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Mercantilismo

De Atlas Digital da América Lusa

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A primeira referência clara ao “sistema mercantil” surge no final do século XVIII (e não ao longo da época moderna) na pena de Adam Smith<ref>[http://www.gutenberg.org/files/3300/3300-h/3300-h.htm SMITH, Adam. The Wealth of Nations]</ref>, que via neste sistema um modelo equivocado de economia. Neste sentido, o conceito de mercantilismo surge através da crítica daqueles que se pretendiam seus adversários, já que nunca foi formulado como uma teoria ou disciplina.<ref>FALCON, Francisco José Calazans. Mercantilismo e transição. São paulo: Brasiliense, 1982; DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.</ref>  
 
A primeira referência clara ao “sistema mercantil” surge no final do século XVIII (e não ao longo da época moderna) na pena de Adam Smith<ref>[http://www.gutenberg.org/files/3300/3300-h/3300-h.htm SMITH, Adam. The Wealth of Nations]</ref>, que via neste sistema um modelo equivocado de economia. Neste sentido, o conceito de mercantilismo surge através da crítica daqueles que se pretendiam seus adversários, já que nunca foi formulado como uma teoria ou disciplina.<ref>FALCON, Francisco José Calazans. Mercantilismo e transição. São paulo: Brasiliense, 1982; DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.</ref>  
  
Uma definição clara sobre este modelo ou conjunto de teorias não é ponto comum entre os historiadores. Heckscher<ref>HECKSCHER, Eli Filip. Mercantilism. Garland Pub, 1983. </ref>,um dos principais responsáveis pela introdução do conceito no debate acadêmico, ressalta alguns aspectos que caracterizariam o mercantilismo: o caráter de ''sistema de unificação'', já salientado por Gustav Schmoller, que ilumina a forma como as políticas econômicas ditas mercantilistas teriam integrado regiões antes fragmentadas por práticas muito diversas; o caráter político, de ''sistema de poder'', anteriormente apontado por William Cunningham, que dá destaque à participação dos Estados e monarquias no controle das atividades econômicas “to regulate all commerce and industry” e, também baseado em Cunningham e Schmoller, a natureza protecionista e monetária do mercantilismo, já antes apontada por Smith.
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Uma definição clara sobre este modelo ou conjunto de teorias não é ponto comum entre os historiadores. Heckscher<ref>[[(Heckscher, 1983)|HECKSCHER, Eli Filip. Mercantilism. Garland Pub, 1983.]]</ref>,um dos principais responsáveis pela introdução do conceito no debate acadêmico, ressalta alguns aspectos que caracterizariam o mercantilismo: o caráter de ''sistema de unificação'', já salientado por Gustav Schmoller, que ilumina a forma como as políticas econômicas ditas mercantilistas teriam integrado regiões antes fragmentadas por práticas muito diversas; o caráter político, de ''sistema de poder'', anteriormente apontado por William Cunningham, que dá destaque à participação dos Estados e monarquias no controle das atividades econômicas “to regulate all commerce and industry” e, também baseado em Cunningham e Schmoller, a natureza protecionista e monetária do mercantilismo, já antes apontada por Smith.
  
 
Pierre Deyon apresenta o mercantilismo como ''o conjunto das teorias e das práticas de intervenção econômica que se desenvolveram na Europa moderna desde a metade do século XV'', destacando a variedade de definições disponíveis, como “nacionalismo autárquico” e “intervencionismo do Estado”, enquanto outros se prenderiam mais no bulionismo presente neste contexto histórico, a ideia de que o acúmulo de metais preciosos seria a única forma de riqueza.<ref>DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.</ref>  
 
Pierre Deyon apresenta o mercantilismo como ''o conjunto das teorias e das práticas de intervenção econômica que se desenvolveram na Europa moderna desde a metade do século XV'', destacando a variedade de definições disponíveis, como “nacionalismo autárquico” e “intervencionismo do Estado”, enquanto outros se prenderiam mais no bulionismo presente neste contexto histórico, a ideia de que o acúmulo de metais preciosos seria a única forma de riqueza.<ref>DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.</ref>  

Edição de 16h05min de 10 de abril de 2013

É um modelo teórico que procura dar conta de uma fase da história da política econômica. Alguns autores falam do “conjunto de teórias econômicas e políticas” que dominou a Europa Moderna.[1]

A primeira referência clara ao “sistema mercantil” surge no final do século XVIII (e não ao longo da época moderna) na pena de Adam Smith[2], que via neste sistema um modelo equivocado de economia. Neste sentido, o conceito de mercantilismo surge através da crítica daqueles que se pretendiam seus adversários, já que nunca foi formulado como uma teoria ou disciplina.[3]

Uma definição clara sobre este modelo ou conjunto de teorias não é ponto comum entre os historiadores. Heckscher[4],um dos principais responsáveis pela introdução do conceito no debate acadêmico, ressalta alguns aspectos que caracterizariam o mercantilismo: o caráter de sistema de unificação, já salientado por Gustav Schmoller, que ilumina a forma como as políticas econômicas ditas mercantilistas teriam integrado regiões antes fragmentadas por práticas muito diversas; o caráter político, de sistema de poder, anteriormente apontado por William Cunningham, que dá destaque à participação dos Estados e monarquias no controle das atividades econômicas “to regulate all commerce and industry” e, também baseado em Cunningham e Schmoller, a natureza protecionista e monetária do mercantilismo, já antes apontada por Smith.

Pierre Deyon apresenta o mercantilismo como o conjunto das teorias e das práticas de intervenção econômica que se desenvolveram na Europa moderna desde a metade do século XV, destacando a variedade de definições disponíveis, como “nacionalismo autárquico” e “intervencionismo do Estado”, enquanto outros se prenderiam mais no bulionismo presente neste contexto histórico, a ideia de que o acúmulo de metais preciosos seria a única forma de riqueza.[5]

Segundo Falcon, há autores que entendem mercantilismo como um sistema econômico, que estaria alocado entre o feudalismo e o capitalismo. Adepto da definição de Maurice Dobb, para o qual o mercantilismo foi essencialmente a política econômica de uma era de acumulação primitiva, Falcon conceitua este fenômeno como o conjunto de ideias e práticas econômicas que caracterizam a história econômica européia e, principalmente, a política econômica dos Estados modernos europeus durante o período situado entre os séculos XV/XVI e XVIII.[6]

Trata-se, enfim, de um termo que demanda adjetivação ou, ao menos, uma clara explicação sobre seu uso.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Tiago Gil
Como citar: GIL, Tiago. "Mercantilismo". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Mercantilismo. Data de acesso: 3 de maio de 2024.


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