por Luiza Moretti |
Mazagão era uma Vila Fortificada portuguesa no Marrocos. Último vestígio da ocupação portuguesa na região do Norte d’África. Fora construída no início do século XVI para servir de entreposto comercial e de expansão da fé católica e do poder português.
A vila estava sempre lutando contra mouros que desejavam expulsar os estrangeiros do território, os recursos para sobrevivência na região estavam escassos e o inimigo mais forte.[1]
Baseando-se nas políticas do Marquês de Pombal para os territórios portugueses de ultramar, que consistiam em melhorar a ocupação e defesa de fronteiras e exploração do território em busca de riquezas e consolidação do poder Português utilizando o conceito de utis possedis, Portugal decidiu, então, que era melhor transferir a cidade-fortaleza e sua população para outro local. A localidade escolhida fora o norte do Estado do Grão-Pará, na região do Cabo Norte, na capitania do Rio Negro, que sofria com ataques de franceses, ingleses, holandeses e espanhóis, além de ser muito extensa e pouco povoada. A vila agora se chamaria Nova Mazagão.
A população embarcou nos navios portugueses em 1769, passaram um tempo em Lisboa, onde houve casamentos, deserções, mortes e doenças, depois vieram para Belém, onde ficaram mais um tempo até que a maior parte (que não havia novamente desertado/morrido/adoecido) fosse transferida para o ponto final.[2]
Nova Mazagão localizava-se próxima a Macapá (cerca de 42km) e Vila Vistoza (cerca de 20km)[3] e deveria ajudar na defesa da região. Porém as condições naturais e as experiências de vida da população eram muito diferentes das necessárias para uma boa adaptação em território amazônico. Não há relatos de escravos que tenham vindo na expedição e os habitantes não tinham dinheiro o bastante para comprá-los. Também não tinham grande conhecimento de plantio e criação de animais.
Os moradores passaram a cultivar arroz, milho, maniva (mandioca), nas ilhas de Mutuacá e Pará - onde a salinização era menor - e fabricavam-se panos de algodão, que eram comercializados em Belém[4]
As construções da nova vila eram precárias e a alimentação também, por não produzirem o suficiente para todos, nem em quantidade nem em qualidade. Mas alguns que detinham certa riqueza ainda conseguiram comprar escravos, e indígenas de regiões próximas foram levados para lá para ajudar no crescimento e sobrevivência da vila.
Mesmo assim a população de Nova Mazagão, insatisfeita, saía e voltava para Belém ou outras localidades próximas. Aos poucos a população foi minguando e, quando de um surto de cólera muitos morreram, os sobreviventes fugiram, abandonando a vila.[5]
Anos mais tarde, cerca de 20km - seguindo o curso do rio - de distancia de onde era Vila Nova de Mazagão, negros fugidos formaram uma pequena vila, que existe até hoje com o nome de Mazagão. A mata não ocupada ao redor dessa vila esconde ruínas do que um dia foi Nova Mazagão.[6]
Citação deste verbete |
Autor do verbete: Luiza Moretti |
Como citar: MORETTI, Luiza. "Mazagão". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: https://lhs.unb.br/atlas/index.php?title=Mazag%C3%A3o. Data de acesso: 23 de fevereiro de 2025.
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