Bancos de dados: um breve histórico do seu uso por historiadores

De Cliomatica - Digital History
Tempo estimado de leitura deste artigo 9 minutos - por Tiago Gil


PORTAL DE BANCOS DE DADOS

Bancos de dados e sua potencial utilidade na pesquisa em história (texto que apresenta o quanto de teoria e metodologia há por trás das aparentes decisões técnicas de quem cria o banco de dados)

Bancos de dados: um breve histórico do seu uso por historiadores (verbete sobre diversos historiadores que usaram bancos de dados em suas pesquisas, demonstrando algumas dos problemas enfrentados por eles)

Estrutura de dados e Modelos conceituais, lógicos e físicos (Artigos de caráter técnico que apresentam o vocabulário básico de criação de bancos de dados)

Aspectos visuais (Algumas notas sobre como bases visualmente claras podem ser úteis, além de dicas sobre como criar bases visualmente boas)

Bases centradas na fonte (Texto sobre bases de dados criadas com base em uma fonte histórica, como Registros de Batismos, cartas ou Inventários Post-Mortem)

Bases centradas no método (Texto sobre bases de dados criadas com base em um método ou problema de pesquisa, como aquelas focadas em indivíduos, famílias, redes, etc)

Fazer bases de dados em história tem sua própria história. E ela não é pequena. Vamos apresentar um levantamento seletivo de experiências com esta perspectiva. Ele não apresenta todas as experiências com bases, que foram centenas no campo da história, mas traz algumas que podem ajudar a pensar problemas crônicos deste tipo de abordagem. Muitas das questões que nos colocamos hoje já foram muito discutidas antes, por grandes nomes da historiografia. Vamos conhecer suas experiências e aproveitar a viagem para apresentar alguns problemas importantes no desenvolvimento das bases de dados.[1]

Talvez uma das primeiras experiências de relação entre história e informática seja o projeto do Padre Roberto Busa, ainda nos anos 1940, que iniciou um banco de dados da obra de São Tomás de Aquino, o Index Thomisticus.

Durante os anos 1960 e 1980, houve amplo debate entre historiadores sobre o uso dos computadores, então máquinas enormes e assustadoras, que rodavam cartões perfurados, na pesquisa em história. O primeiro manual foi escrito por Edward Shorter, The historian and the Computer. A practical guide[2], mas o debate já vinha de muito antes, como prova o livro L’histoire sociale: sources et méthodes, publicado em 1967 na França, com destaque para o capítulo Machines et programmes. Quelques vues sur l’utilisation des machines à traiter l’information en histoire sociale, de Robert Faure.[3]

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Ainda nos anos 1970, foi criado um boletim de notícias sobre projetos de história medieval relacionados com a informática, o Computers and Medieval Data Processing: Informatique Et Etudes Medievales, que durou até meados dos anos 1980.[4] Não pretendemos alongar demais este artigo, mas seria impossível não fazer referência aos trabalhos de três historiadores: Alan Macfarlane, Manfred Thaller e Jean-Pierre Dedieu. Macfarlane foi responsável pelo projeto Reconstructing historical Communities, que usava um complexo sistema de tags para orientar a análise de textos visando a produção de séries, dentro de uma perspectiva demográfica.[5] Thaller foi o criador do Kleio (Clio), um software usado com finalidade semelhante: para organizar registros paroquiais e cartoriais.[6] Por fim, mais recente, as pesquisas de Jean-Pierre Dedieu permitiram a criação da base de dados Fichoz, feita para história política, mas com grandes inovações em termos de análise e coleta de dados.[7]


Referências

  1. GIL, Tiago. "Our own in-house’ software: una historia de historiadores programadores” IN: BRESCIANO, Juan Andrés & GIL, Tiago. “Historiografía, giro digital y globalización. Reflexiones teóricas y prácticas investigativas” de Juan Andrés Bresciano. Montevideo, 2015
  2. SHORTER, Edward, The historian and the Computer. A practical guide, New Jersey: Prentice-Hall, 1971
  3. FAURE, Robert, Machines et programmes. Quelques vues sur l’utilisation des machines à traiter l’information en histoire sociale, in: L’histoire sociale: sources et méthodes, Paris: Presses Universitaires de France, 1967.
  4. UNIVERSITÉ DE MONTRÉAL INSTITUT D’ÉTUDES MÉDIÉVALES, Computers and Medieval Data Processing: Informatique Et Etudes Medievales, [s.l.]: Université de Montreal, Institut d’études medievales, 1971
  5. MACFARLANE, Alan, Reconstructing historical Communities, Cambridge: Cambridge University Press, 1977
  6. THALLER, Manfred. Methods and techniques of historical computation. In: DENLEY, Peter; HOPKIN, Deian (Orgs.). History and Computing. Manchester: Manchester University Press, 1987
  7. DEDIEU, Jean Pierre. Les grandes bases de données: une nouvelle approche de l’histoire sociale. Le système Fichoz. Revista da Facultade de Letras- História, v. 05, 2004



Citação deste verbete
Como citar: GIL, Tiago. "Bancos de dados: um breve histórico do seu uso por historiadores". In: CLIOMATICA - Portal de História Digital e Pesquisa. Disponível em: http://lhs.unb.br/cliomatica/index.php/Bancos_de_dados:_um_breve_hist%C3%B3rico_do_seu_uso_por_historiadores. Data de acesso: 16 de junho de 2024.






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