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Vrubû (morro com casa)

De Atlas Digital da América Lusa

Vrubû (morro com casa)

Geometria

Coleção Levy Pereira


Vrubû

Morro com casa na m.d. do 'Parapĩtinga ou Rio de S.Francifco' (Rio São Francisco) e a sudeste da 'Purupiĩ' (Lagoa Propiá).


Natureza: morro com casa.


Mapa: PRÆFECTURA DE CIRÎÎĬ, vel SEREGIPPE DEL REY cum Itâpuáma.


Capitania: CIRÎÎĬ.


Nomes históricos: Vrubû; Orambu; Orubú; Arabó.


Nome atual: Morro do Urubu; Urubu-de-baixo.

  • Morro, situado a sudeste da cidade de Propriá-SE, com cota máxima de 73 m. Destaca-se na região.
  • A cidade de Propriá-SE teve os nomes históricos de “Urubu de Baixo”, "Freguesia de Santo Antônio de Urubu de Baixo" e Vila de Propriá.
  • Na várzea entre o morro do Urubu e o Rio São Francisco ocorreu a batalha entre tropas neerlandesas e luso-brasileiras, em 27/12/1647, com derrota neerlandesa.

Citações:

(Anônimo, 1647), Diário ou breve discurso [Acerca da rebellião ...], Arnhem, 1647. TERCEIRA PARTE, janeiro de 1647, pg. 215-216, relatando a batalha entre forças neerlandesas e luso-brasileiras, próximo a um curral a 6 léguas do Forte Maurício, e do outro lado do Rio São Francisco:

"Chegou do rio de S. Francisco um barco, trazendo-nos a seguinte triste noticia extrahida de uma carta escripta naquelle forte a 30 de Dezembro ultimo. « A 27 de Dezembro sahiram d'aqui cinco companhias de brancos e uma de indios para irem ter a um curral de gado, que fica a seis legoas deste logar. Commandava a tropa o capitão Lambert, aliás La Montangie; conduziam a vanguarda os capitães Kiliam e Gysselingh, que por duas vezes já tinham afugentado o inimigo, matando e apprehendendo a muitos delle. La Montangie, em vez de secundar, como devia, os ditos capitães, tomou um outro caminho, atravessando o rio, e quando se achava no outro lado, foi cercado por deante e por detraz, de modo que não podia retirar-se. Os tapuyas deram sobre os nossos, que fugiam largando as armas, e assim a maior parte chegou ao forte sem armas, e até sem espadas; o coronel Hinderson os quiz castigar pela covardia de abandonarem tão vergonhosamente os seus officiaes, mas foram perdoados por intercessão dos principaes officiaes e em attenção a serem moços. Os alferes La Fleur, Cornelis van der Voorde e Thomaz Rames salvaram a sua honra, e, como bravos militares, recolheram-se com uma porção dos nossos. Esta derrota é lançada á conta do commandante La Montangie que a occasionou em razão da má ordem que deu. O maior mal, que soffreram os nossos soldados, foi feito pelos Tapuyas, que matavam os fugitivos. Pela maior parte morreram os officiaes das cinco companhias, a saber:

Mortos: os capitães Killiam Snyder, Gerrit Schut, Koin, La Montangie; os tenentes Jeronymus Helleman, Bailjaert de Flessinga, Cornaus de Haya e o alferes Middelburgh de Swol.

Foi preso o capitão Gysselingh.

Dos soldados perdemos os seguintes, cuja falta se verificou na revista: da companhia do capitão Schut, 19; de Koin, 34; de Killiam, 14; de Gysselingh, 22; de La Montangie, 14; indios brazilienses, 2; officiaes, 9; ao todo, 114 homens Jan Jansz. van Yssendyck, tenente de Gysselingh, e Adriaen Mebus, alferes do capitão Schut, largaram em caminho as armas; e por isso a 29 de Dezembro as armas lhes foram quebradas aos pés, e elles condemnados, como desleaes, a voltar para Hollanda. Temos seguramente 1.300 homens, mas não ousamos afastar-nos d'aqui meio hora de viagem, porque o inimigo anda em grande numero por estes arredores. A perda de officiaes e soldados tão bravos causou aqui não pequena perturbação. Seja Deus servido virem nosso auxilio. Trabalha-se diligentemente no forte.».


(Nieuhof, 1682), pg. 309-310, relatando a batalha entre tropas neerlandesas e luso-brasileiras, travada em 27/12/1646, na área do 'Orambu':

"No dia 5 do mesmo mês (*), o Conselho recebeu outra carta do Rio São Francisco que dizia: como a nossa gente dali tinha enviado uma tropa de 5 companhias de brasileiros para Orambu, para atacar uma tropa inimiga, que ali estava acampada; dizia também que logo à chegada dos nossos, apareceu uma tropa inimiga de cerca de 100 cabeças, a qual foi atacada pelo nossos e fugiu. Mas perto desse lugar, o inimigo tinha um acampamento com algumas centenas de homens, que atacaram os nossos e fizeram com que recuassem, deixando para trás cerca de 150 homens, cinco capitães, três tenentes e alguns outros oficiais, dos quais morreu um capitão. Os capitães prisioneiros eram Samuel Lambert, La Montagne, Gerrit Schut, Kiliaen Snijder, Daniel Koin; o tenente Joost Koyman, Antony Baliart, Jeronimus Hellemans, com um porta-bandeira.".

  • (*) janeiro do ano de 1647.


