| Geometria |
José Cardoso da Silva, morador no distrito de Cai que vive de sua estância e lavouras informa o seguinte.
Que sabe que o capitão Manuel José de Alencastre estivera por duas vezes preso neste Porto Alegre, a primeira por ordem do capitão Custódio Ferreira de Oliveira Guimarães, e a segunda por representação do mesmo capitão Custódio Ferreira, mas que ignora os verdadeiros motivos que houveram para as ditas prisões, e que só ouvira dizer que a segunda fora por uma dúvidas que tiveram Manuel José de Oliveira, irmão do capitão Custódio Ferreira, com um preto escravo do dito Capitão Alencastre, sobre a apartação de um terneiro que se achou no rodeio que parou o capitão Custódio Ferreira, e que o dito preto escravo queria conduzir dizendo que pertencia a seu senhor, e porque naquele ato quiseram prender o escravo, e este fugiu para [p. 349] casa de seu senhor o qual o ocultou e não quis entregar , procedera a segunda prisão como acima fica dito: que sabe que desde o tempo das ditas prisões os ditos dois capitães tem vivido em grande inimizade; mas que ele informante ignora se há algumas outras razões particulares que os obriga a viverem em ódio: que sabe que o capitão Custódio Ferreira de Oliveira Guimarães viera a esta vila de Porto Alegre jurar contra o capitão Alencastre na última correição; mas que não sabe se trouxera em sua companhia outras testemunhas em que se havia de referir: que sabe que o capitão Manuel José de Alencastre para evitar o seu precipício e fugir as continuadas desordens que entre o capitão Custódio Ferreira e ele haviam, arrendara as suas fazendas e se passara para a freguesia do Triunfo aonde deixando a sua família fora para o Rio de Janeiro: que sabe que o capitão Evaristo Pinto Bandeira obrigou contra a vontade a Tomé Cardoso para que lhe vendesse um preto seu escravo que sabia tocar caixa de guerra, e porque não havia pago o valor em que se tinham ajustado pela venda e compra do dito escravo, fugindo o preto da casa do capitão Evaristo para a de seu senhor Tomé Cardoso, querendo por força e violência levar o escravo para sua casa, dizendo que depois o pagaria, mas que ele informante não sabe se nessa ocasião o dito capitão Evaristo levava consigo soldados auxiliares, nem lhe consta que [p. 349v] arrombasse as portas do dito Tomé Cardoso. E de tudo o mais que foi perguntado por mim coronel comandante deste continente respondeu nada sabia e para constar assinou comigo coronel comandante em Porto Alegre aos vinte e quatro de novembro de mil setecentos e oitenta e sete.
Joaquim José Ribeiro da Costa José Cardoso da Silva
| Ficha técnica da Fonte | |
| Autor: diversos | |
| Data: 1787. | |
| Referência: Códice 104. Volume 09. Secretaria do Estado do Brasil. | |
| Acervo: Arquivo Nacional. | |
| Transcrição: Tiago Luís Gil. | |
| link principal no BiblioAtlas: Devassa_de_1787 |