Aos 38 anos, Bertha finalmente tem a satisfação de fazer o seu registro eleitoral. E mais: vota nos pleitos de 3 de maio de 1933 e em 14 de outubro de 1934.
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Antes de Bertha voltar da França em 1918 e iniciar a articulação de seu grupo feminista, a professora Leolinda Daltro era a referência dos cariocas quando o assunto eram manifestações femininas. Ora tratada com gentileza, ora tratada com escárnio pela imprensa, Leolinda polarizava opiniões.
Nesta nota, o jornal Gazeta de Notícias registra a tentativa de Leolinda, e de colaboradoras, de entregar ao Presidente da República um manifesto em favor da entrada do Brasil na guerra. Assim como tantos associavam o direito ao sufrágio à defesa da pátria, Leolinda defendia as duas causas: que as mulheres deviam votar e que podiam colaborar com o esforço de defesa. Exemplo disso era o treinamento de tiro que ela promovia às suas alunas e a quem mais o desejasse. Fazia isso há bastante tempo já, desde que sua amiga, Orsina da Fonseca, mulher do Presidente Hermes da Fonseca, a apoiara.
Como estratégia política, Bertha Lutz ocupava os espaços na imprensa para construir o consenso em torno das teses feministas que ela defendia. Neste artigo publicado na “Revista da Semana”, em 1919, Lutz compara o feminismo brasileiro ao do exterior. Ela menciona o episódio do concurso ao cargo de diplomata, em que a primeira colocada, Maria José Souza, por pouco não toma possa. Foi preciso a intervenção de Rui Barbosa em defesa da concursada.
Outro aspecto digno de nota é a insistência de Bertha em se manter distante das “sufragettes”, ou seja, as ativistas em defesa do voto feminino que ocupavam as ruas em manifestações e, se fosse preciso, entravam em confronto com as forças de repressão. Isso ela não fazia! Seu sufragismo era de salão. Funcionou…
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O diplomata e jurista Joaquim Francisco de Assis Brasil foi um resistente adversário do voto feminino. Ainda em 1891, fez publicar em Buenos Aires este pequeno livro em que critica a ideia da extensão do voto às mulheres. Com a ascensão de Vargas ao poder, Assis Brasil publicou a obra “Democracia representativa: do voto e do modo de votar” em 1931, onde expõe suas ideias sobre o sistema representativo e reafirma sua rejeição ao voto feminino. Nomeado para a comissão responsável por redigir o código eleitoral, juntamente com Bertha Lutz, Assis Brasil mostrou-se um adversário difícil. Ao fim, a tese do voto feminino prevaleceu no código editado em fevereiro de 1932 o que permitiu às mulheres votar pela primeira vez. Para tanto, as feministas da Federação neutralizaram as resistências de homens influentes como Assis Brasil mantendo diálogo com o próprio Vargas.
Clique abaixo para ler o livro “Democracia Representativa”, de 1891:
1 – democracia_representativa
Origem: Biblioteca Pedro Aleixo; Obras Raras da biblioteca da Câmara dos Deputados.
Com a proximidade das eleições, as feministas da FBPF produziram uma cartilha a ser distribuída entre participantes do curso de Orologi Di Lusso Repliche Perfette consciência política que a entidade ofereceu em outubro de 1932. Vale a pena conferir como elas pensavam o espaço público.
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A fim de persuadir autoridades e parlamentares de suas ideias as feministas agiam de várias formas. Enviavam-lhes cartas, telegramas, apresentavam-lhes projetos e manifestos. Esta imagem revela que os bastidores das conversas entre as feministas e os parlamentares da Assembléia Constituinte também aconteceram de forma amena, como neste chá oferecido à bancada baiana, liderada pelo banqueiro Clemente Mariani. Estrategicamente, Bertha Lutz senta-se ao lado de Mariani para melhor trocar ideias com ele.
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