(Câmara Cascudo, 1956), pg. 148:

"A seguir, há o Urubu, com sinal de dois currais, casa de morada e árvores de fruto, sendo o Urubu-de-baixo. Puripiá e, após exame atento, o Propriá, nos arredores do qual estava o Urubu. ".


►José de Almeida Bispo, e-mail de 02/fev/2014, informa:

"Sobre a denominação SERTÃO DE BAIXO:

[CARTA do Arcebispo da Bahia, informando Diogo de Mendonça Côrte Real, acerca das chrismas ministradas no sertão. Bahia, 9 de dezembro de 1753.

Tem annexa uma relação dos logares e do numero de chrismas em cada um d'elles, feita pelo P.e Antonio de Oliveira.

«...Cincoenta e tantos annos ha que o Reverendo Arcebispo D. João Franco de Oliveira visitou o sertão de baixo de que hé cabeça a Cidade de Sergipe del Rey,(...)” IN Inventário dos documentos relativos ao Brasil existentes no Archivo de Marinha e ultramar Bahia, 1613-1762. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume 31, p.62. Rio de Janeiro, 1909].

SOBRE SANTO ANTÔNIO DO URUBU DE BAIXO:

[-"MAPPA de todas as Freguezias, que pertencem ao Arcebispado da Bahia e sugeitos os seus habitantes no temporal ao governo da mesma Bahia, com a distincção das Comarcas e villas a que pertencem, com o número de fogos e almas, para se saber a gente que se póde tirar de cada uma dellas para o serviço de S. M., sem oppressão dos povos. Bahia, 9 de janeiro de 1775. (Annexo ao n. 8745). 8750.

VILLA NOVA REAL. Santo Antonio, f. 126, a. 1013. - Santo Antonio do Urubú de baixo, f. 138, a. 1018. - Estas 2 freguezias tem 264 fogos com 2.031 almas. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume 32, p.289. Rio, 1910.

-PLANTA da Freguezia de Santo Antônio do Orubú de Baixo do Rio de São Francisco. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume 31, p.221. Rio, 1909.

-CARTA patente pela qual o Governador D. Fernando José de Portugal nomeou Braz Ferreira da Costa capitão da companhia do Orubú da Barra do Propiá do Terço das Ordenanças da Vila de Santo Antonio Real d'Elrei do Rio de São Francisco, posto que vagara por fallecimento de Manuel Felix Pereira. Bahia, 7 de dezembro de 1792. (Annexa ao n. 16.237). (16.238) Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume 33, p.362. Rio, 1912.].

Parapiá é uma interpretação minha conforme a nomenclatura indígena “parâ”, cf. Anchieta, citado por você, para toda área de natureza alagada, e levando em conta sua difícil pronúncia, quase gutural, e grafada como Purupii por Marcgraf em lagoa junto ao Urubu. Lagoa, de fato, temporária, formada pela invasão das cheias do São Francisco no atual rio Propriá, rio acima. Logo, no mapa, está como Purupiî. De qualquer modo, Propriá é, sim, a velha Urubu do Sertão de Baixo.

SOBRE A NOMENCLATURA DE SERTÃO DE BAIXO:

A literatura quinhentista, rara, mas de inegável valor, especialmente a tecida pelos jesuítas, refere-se aos altos sertões além do Recôncavo como Sertões de Arabó, logo, pronúncia bem próxima do “arubu” matuto, ainda comum nos sertões nordestinos. Até a invasão de Sergipe, em 1590, a região era – e continuou a ser por muito tempo – os Sertões Baixo, enquanto a parte da capitania a oeste, logo engolida pela da Bahia, ficou como Sertão de Cima. Na segunda metade do século XVIII haviam duas paróquias, depois vilas, do Sertão de Arabó, ou, Urubu: a dos Sertão do Urubu de baixo, hoje Propriá; e a do Sertão do Urubu de Cima, hoje [vila desaparecida]*, no município de Paramirim, margem direita do São Francisco, altos sertões baianos.".

  • (*) Fernando Donato Vasconcelos, e-mail de 3/11/2015, observou que a Vila do Sertão do Urubu de Cima não é vila desaparecida, e sim a atual cidade de Paratinga, situada na m.d. do Rio São Francisco, entre as cidades de Bom Jesus da Lapa e Ibotirama, no Estado da Bahia, embasado no artigo de ESDRAS ARRAES (Rio dos currais: paisagem material e rede urbana do rio São Francisco nas capitanias da Bahia e Pernambuco. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v.21. n.2. - dez. 2013, p. 68, Nota 105, e p. 70). Esse acerto foi considerado correto por José de Almeida Bispo, e-mail de 12/11/2015, e essa informação inserida neste verbete nesta data.


Benjamin N. Teensma, carta de 17/03/2015, confirmando que o local da batalha de 27/12/1646, citada acima, ocorreu no 'Urubu':

"O nome do lugar rio acima onde ocorreu a refrega de dezembro de 1646, chama-se URUBU. O incidente é narrado extensamente numa dessas cartas de Henderson." (*).

  • (*) Henderson, ou Hinderson, Coronel comandante das tropas neerlandesas no Forte Maurício, entre setembro de 1646 e março de 1647.






Citação deste verbete
Autor do verbete: Levy Pereira
Como citar: PEREIRA, Levy. "Vrubû (morro com casa)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Vrub%C3%BB_(morro_com_casa). Data de acesso: 26 de abril de 2024.


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