à frente de 300 soldados, atacando as Guaraíras. Os flamengos recolheram- se a "uma força" (seria a casa-forte da Ilha dos Flamengos ?), sendo presos juntamente com todos os que ali se encontravam. Foram arrancados os mantimentos que tinham plantado, tendo o capitão regressado ao arraial com 83 pessoas presas, entre negros e índios da terra (4).
(2) JESUS, Fr. Rafael de • Castrioto Lusitano ou História da Guerra entre o Brasil e a Holanda, pp.473-475.
(3) LOPES SANTIAGO, Diogo • História da Guerra de Pernambuco, pp. 457-458.
(4) LOPES SANTIAGO. Diogo • Obra citada, pp. 569-570.".
Citação deste verbete |
Autor do verbete: Levy Pereira |
Como citar: PEREIRA, Levy. "Guĩraraĩra". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: https://lhs.unb.br/atlas/index.php?title=Gu%C4%A9rara%C4%A9ra. Data de acesso: 23 de fevereiro de 2025. |
Baixe a referência bibliográfica deste verbete usando
Informar erro nesta página |